quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Joaquín Sabina en Portugués: 10) Clarisse Grova e a versão de "Noches de boda"

Em meu texto anterior, escrito às vésperas do Natal, tratei de suicídio. Algumas pessoas mais sensíveis podem ter se sentido chocadas ou achado de mau gosto numa época tradicionalmente de esperança abordar tal tema. É, admito que peguei pesado, mas não consegui deixar passar batido o suicídio de uma pessoa que, se não era minha amiga, era ao menos bem próxima. No mais, mau gosto teve ela quando escolheu se matar nessa época, eu apenas optei pela "morte em literatura".

Desculpem, mas o Natal tem o poder de me deixar triste, deprimido mesmo algumas vezes. Em contrapartida, gosto do Ano-Novo. Por isso resolvi maneirar nas tintas e tratar de assunto mais leve.

Pra tanto, optei por escrever o último texto do ano a respeito de uma canção que é um dos mais maravilhosos manifestos em favor da vida já feitos, que pode ser lida/ouvida também como uma forma das mais poéticas de se desejar feliz ano novo.

Trata-se de Noches de Boda, de Joaquín Sabina. Esta foi a primeira canção dele que ouvi na vida. Deu-se em sala de aula, graças a minha querida professora Teodora Freire, que teve o bom gosto de usá-la como matéria em classe. Não preciso dizer que a canção me encantou de cara e foi responsável por eu começar a pesquisar a respeito da genial obra desse compositor espanhol a quem não exagero ao chamar de gênio.

Confesso que a feitura da versão não foi trabalho dos mais fáceis. Porém, seu resultado me agradou bastante. E, tão logo comecei este projeto de versões, imediatamente imaginei Noites de Bodas na voz de minha mais que estimada parceira carioca Clarisse Grova. Explico:  Sabina é um compositor de temas essencialmente masculinos. Portanto, são poucas as canções suas que soam naturais em vozes femininas. E Noches de Boda é uma delas. Assim sendo, eu não poderia deixar passar a chance de ouvi-la na linda voz de  Clarisse.

Assim que a convidei e ela topou. Só que entre topar e gravar passou-se um longo tempo. Mas valeu a espera. Quando recebi a gravação, fui tomado por uma emoção que me arrebatou.  Clarisse, com seu talento e sua intuição, conseguiu me surpreender. Claro que sei que ela é surpreendente por natureza, mas, mesmo assim, o resultado superou as expectativas. Ouçam e tirem suas próprias conclusões. Pra efeitos informativos, acrescento apenas que esta canção faz parte do disco 19 Días y 500 Noches, de 1999, considerado a obra-prima de Sabina. E, pra terminar, desejo que os versos desta canção lhes cheguem como meus votos de feliz ano novo!

NOITES DE BODAS

Que a maquiagem não apague seu riso
Que a bagagem não corte suas asas
Que o calendário não seja preciso
Que o dicionário não queime nas brasas

Que as persianas corrijam a aurora
Que Deus ajude quem não dorme cedo
Que os que esperam não contem as horas
E os que matam que morram de medo

Que o fim do mundo te encontre dançando
Que as canções, coisas belas nos contem
Que a dor não ache nem como nem quando
Nem tome o comando
Do hoje e do ontem

Que o coração nunca saia de moda
Que a velhice seja um carrossel
Que cada noite seja noite de bodas
Que não se ponha a lua de mel

Que todas as noites sejam noites de bodas
Que todas as luas sejam luas de mel

Que as verdades não tenham complexos
Que as mentiras pareçam mentiras
Que em vez de guerra, se faça mais sexo
Que brote o amor onde plantam a ira

Que os bons momentos não sejam tão raros
Que cada ceia seja última e plena
Que ser valente não saia tão caro
Que ser covarde não valha a pena

Que não te comprem por menos que nada
Que não te vendam amor sem espinhos
Que não te ninem com contos de fadas
Que nunca fechem os bares vizinhos

Que o coração nunca saia de moda
Que a velhice seja um carrossel
Que cada noite seja noite de bodas
Que não se ponha a lua de mel

Que todas as noites sejam noites de bodas
Que todas as luas sejam luas de mel

Abaixo, a letra original:

NOCHES DE BODA

Que el maquillaje no apague tu risa
Que el equipaje no lastre tus alas
Que el calendario no venga con prisas
Que el diccionario detenga las balas

Que las persianas corrijan la aurora
Que gane el quiero la guerra del puedo
Que los que esperan no cuenten las horas
Que los que matan se mueran de miedo

Que el fin del mundo te pille bailando
Que el escenario me tiña las canas
Que nunca sepas ni cómo, ni cuándo
Ni ciento volando 
Ni ayer ni mañana

Que el corazón no se pase de moda
Que los otoños te doren la piel
Que cada noche sea noche de bodas
Que no se ponga la luna de miel

Que todas las noches sean noches de boda
Que todas las lunas sean lunas de miel

Que las verdades no tengan complejos
Que las mentiras parezcan mentira
Que no te den la razón los espejos
Que te aproveche mirar lo que miras

Que no se ocupe de ti el desamparo
Que cada cena sea tu última cena
Que ser valiente no salga tan caro
Que ser cobarde no valga la pena

Que no te compren por menos de nada
Que no te vendan amor sin espinas
Que no te duerman con cuentos de hadas
Que no te cierren el bar de la esquina

Que el corazón no se pase de moda
Que los otoños te doren la piel
Que cada noche sea noche de bodas
Que no se ponga la luna de miel

Que todas las noches sean noches de boda
Que todas las lunas sean lunas de miel

***


***

10 comentários:

  1. Muito obrigada Leo!
    Gostei muito.
    Lindo seu texto, a música e a versão em portugues.
    Beijo,
    Fernanda de Almeida Prado

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  2. Sou em quem agradece, Fernanda!

    Beijão e feliz ano novo!
    Léo.

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  3. muchas gracias por este texto Leó ....
    saludos ...
    feliz año!!!!

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  4. Hola, Javier!

    Gracias y un feliz año para ti también!

    Saludos y hasta pronto,
    Léo.

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  5. Olha eu aqui agradecendo essa parceria muito 10, feliz 2012 e nesse endereço fica a minha dica para 2012
    http://www.youtube.com/watch?v=RZ0rZt-GtY0&feature=youtu.be

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  6. Valeu, Marta! E parabéns pela canção, muito bonita!

    Um beijo do
    Léo.

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  7. E eu sou fã de vocês duas!

    Beijos do
    Léo.

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