Caramba! Lá se vão seis anos! Foi no dia 15 de julho de 2007! Estando eu no Ridijanêro com Kana, liguei pra minha parceira Clarisse Grova (que então ainda dava o ar da graça por ali) perguntando qual era a balada forte da noite, e eis que ela nos levou ao Panorama, casa onde os cariocas da M-Música se encontravam, se não me engano uma vez por mês, pra cantar, tocar e confraternizar. Era praticamente um Caiubi, só que aquele era mensal, e este continua semanal. Pois bem, mas o fato foi que nessa noite fomos apresentados a muita gente boa, alguns dos quais eu só conhecia virtualmente, e entre eles o mestre Tavito, que ainda morava na Cidade Maravilhosa e, pra meu espanto, já sabia de minha existência, graças a propaganda (enganosa?) da Grova. Futuramente Tavito se tornaria meu parceiro e se mudaria pra Sampa, a convite de Zé Rodrix, mas não ponhamos o depois antes do antes.
Foi justamente na M-Música que nasceu uma discussão acalorada (e de alto nível) acerca da sigla MPB, que teve Marianna e Vlado Lima como protagonistas (e opositores) e delicioso desenrolar. Dadas a pertinência e a qualidade da esgrima, cheguei a pedir a ambos que me autorizassem a transcrever tal duelo aqui em meu blogue, e a repercussão foi tanta, que é até hoje uma das postagens mais visitadas desses três anos d'O X do Poema. Pra quem não leu, fica aqui o link do texto: MPB de Q?. Recomendo. Além de tudo, é daqueles debates em que, mais que tomar partido, dá gosto mesmo é acompanhar com prazer a inteligência/agudeza das argumentações/estocadas. E, após a leitura, ficamos com a impressão de que ambos lados estão com a razão. E eu, que tenho um pé na MPB e outro que a chuta, senti-me como numa partida de futebol na qual eu torcesse pelos dois times. Tanto que só me satisfiz quando os trouxe pra meu coliseu.
Tenho pouco contato com Marianna, mas percebo que somos muito parecidos em diversos aspectos. Claro que no quesito afinação não posso, pra usar uma linguagem bíblica, nem sequer lhe lavar os pés, mas, agindo em campos distintos, e cada um no seu, acho que a comparação é válida. Marianna é uma teimosa, é uma batalhadora, é uma pessoa que está sempre atrelada a novos projetos que lhe possibilitem expandir sua arte, e, além de tudo, é dada ao coletivo, gosta de agregar. Não à toa, faz um tempinho ela foi responsável por um talk show ao vivo, se não me engano semanal, no qual ela não só entrevistava o convidado (era um por semana), mas também aprendia e cantava o repertório deste (lembro que um deles foi Celso Viáfora). Imaginem a trabalheira que devia dar! E agora ela anda metida noutro projeto, na Rádio Roquette-Pinto, entrevistando artistas de fora do Rio (como veem, a moça não se limita a bairrismos). Os dois projetos não deixam de ser mais ou menos um Ninguém me Conhece, em formatos diferentes.
Sem falar em seus tantos blogues. Marianna é blogueira das antigas; quando eu ainda nem sabia se blogue era de comer, ela já dava suas altas tecladas. Pelo que pesquisei (baianamente, diga-se), seu primeiro post... Odeio essa palavra! Ponhamos postagem, ou, melhor, publicação. É, prefiro assim. Sua primeira publicação data de fins de março de... 2003! Ou seja, há mais de dez anos! Daí ela cansou a beleza, foi fazer outras coisas, mas recentemente voltou com novo blogue (mariannaleporace.blogspot.com.br), que vira e mexe vou espiar. Agora mesmo fui lá caçar novidades e me deparei com um belo artigo sobre lançamento recente de um livro de cartas trocadas entre Fernando Pessoa e sua única namorada conhecida, Ofélia Queiroz. E notei lá mais uma afinidade entre nós: Marianna adora cartas (eu mesmo já escrevi a respeito aqui)! E arremata: "ridículos somos nós, Pessoa, que não mais trocamos cartas de amor! Que mundo pouco inspirador esse nosso."
