Sabe aquelas noites em que você sai de casa sem esperar grande coisa e de repente a mágica se faz? Hoje foi assim (começo este relato exatamente às 23h59 — horário de Tóquio — de 30/11). Kana tinha combinado comigo de irmos visitar o Barzinho Aparecida (curta a página no facebook aqui), bar brasuca do amigo japonês Willie Whopper (tô pensando em entrevistá-lo pro blogue futuramente, e uma das perguntas vai ser o motivo da escolha de seu "nome artístico"), onde farei dentro de uns dias um "piloto" de aula de português pra uma turma seletiva de japoneses. Antes, claro, fizemos uma siesta de cerca de duas horas, visto que o (con)fuso ainda não nos abandonou; acordamos por volta das 18h, arrumamo-nos e saímos pra enfrentar o friozinho crescente.
![]() |
o clique não é meu, mas ilustra bem |
Horário de pico, enfrentamos trens lotados nas três linhas que pegamos. E preciso reconhecer que aqui eles sabem lotar um trem! É uma coisa de louco! De fazer inveja a trens suburbanos paulistanos. A diferença está na educação. Primeiro, quem tá dentro sai; depois, quem tá fora entra. Na escada rolante, os sem-pressa ficam à esquerda (já que aqui a esquerda é a direita e vice-versa) e deixam o lado direito livre pros apressadinhos. E nada de dona Maria plantada no centro da escada com uma sacola em cada mão. Necas! O respeito ao outro por estas bandas é praticamente uma extensão do respeito a si mesmo. Meio como aquela velha frase que diz que "meu direito termina onde começa o do outro". Básico.
![]() |
foto "roubada" da página do face |
Descemos na estação Nishi-Ogikubo, caminhamos poucos metros e não fosse termos visto uma bandeira do Brasil ao longe e teríamos passado direto (é retórica; não foi nossa primeira visita ao local). Porque a entrada do bar é superdiscreta: uma portinha aberta, uma escadinha, e voilà! Entramos numa little Brazil no coração de Tóquio. E quando digo little é porque o bar é pequeno mesmo. Praticamente uma sala de estar decorada com mil e um objetos que remetem às coisas do Brasil, desde fitinhas de pulso a uma pequena réplica de avião da Varig. Ah, e outra da Viação 1001. Além de capas de discos brasileiros, fotos de Elis, Tom & cia., rótulos de cervejas brasucas penduradas, bandeirinhas de festa junina, livros raros, uma infinidade de CDs e, claro, à venda muita coisa made in Brazil, como cervejas e cachaças. Vi até uma feijoada ser servida...

Por falar nisso, travou conversa comigo um jovem japonês que estuda português e cujo sonho é conhecer o Brasil, passar um tempo por ali desfrutando da brasilidade e aperfeiçoando o idioma, que fala razoavelmente bem, mas com um forte sotaque carioca. Entretanto, fiquei espantado ao saber que seu professor é paranaense, visto que quando o rapaz se apresentou me disse "Eu extudo portuguêsh". Porém, depois de uns segundos de perplexidade entendi que a culpa é da bossa nova, que é idolatrada pelos nipônicos, muitos dos quais estudam português pra melhor cantar as garotas de Ipanema, os barquinhos, os sambas de verão & cia.



![]() |
Renato do Pandeiro |
![]() |
Palhinha de Kana |
Pra ele se juntar à banda, foi num piscar de olhos. Chegou a pedir pros músicos repetirem uma canção pra ele filmar. Willie chamou Kana pra se juntar à trupe, e o arrasta-pé estava armado. Só faltou mesmo foi gente pra arrastar os pés. Ninguém dançou, mas nem por isso as sanfoneiras (duas) cochilaram. Kana mandou bem num medley forrozístico que traz na manga pra situações similares, após o que Renato interpretou lindamente uns baiões que eu nem sabia que faziam parte de seu repertório, culminando com uma interpretação de arrepiar da gonzagueana Asa Branca. Momento ímpar da noite!
Tá bom pra vocês?
***
PS: Outros cliques do neofotógrafo:
***
Que delícia de relato! Eu me senti no Aparecida! :-)
ResponderExcluirBeijão!
Aparecida do Oriente. rs
ExcluirBeijos, Dannoca!
Léo.