quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crônicas Desclassificadas: 21) Música não é futebol

Um brilhante e querido parceiro em certa ocasião, em tom de desabafo, perguntou-me se íamos passar em brancas nuvens, ao que eu, sempre esperançoso e positivo, sem lhe dar tempo pra retrucar, respondi que música não é futebol. Se fôssemos aspirantes a craques da pelota, com nossas razoáveis décadas de semianonimato, poderíamos ser considerados velhos; porém, no ramo da música, estamos na flor da idade. Eu mesmo, às vésperas de me tornar um quarentão, sinto-me melhor que nunca, no auge de minha criação, afiado, crítico, sensível, vaidosamente humilde (ou seria humildemente vaidoso?), sem soberba, sem exageros... No ponto (e ao ponto?). Contudo, no entanto, não obstante, porém, todavia e blablablá, temos a mania de futebolizar a música, o que me parece... Não, não me parece... É, é um crime! A tendência atual é de que cheguemos a viver... sei lá, 90 anos? Assim, um camarada com 40 não viveu nem metade de sua vida. E, em se tratando de criação, então, é um menino! Falo de música porque é minha área, mas o que digo se aplica a todas as profissões.
A verdade é que o mercado de trabalho se borra de medo do profissional de 40, pois ele, além de ser mais caro, é menos pau-mandado, já adquiriu experiência suficiente pra dizer "não" quando preciso, retrucar, debater, discordar. Ao passo que um garoto de 20, por quaisquer dez merréis diz amém. Por isso é mais cômodo humilhar (ou mesmo ignorar) o tal profissional. Mas, voltando ao assunto música, quero deixar claro aqui meu medo desse elogio à juventude. Se no futebol já é perigoso, na música, então, repito, é criminoso! O que motivou meu texto foi a matéria que li ontem na Ilustrada, da Folha de São Paulo, escrita pelo sr. Marcus Preto, tratando da "MPB de 2011", na qual ele levanta a bola de uma galerinha de 20 e poucos anos. Ok, ok, o cara é contratado de um grande meio de comunicação que é movido por interesses maiore$, além do mais, fora um ou outro lapso gramatical, o texto está bem escrito, mas, convenhamos, estão tentando passar uma borracha na geração anterior à desses meninos.

Antes de mais nada, quero deixar claro que não tenho absolutamente nada contra Gadú, Black, 5 a Seco & cia. ltda., acho todos muito talentosos e espero que tenham um maravilhoso futuro pela frente (e, se quiserem musicar alguma letra minha, tamos aí!); meu texto não os quer espinafrar em absoluto. Ponto. Só acho uma tremenda covardia que a imprensa arrote Gadú pra lá, Black pra cá, Mallu pra acolá e ignore gente que vem fazendo um som de responsa (pra dizer o mínimo) desde quando os supracitados chupavam chupeta. Certo, há espaço pra todos (ou deveria haver), mas, se falamos do Viáfora Jr., por que não falarmos do Viáfora Pai? Se falamos do Alterio Jr., por que não falarmos do Alterio Pai? Daqui a pouco poderá parecer que a maior qualidade dos dois pais acima é simplesmente a de serem progenitores dos talentosos rapazes.

E, continuando o jogo dos nomes, por que não falarmos de Élio Camalle, Kléber Albuquerque, Adolar Marin, Daisy Cordeiro, Sonekka, Clarisse Grova, Vlado Lima, Ricardo Soares e tantos outros quarentões (e, por que não?, cinquentões?) enxutos que andam arrebentando por aí, compondo pra cacete, obras maduras e inatacáveis que correm o risco de permanecer à margem por falta de, como diria Lobão, paudurecência midiática? Não quero fazer deste texto uma guerra geracional ou um discurso panfletário. Não, não e não! Apenas, como representante da classe (dos quarentões), quero alertar sobre a existência desses outros artistas, bravos, que, sem nenhum meio de comunicação que fale por eles, seguem fazendo seu som, muitos destes sendo mesmo referência praqueles que aparecem na mídia. E os nomes que citei acima são detentores de uma obra que não faria feio perto da de nenhum medalhão da MPB, ou do pop, ou do roquenrol... Só pra efeito ilustrativo, escolham qualquer um desses nomes e façam uma busca na Folha, no Estado ou em qualquer outro desses considerados grandes jornais e vejam se o resultado não é lamentável... 