Discograficamente falando, Marianna já fez de tudo um pouco: acompanhada pela pianista Sheila Zagury, gravou São Bonitas as Canções, com parcerias pra teatro de Edu Lobo e Chico Buarque (e a participação de ambos), este, uma lindeza, de chorar pelos ouvidos (relevem a metáfora capenga); gravou três discos de pop (!) em ingrêis, em versão acústica; com o violonista Willians Pereira gravou clássicos da MPB em seu A Canção, a Voz e o Violão; dedicou um disco exclusivamente ao repertório do compositor Alexandre Lemos, o que demonstra sua coragem, visto não ser Alexandre um compositor exatamente superconhecido; lançou no Japão Marianna Leporace Canta Baden Powell, em homenagem ao repertório deste; e recentemente lançou Interior, seu trabalho (considerado por ela) mais íntimo.
Peraê, cabô não! Ainda falta falar em seus trabalhos coletivos como integrante dos grupos O Quinto e Folia de 3. Com o primeiro, Marianna viajou o Brasil com um projeto de música folclórica da região Sudeste; com o segundo (um trio vocal, obviamente), gravou o CD Pessoa Rara, cujo repertório passeia pela obra de Ivan Lins. E contou com a participação do próprio. Ufa! Acho que não esqueci nada, embora creia que dei uma escorregada na ordem cronológica. Ah, dia desses cheguei mesmo a me deparar com sua voz fazendo vocal pra um CD de meu parceiro Marito Corrêa. Falando em vocal, vale acrescentar que Marianna produz; atua; dubla; jornaleia; grava jingles, trilhas; pinta; borda... Ops! Resumindo: fosse ela profissional da construção civil, poderíamos dizer que seria uma fulana que iria do servente ao engenheiro. Eita, mulé danada!
Mas paremos por ora, que isso não é rilise (release). Pra falar a verdade, este "perfil marianno" é resultado de uma colcha de retalhos que venho costurando há mais de um ano. Comecei às vésperas de seu aniversário, porém, como vi que não conseguiria terminar a tempo, reduzi a marcha. É bom deixar isso claro antes que alguém venha dizer que só escrevi porque ela essa semana entrevista Kana e blá-blá-blá. Tudo bem, esse fato foi importante, mas apenas pra eu me relembrar desse texto, que vinha acumulando pó. Mas só. Se o Jô entrevistasse a Kana, nem por isso eu dedicaria um Ninguém me Conhece a ele. Mas terminemos, que nem isso é uma biografia e nem eu sou o Ruy Castro. Pra não dizer que é matéria paga, momento crítica: sinto em Marianna a falha de não ter gravado ainda "nóis". Minha tchurma, sacumé? Mas já a perdoei. Afinal, Marianna não é uma cantora moderna, muito menos antiga, é uma romântica (e uma graça!). Acho mesmo é que sua voz se encontra em outro patamar. Reouvindo (e me emocionando sempre com) seu disco São Bonitas as Canções, eu diria que seu canto pertence a um tempo de delicadeza, esse tempo que nem foi ontem, nem será amanhã, pois só existe dentro do peito de quem ainda se emociona com uma canção. É pouco?