O silêncio em torno dos de minha geração causa um desconforto tão grande que chega a prejudicar nossa autocrítica. Vejo muitos dos meus chamarem essa garotada de gênios em detrimento da própria obra. Calma lá! É preciso muito arroz com feijão pra se fazer um gênio; anos de ralação; comer farinha com torresmo tomando cachaça barata pra ajudar a engolir; levar uma meia dúzia de pés-na-bunda; ser achincalhado; ficar com a conta no vermelho em pleno Natal; perder o emprego, o amigo, a mina, a autoestima, a dignidade de comer, morar e vestir bem... E se reconstruir e transformar tudo isso em arte. Contra tudo e contra todos (e todas as Folhas e demais papéis descartáveis). Tá, tá, antes que alguém atire a primeira pedra, sei que compor não é uma formulinha e não há necessariamente que se passar por todas as situações acima pra se fazer música visceral. Mas ajuda. É fácil distinguir a canção de carne da de plástico.

Acontece que, nesses nebulosos tempos em que ninguém sabe o dia de amanhã, o mercado diz que é bom negócio investir em imóveis e juventude. São duas tendências em plena valorização. Ao contrário do dólar e dos quarentões. Tem muito artista consagrado aí investindo nisso (e não me refiro a imóveis). Contudo, há que se tomar cuidado pra que não formemos uma geração nazi-dorian-gray. Dia desses recebi um e-mail com um link pra um vídeo no youtube de um rapaz que não quero nominar que, classificado no tal do Prêmio Musique do Estadão, incitava, num tom messiânico, seu pretenso público a votar nele ad infinitum contra esses "malucos velhos de 40, 50, 60 anos". E o Hitlerzinho é carioca! Já imagino Cartola e Nelson Cavaquinho se remexendo no túmulo.

Pra terminar, faz-se necessário que eu acrescente que não quero satanizar o sr. Marcus Preto. É importante que haja tipos como ele, antenados com o que se produz de novo. Mas igualmente é importante que também existam nesses meios de comunicação tipos que sintonizem outros canais, que estejam atentos não somente ao que vem por aí, mas ao que já está. Acho pueril essa eterna procura pelo novo que cega os olhos pro que já existe. Música não é futebol! E, nesse campo chamado palco, a experiência dos craques quarentões faz a diferença, suas pernas não bambeiam, seus pulmões aguentam os noventa minutos tranquilamente sem que os batimentos cardíacos os ponham em risco, e, fora as jogadas de efeito, os gols, sim, costumam ser de placa!

27 comentários:

  1. Caro Léo:

    Gostei. Gostei muito. Quem conhece os artistas que vc citou certamente concorda com tudo o que vc diz.

    Sugiro, inclusive, que vc mande para o jornalista da Folha. Não em tom de puxar as orelhas, mas sim para colaborar. Quem sabe a Folha e outros jornais revistas não passem a fazer reportagens com esses caras talentosos que vc citou e os outros que vc se esqueceu de citar: Tito Pinheiro, Wilson Rocha, Roney Giah (esse é meio jovem), Nando Távora e outros que vc conhece bem mais do que eu.

    Grande abraço

    Paulinho das Frases

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  2. Salve, Paulinho!

    Cara, não é uma má ideia a sua. Vou pensar a respeito. Só um detalhe: não me "esqueci" de citar, apenas elegi alguns nomes entre tantos. No mais, quem estiver a fim de conhecer mais sobre esses e outros, sempre pode visitar os textos do "Ninguém me Conhece".

    Abração do
    Léo.

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  3. É, mas dê um espacinho para os teens como eu, também! Abs;

    Álvaro

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  4. LEo, a impressão que me dá é que agitam uma geração sim, uma geração não, uma sim , uma não...
    Porque não contam que da gente que ralava enquanto
    eles enchiam os cofres com a jabazeada decada de 80 e 90?
    Os jornalistas do release no colinho nunca vão falar da nossa geração porque nunca falam de autores, falam de artistas. Autores não interessa a ninguém

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  5. e tem mais! Que lê jornal?
    rsrsrsrsrsrs
    que falhem todos...rsrsrs

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  6. Mano Álvaro, se você já compõe assim tão novo, fico me perguntando o que não fará quando atingir a maioridade. Hehe!