1) Tororó (Edu Lobo - Chico Buarque)
Marianna Leporace e Chico Buarque
Pra resumir, basta dizer que a noite foi das mais alegres e rendeu bons frutos, conheci também outra futura parceira, Danny Reis, e, como não podia esquecer, Marianna Leporace, que naquele entonces comemorava seu aniversário. E é justamente sobre ela que vou tratar hoje. O que sei é que minha primeira impressão dela foi das melhores, e de lá pra cá tenho estado de olho (e ouvidos) nela, na medida do possível, claro, driblando a distância graças aos avanços tecnológicos. Afinal, Marianna, além de ser uma grande cantora, é uma pessoa que consegue sobreviver de sua música com uma baita dignidade e sem corromper seus ideais. No mais, não é apenas uma canária; pelo pouco que a conheço percebo que esbanja caráter. Inclusive, respeito muito sua opinião e sou leitor dos mais interessados quando ela se digna a escrever na lista da qual ambos participamos, a já citada M-Música.Marianna Leporace e Chico Buarque
Foi justamente na M-Música que nasceu uma discussão acalorada (e de alto nível) acerca da sigla MPB, que teve Marianna e Vlado Lima como protagonistas (e opositores) e delicioso desenrolar. Dadas a pertinência e a qualidade da esgrima, cheguei a pedir a ambos que me autorizassem a transcrever tal duelo aqui em meu blogue, e a repercussão foi tanta, que é até hoje uma das postagens mais visitadas desses três anos d'O X do Poema. Pra quem não leu, fica aqui o link do texto: MPB de Q?. Recomendo. Além de tudo, é daqueles debates em que, mais que tomar partido, dá gosto mesmo é acompanhar com prazer a inteligência/agudeza das argumentações/estocadas. E, após a leitura, ficamos com a impressão de que ambos lados estão com a razão. E eu, que tenho um pé na MPB e outro que a chuta, senti-me como numa partida de futebol na qual eu torcesse pelos dois times. Tanto que só me satisfiz quando os trouxe pra meu coliseu.
Tenho pouco contato com Marianna, mas percebo que somos muito parecidos em diversos aspectos. Claro que no quesito afinação não posso, pra usar uma linguagem bíblica, nem sequer lhe lavar os pés, mas, agindo em campos distintos, e cada um no seu, acho que a comparação é válida. Marianna é uma teimosa, é uma batalhadora, é uma pessoa que está sempre atrelada a novos projetos que lhe possibilitem expandir sua arte, e, além de tudo, é dada ao coletivo, gosta de agregar. Não à toa, faz um tempinho ela foi responsável por um talk show ao vivo, se não me engano semanal, no qual ela não só entrevistava o convidado (era um por semana), mas também aprendia e cantava o repertório deste (lembro que um deles foi Celso Viáfora). Imaginem a trabalheira que devia dar! E agora ela anda metida noutro projeto, na Rádio Roquette-Pinto, entrevistando artistas de fora do Rio (como veem, a moça não se limita a bairrismos). Os dois projetos não deixam de ser mais ou menos um Ninguém me Conhece, em formatos diferentes.
2) Goodbye Yellow Brick Road (Elton John - Bernie Taupin)
Sem falar em seus tantos blogues. Marianna é blogueira das antigas; quando eu ainda nem sabia se blogue era de comer, ela já dava suas altas tecladas. Pelo que pesquisei (baianamente, diga-se), seu primeiro post... Odeio essa palavra! Ponhamos postagem, ou, melhor, publicação. É, prefiro assim. Sua primeira publicação data de fins de março de... 2003! Ou seja, há mais de dez anos! Daí ela cansou a beleza, foi fazer outras coisas, mas recentemente voltou com novo blogue (mariannaleporace.blogspot.com.br), que vira e mexe vou espiar. Agora mesmo fui lá caçar novidades e me deparei com um belo artigo sobre lançamento recente de um livro de cartas trocadas entre Fernando Pessoa e sua única namorada conhecida, Ofélia Queiroz. E notei lá mais uma afinidade entre nós: Marianna adora cartas (eu mesmo já escrevi a respeito aqui)! E arremata: "ridículos somos nós, Pessoa, que não mais trocamos cartas de amor! Que mundo pouco inspirador esse nosso."
Discograficamente falando, Marianna já fez de tudo um pouco: acompanhada pela pianista Sheila Zagury, gravou São Bonitas as Canções, com parcerias pra teatro de Edu Lobo e Chico Buarque (e a participação de ambos), este, uma lindeza, de chorar pelos ouvidos (relevem a metáfora capenga); gravou três discos de pop (!) em ingrêis, em versão acústica; com o violonista Willians Pereira gravou clássicos da MPB em seu A Canção, a Voz e o Violão; dedicou um disco exclusivamente ao repertório do compositor Alexandre Lemos, o que demonstra sua coragem, visto não ser Alexandre um compositor exatamente superconhecido; lançou no Japão Marianna Leporace Canta Baden Powell, em homenagem ao repertório deste; e recentemente lançou Interior, seu trabalho (considerado por ela) mais íntimo.