    Sonk, o que percebo é que meios que antes formavam tendências vêm perdendo a força e agora procuram se aproveitar de possíveis tendências. O que você falou é fato: cada vez menos gente lê jornal. Assim, o espaço físico de uma matéria fica cada vez mais precioso pra ser gasto com pessoas que "não darão retorno". Por essas e outras nomes como Mauro Dias e Pedro Alexandre Sanches estão fora dos jornais. Mas a música continua a existir, sem dar trela pra isso. Exemplo maior é a que faz o cada vez mais jovem Affonso Moraes.

    Abração do
    Léo.

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  7. Oi meu amor! Cê sabe que eu te amo de montão, mas vc não acha que esse desabafo, está muito duro em relação à matéria? Por acaso, foi a materia de 07/09, falando sobre novos artistas que beberam na fonte dos artistas dos anos 90? Eu achei a matéria muito boa e real. Nós conhecemos uma parte dessa galera e sabemos o caminho que eles percorreram pra que pudessem expor seu som e suas idéias. Falar de 5 a seco, Dani, Gadu, é bom demais, pelo menos não estão falando de tanta gente fake que anda por aí. No caso do 5 à seco, ainda, vc bem sabe que na época da Trupe, eles cansaram de convidar, Camalle, Kleber, Vicente Barreto, Daniel Gonzaga e até eu mesma. É bom saber que tem uma parte da gente no som deles. Eu fico muito feliz. Certo é que o mercado hoje anda muito veloz e descartável. Mas, como você mesmo diz, estamos mais velhos e mais caros, portanto, não fazemos quantidades, fazemos qualidades que sempre recebem o feedback de tanta gente que virou fã ao longo do nosso caminho. E até hoje, eu tenho feito pequenos fãs por aí e fico demais de feliz! Você tem uma fã ardorosa aqui. Vc sabe que é o meu parceiro mais constante. Dane-se páginas de jornal. Vamos continuar fazendo o que a gente melhor sabe fazer. ARTE! beijos e te amo! Daisy Cordeiro

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  8. Daisoca querida do meu coração:

    Quero que você entenda que não fiz uma crítica à matéria. Até a elogiei. Minha crítica é direcionada a essa tendência, como diz o título, de futebolizar a música, abrindo sempre espaço APENAS aos novos. Em nenhum momento critiquei os garotos. Não gosto de criticar pessoas (não em público... hehe!), critico ideias, conceitos, vertentes. E quando digo criticar nem sempre quero dizer crítica negativa.

    Espero do fundo do coração que este texto sirva pelo menos pra que os olhares se dirijam também a outras direções que não as da novidade. Colo o que escrevi a uma amiga do fb:

    "Acho a discussão a respeito extremamente saudável. Sobretudo porque não ofendi ninguém, muito pelo contrário, apenas lancei luz sobre uma verdade que todos temem enxergar."

    Beijos cheios de saudade do seu
    Léo.

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  9. lindo! tô aqui em casa nessa última semana dando uma varredura no pó e deixando a casa mais clara. Assim que estiver tudo pronto, vamos armar um "trem" por aqui. Olha, não consegui votar no seu blog,porque eu odeio ter de colocar meu CPF em fichas de internet, ok? até tentei. Vc sabe que tem meu voto vitalício! beijos. Daisy Cordeiro

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  10. Daisoca, "clareia" aí, depois cê me chama. Hahaha!!!

    Quanto à votação, tranquilis, acho que nem eu votei em mim. Hehe! Só me inscrevi por insistência do Paulinho das Frases.

    Beijos do
    Léo.

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  11. Estou de acordo, Léo! Um ponto em que a música está parecendo o futebol, a meu ver, é o seguinte: mal o cara começa a chutar pro gol, já começam a chamá-lo de gênio, fenômeno e outros exageros afins. O que não faz bem pra quem rotula, nem pra quem é rotulado. Já vi esse filme com muitos jogadores de futebol e artistas...
    Beijão!

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  12. Esse é o ponto, Danny! Há que se deixar o jovem artista respirar, criar, dar suas cabeçadas, cometer seus erros e acertos, pois só depois, com o tempo e constância do trabalho, saberemos a que veio. Sem pôr o carro na frente dos bois.

    Beijos do
    Léo.

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  13. Leo,
    Eu gostei muito do seu texto e tb entendi perfeitamente o que a Daisy querida falou.
    Temperando as coisas, eu acho super importante falarmos da nossa geração como vc falou, sem desmerecer de forma alguma as demais, do jeito que vc fez. Eu tb, como vc, sinto falta de ler, ouvir, saber das impressões que causamos por ai. Li um texto semelhante a esse do Marcus Preto, que foi publicado aqui no O Globo, por um jornalista que adoro e que tb falava dessa mesma geração do Preto. Na hora que li, senti muita vontade de escrever sobre nós, de falar por nós, mas não tenho a sua competencia e acabei escrevendo um texto sobre dois artistas que admiro, onde falei um pouco tb sobre a nossa geração, vou te mandar.
    Concordo plenamente com a ideia de que o mundo precisa acordar e perceber que a longevidade está cada vez maior, que pessoas de 40, 50, 60 estão no auge de sua criação e capacidade só que com mais bagagem e conteudo, da mesma forma acho que nós, artistas, precisamos mudar um pouco o discurso em relação ao que é midia, sucesso, realização, independencia e industria. O que é a "midia" afinal? Não podemos criar a nossa propria midia? Tenho certeza que sim!
    Acho que ainda há muito a se falar e a se compreender sobre a música e a arte "independente" e acho sinceramente que vc pode ser um excelente porta-voz e ir muito além com o seu blog, com os seus textos. Acho tb que devemos trocar mais ideias, nós, eu e vc, nossos amigos, nossa geração :-)
    Um beijo grande com a maior admiração!
    Mari

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  14. Queridissíssma Marianna!!!

    Sempre tão bom te ler! Além de te admirar como cantora, tenho o maior prazer em ler seus argumentos, sempre tão sensatos e inteligentes. Acho que devemos, sim, trocar ideias mais amiúde, os nossos. E concordo com você que "precisamos mudar um pouco o discurso em relação ao que é midia". Zé Rodrix já dizia que temos que ir até quem nos quer. O problema é que sou teimoso e não gosto de ser despejado da casa onde pago o aluguel em dia pra que ponham outro em meu lugar. Acho que você entendeu a metáfora, né?

    Sou favorável a que discutamos esses e tantos outros assuntos de nosso interesse. Deixo-lhe a palavra.

    Beijão do
    Léo.

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  15. Eu concordo com você, Léo. Mas acho que sempre foi assim na história da música brasileira. Quando a Bossa Nova surgiu, automaticamente jogaram "no lixo" toda a geração maravilhosa que os sucederam. E o mesmo aconteceu com a "turma da Bossa Nova" quando surgiu a geração dos festivais. E assim por diante...

    O que me incomoda é a "nova geração" ignorar solenemente a existência dos que estão aí, na luta junto com eles... Enfim, é a vida.

    abração,
    Denilson

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  16. Salve, Denílson!

    Rapá, a bossa nova foi um furor, assim como o Clube da Esquina e o rock nacional, cada qual com seu peso. Mas agora não tá acontecendo nada que se possa chamar de movimento. E, se há algum, este ainda é o caiubi.

    Quanto ao segundo ponto, concordo com você a respeito de eles ignorarem solenemente a existência dos que estão juntos com eles. Ainda mais quando são tratados como gênios, aí é que eles podem achar que não precisam dos outros. Novamente usando o futebol, pergunto: o que é do centroavante goleador sem o meia pra pô-lo na cara do gol?

    Abração do
    Léo.

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  17. Pra mim isso é inveja. me desculpe a sinceridade.Muita gente dessa mesma geraçao é reconhecida sim! se particularmente voce,e o seu grupo de amigos não são, aí é outra coisa.Se a nova geraçao tem seu espaço,é porque merece.

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  18. Grato pela visita, Papai Noel!

    (acho engraçado como esses caras sempre são anônimos...)

    Um abraço do
    Léo.