Peraê, cabô não! Ainda falta falar em seus trabalhos coletivos como integrante dos grupos O Quinto e Folia de 3. Com o primeiro, Marianna viajou o Brasil com um projeto de música folclórica da região Sudeste; com o segundo (um trio vocal, obviamente), gravou o CD Pessoa Rara, cujo repertório passeia pela obra de Ivan Lins. E contou com a participação do próprio. Ufa! Acho que não esqueci nada, embora creia que dei uma escorregada na ordem cronológica. Ah, dia desses cheguei mesmo a me deparar com sua voz fazendo vocal pra um CD de meu parceiro Marito Corrêa. Falando em vocal, vale acrescentar que Marianna produz; atua; dubla; jornaleia; grava jingles, trilhas; pinta; borda... Ops! Resumindo: fosse ela profissional da construção civil, poderíamos dizer que seria uma fulana que iria do servente ao engenheiro. Eita, mulé danada!
Mas paremos por ora, que isso não é rilise (release). Pra falar a verdade, este "perfil marianno" é resultado de uma colcha de retalhos que venho costurando há mais de um ano. Comecei às vésperas de seu aniversário, porém, como vi que não conseguiria terminar a tempo, reduzi a marcha. É bom deixar isso claro antes que alguém venha dizer que só escrevi porque ela essa semana entrevista Kana e blá-blá-blá. Tudo bem, esse fato foi importante, mas apenas pra eu me relembrar desse texto, que vinha acumulando pó. Mas só. Se o Jô entrevistasse a Kana, nem por isso eu dedicaria um Ninguém me Conhece a ele. Mas terminemos, que nem isso é uma biografia e nem eu sou o Ruy Castro. Pra não dizer que é matéria paga, momento crítica: sinto em Marianna a falha de não ter gravado ainda "nóis". Minha tchurma, sacumé? Mas já a perdoei. Afinal, Marianna não é uma cantora moderna, muito menos antiga, é uma romântica (e uma graça!). Acho mesmo é que sua voz se encontra em outro patamar. Reouvindo (e me emocionando sempre com) seu disco São Bonitas as Canções, eu diria que seu canto pertence a um tempo de delicadeza, esse tempo que nem foi ontem, nem será amanhã, pois só existe dentro do peito de quem ainda se emociona com uma canção. É pouco?
3) Novamente (Fred Martins - Alexandre Lemos)
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Maravilha, parceiro!!!
ResponderExcluirViva a minha dindinha musical! :)
Beijo,
Danny.
Valeu, Dannoca!
ExcluirBeijos,
Léo.
Ô minha afilhada querida e sempre presente, Danny pre ;-)
ExcluirMuitos beijos pra vc!!!
Lindez!
ResponderExcluirValeu, Baratinhez!
ExcluirLinda Maria-Açu do meu coração!
Excluirbeijos
Marianna Leporace é uma dessas pessoas que nos trazem a alegria da criação... Afinada na canção, mas, bem antes, com a vida... Sorriso que ilumina tudo, abraço balsâmico. Uma mulher inteira! Bendita seja! Lucia Helena Corrêa
ResponderExcluirLúcia Helena eu já te falei hoje que sou sua fã? :-)
ExcluirOlha quem me fala de ser "mulher inteira"!!!
Mil beijos, minha flor
Belas palavras, Lucia! Dignas de Marianna!
ExcluirBeijos,
Léo.
Ai é demais, Léo, essa me pegou no contrapé...
ResponderExcluirNão esperava e fiquei sem o que dizer (olha que isso é difícil hahahaha)
Mas que texto incrível, completo, divertido, sensível, respeitoso, lindo!
Muito obrigada é pouco!
Estou aqui em estado de graça :-)
Um beijo enorme!!!
Mari, só tô devolvendo um pouco do que recebo te ouvindo. Força sempre, mulé! É nóis!
ExcluirBeijão,
Léo.