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  19. po, leozão!
    a Folha é um jornal diário... tem todo dia. Quando nego vem dos estados unidos fazer show de blues em são paulo e sai na capa do jornal, você não fala nada. Agora, quando o cara põe uma matéria na quarta-feira falando da juventude (que está ralando pra caralho) vc acha ruim?
    Não sei o que pra vc significa ralar. Mas o 5 a seco já deve ter feito em 2 anos mais de 20 shows (e uns 150 ensaios). Em 90% deles, nós não ganhamos nenhum real. Mas botamos a cara pra bater e arriscamos ali, tentando arrancar aplausos das centenas de pessoas que ficam olhando desconfiadas pra nossa cara de muleque.
    Quando vi a minha foto na capa da Ilustrada, achei que foi uma recompensa merecida pra caralho. Uma pena ter te causado esse tipo de revolta.

    abração!
    Pedro Viáfora (ou Viáfora jr, rs)

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  20. Salve, salve, Pedro Viáfora!

    Que bom que meu texto chegou até você e o motivou a vir aqui dar sua opinião, assim não ficamos com nenhum mal-entendido. Deixe-me ver se me explico melhor: em primeiro lugar, não foi o texto em si que me causou revolta. Inclusive acho revolta uma palavra muito forte. Eu tenho o maior carinho e grande respeito pelo trabalho que vocês vêm realizando e não tenho nada, absolutamente nada, contra vocês. Muito pelo contrário, torço pra que tenham uma carreira de muitas realizações, pois isso é saudável pra história de nossa música. O que pretendi com meu texto foi jogar luzes sobre uma realidade que a mídia teima em não ver e da qual as pessoas em geral acabam nem tomando conhecimento, que é o sepultamento (midiático) em vida de toda uma geração. Como disse acima, é saudável que haja jornalistas antenados com a juventude, mas sinto falta de profissionais que tenham esse mesmo esmero na divulgação de tantas outras pessoas que estão aí ralando como vocês e desde muito antes de vocês. Por exemplo: tenho uma admiração imensa por seu pai e pelo trabalho dele, mas quem fala sobre ele? Uma obra como a dele merece muito mais do que o pouco ou quase nada que dela se fala. Da mesma forma os outros que citei acima, Rafael Alterio, Élio Camalle, Kléber Albuquerque etc. etc. Não se fala deles! E não venha me dizer que eles não ralam. Os caras têm uma discografia e estão aí, na ativa, vigorosos, criativos. Volto a dizer: não quero criar um conflito geracional; que falem de vocês, sim, é mais do que justo! Mas que falem também da geração anterior. Você, principalmente por ser filho de quem é, deveria ter lido meu texto com outros olhos, pois é um texto escrito com carinho e em nenhum momento desabona o que vocês vêm fazendo. Se puder, repasse esta mensagem aos seus. O que quis com meu texto foi justamente chamar todos ao debate e assim, quem sabe, dar um pouco mais de visibilidade aos meus.

    Um forte e pacífico abraço,
    Léo.

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  21. Leozão,

    Concordo que tenha que haver mais espaço para essa galera toda que você citou, sou fã do trabalho de todos, só que ninguém tá competindo. Pra essa galera sair no jornal, não precisa que a gente deixe de sair, é como eu falei: jornal tem todo dia. Acho que se vc realmente torce para que tenhamos uma carreira de muitas realizações, não deveria achar ruim quando a gente saísse no jornal, a ponto de te motivar a escrever e publicar esse texto.

    "uma galerinha de 20 e poucos anos", "cia. ltda.", "movido por interesses maiore$", eu também acho que é um pouco forte. Até por quê, tudo que a gente caminhou até agora foi com nossos próprios pés e com o próprio bolso (e com um canal no youtube). Ninguém até então se intere$$ou a ponto de garantir nosso trabalho.

    Agora, falando especificamente do Garga e do meu pai, eu posso te afirmar que vc tá tremendamente enganado. Meu pai já saiu na capa dos principais jornais do brasil inteiro, e continua saindo sempre que vem com um trabalho novo (tem uma pasta aqui com dezenas e dezenas desses materiais). O Garga teve matéria de uma página no Caderno 2 esses dias.
    Pô, a única vez que eu apareço na capa, dividindo o espaço com mais 8 pessoas da minha geração, vc vem falar que queria meu pai de novo??? sacanagem né?! rsrsrs

    O lance é que é super legal sair no jornal, vc lê a matéria, depois guarda de lembrança e vai dormir. No dia seguinte, o dia amanhece igualzinho. Ninguém te liga querendo marcar show ou te dar dinheiro e já tem outro felizardo estampando o jornal do dia.
    A gente saiu na capa e a única pessoa que eu vi comentar publicamente sobre isso foi você, com esse texto. Será que é tão bom assim sair no jornal?? seeei lá! rsrsr

    Outro forte e sempre pacífico abraço!
    Pedro

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  22. "Salve todo mundo que arrasa e tem a fama que merce!"

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  23. Beleza, Pedro!

    Gostei de ler seu argumento! Este espaço se propõe a ser democrático e respeita opiniões diversas, desde que com base (e com cara). Só faltou eu explicar uma coisa: quando usei o $ me referia a Gadús e Mallus, não a vocês. Na realidade o texto foi motivado por ver toda semana a Folha falar da nova geração pra lá, da nova geração pra cá, não foi especificamente por esta matéria. E continuo repetindo: acho que faltam críticos que se aventurem a escrever pra além do novo. Só isso.

    Sucesso pra você!

    Abração,
    Léo.

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  24. Olá, anônimos!

    Até agora eu vinha sendo educado com vocês e até respondia a uma ou outra agressão, mas a coisa está fugindo ao controle e resolvi, a partir de agora, apagar todos os comentários estúpidos escritos por quem não se identifica. Quer ofender, mostre a cara. Estamos combinados?

    Atenciosamente,
    Léo.

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  25. Olá a todos!

    Àqueles que não se cansam de vir aqui dizer, às escuras, bobagens, peço encarecidamente que, antes de mais algum desatino, leiam o texto "De Pedras e Vidraças":

    http://oxdopoema.blogspot.com/2011/10/cronicas-desclassificadas-23-de-pedras.html

    Abraços,
    Léo.

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  26. Léo, não duvido da energia, da competência da nova geração mas, creio, ter a mesma percepção que motivou este texto aqui.
    Em países orientais, creio que a Kana pode afirmar o que escrevo agora, a experiência de quem viveu mais é jóia rara. E, em nosso país, filhote de uma cultura de consumo, que em essência é imediatista, a prática é injusta para os mais experientes sim.
    Eu vejo, por exemplo, na televisão a Maria Gadu e, me pergunto: mas e o fulano e o beltano? Não questiono o talento e a energia da Gadu mas, o que incomoda-me é a certeza que temos artistas tão talentosos quanto ela, porém com um diferencial, que ela só terá com o passar dos anos, a experiência. E, a experiência, traz a beleza e a serenidade que tanto falta à nossa sabedoria social, nem direi espiritual. Talvez por ter 47 anos, mas o corpinho, eu garanto, é de 46 anos, eu ache a Gadu "legalzinha" e uma parceria como a do Sonekka com o Spina profunda. O que os mais jovens não perceberam ainda é que os conflitos mudam de forma, pois a época muda, mas em essência, permanecem os mesmos. Só compreendi melhor o meu pai, somente depois de estar no mesmo lugar que ele esteve. Por isso, entendo a posição do Pedro Viáfora que, em minha opinião, não entendeu o alcance do seu texto. Faltou à ele a experiência necessária para digerir as suas palavras, construídas pelo somatório de tempo que ele ainda não tem neste planeta. Ah, e sobre futebol: sempre incomodou-me o fato da imprensa fazer enormes elogios à um jogador que teve uma boa atuação em uma só partida. Chama-o de craque e tudo o mais. Ao meu ver, o craque se faz através de treinamento e adquirindo a experiência de jogos nacionais e internacionais. Aí, se ele continuar com o mesmo nível de atuação, é um craque. Quantos jovens talentosos a mídia já estragou por elogios precoces..

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    1. Claudião, este malfadado texto voltou a ficar em evidência entre os mais lidos de meu blog (sabe-se lá por quê) e só então reparei que não havia respondido a seu comentário. Tinha certeza de que já o havia feito. Bem, embora tardiamente, passei por aqui só pra dizer que estou plenamente de acordo.

      Abração do
      Léo.

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