terça-feira, 11 de outubro de 2011

Crônicas Classificadas: 14) MPB de Q? (Marianna Leporace vs. Vlado Lima)

Como já declarei aqui várias vezes, faço parte de uma lista virtual que versa acerca de música, chamada M-Música. Trata-se de uma lista democrática, que acolhe cantores, compositores, poetas, jornalistas, críticos, músicos e afins. Gente de várias regiões do Brasil e do mundo e dos mais variados estilos e sotaques, obviamente. E, como em todas as relações, lá não faltam arranca-rabos, polêmicas, discussões, mas sempre tendo a música como foco (ou quase sempre) e sempre tendo o respeito em primeiro lugar (ou quase sempre). Já que ultimamente discussão acerca de música não tem estado muito em voga, e já que a ótima cantora Marianna Leporace sentenciou que meu blog "pode ser um grande veículo de divulgação de artistas independentes, um jornal, um lugar de críticas e de boas discussões - ele tem potencial pra isso", visto a carapuça e trago a público (com a autorização de seus protagonistas) saudável discussão interna m-musgueira entre a já citada Marianna (ótima cantora carioca, com um trabalho dos mais honestos, sensíveis e produtivos), mpbista de carteirinha, voz vinda lá do país e do tempo da delicadeza, e Vlado Lima (paulistano, cantor, compositor, agitador cultural, dono do novo reduto caiubista, o Bagaça, y otras cositas más), que se encontra na outra extremidade da criação musical, um verdadeiro udigrudi, um fantístico e um porno-punk-poeta roqueiro-sambista que, pra ser maldito, carecia de ser um pouco mais conhecido. Ou não...

Não me lembro direito do que originou a discussão, sei apenas que era algo que girava em torno do novo e do velho na MPB (e da funcionalidade da própria sigla), até que Vlado Lima, sempre polêmico, deu o ar de sua graça (mantive a grafia original, pois faz parte de ambos estilos, apenas corrigi alguns erros de digitação):


Onde a MPB foi parar, hein? Nóiz aqui discutindo X e Y (subtraí os nomes, visto ser uma discussão interna)? Gente, MPB Classic é um gênero morto-vivo, não rola mais. Sobrevive apenas num pequeno gueto de classe média. Já foi grande, mas hoje é irrelevante, insípida e sem conexão nenhuma com esse Brasilzão de meu deus. E nóiz, um bando de tiozinhos jurássicos encantados com internet. O último q sair tire a luz do soquete q amanhã podemos precisar. E pensar q caras como Márcio Policastro nunca vão rolar...


Boa, Vlado, tb estou há tempos pra botar a minha colher nessa cumbuca. O que é a MPB pra vc? Aliás, o que é MPB, além de uma sigla que define "música popular brasileira"? E pq vc  - e tantos - tem tanta bronca da MPB? Pq vc acha que a MPB ou a música que segue essa, digamos, corrente, só sobrevive no gueto? Insípida? Irrelevante? O que vc acha que é a música de todos nós, dos seus amigos, incluindo a sua, se não uma continuidade daquilo que a "MPB" construiu lá atras? Podemos trocar a sigla que incomoda por "música independente" ou "música popular contemporânea", ou qualquer coisa que vc quiser. Mas isso não fará de nós menos "filhotes" de Chico, Caetano - mesmo que vc o odeie.com.br -, Gil, Milton, Raul - sim, tb era MPB -, Zé Rodrix - SIIIIMMMM! Falei isso pra ele muitas vezes!!! -, João Bosco e, indo mais pra trás, Noel, Lupicínio etc... E, vindo pra frente, Renato Russo, Cazuza, Herbert - tudo rock-pop-mpb -, Guinga, Viáfora etc... Falemos, sim, de X e Y, pq eles têm conquistado muitos fãs por aí e é sempre bom saber o que essa gente faz pra atrair seu público. Sendo jurássico ou não, sei que tem muita gente ainda querendo ouvir canções, Vlado, sejam elas mpb ou o que vc quiser chamar! E é isso o que importa pra nós, não é?

***

A partir daqui, Vlado abriu um novo tópico, que se chamava:

Tô com Tinhorão e não abro (respondendo pra Marianna Leporace)


Mari, ai, q eu gostio de mulé brava... Lindona, gostaria de ter essa conversa com vc lá no Império do Baixo Gávea, sentado numa mesa do BG, com um chopinho estupidamente gelado e uma porção de torresmo. Quem sabe um dia... Respondendo a suas perguntas:

O q é MPB?
MPB é Música Popular Brasileira. Eu apenas divido em categorias. MPB Pagode, MPB Sertanejo, MPB Axé, MPB Rock e outras tantas, inclusive a categoria em q eu e vc - e uma porrada de amigos - estamos inseridos: a MPB Classics. MPB Classics é aquele tipo de música com pretensões de ser séria, cabeça, profunda a agente de mudanças. Ou não.

Porq eu tenho bronca da MPB Classics?
Não tenho bronca da MPB classics. Sou um grande fã, 60% dos meus discos são de MPB Classics. Adoro os discos antigos de Chico, Gil, Mutantes, Gal, Zé Ramalho, Fagner, Vitor Ramil, Elomar, Paulinho Pedra Azul e principalmente Caetano Veloso, esse, pra mim, um dos maiores e (mais) geniais compositores brasileiros de todos os tempos.

Maria, na música euodeiocaetano.com.br eu não falo mal do Caetano, eu falo mal dos subs Caetanos, dos clones e imitadores baratos q empesteiam a cena musical. Falo mal é de toda estrutura viciada q gira em torno da produção musical brasileira - rádios, tvs, bastidores, festivais. Leia a letra - sem música -, tá tudo lá... eu não falo mal do Caetano, beleza?

Pq eu acho que a MPB ou a música que segue essa, digamos, corrente, só sobrevive no gueto?
Porq é só meia dúzia de iniciados q curtem esse tipo de música, ou seja: um gueto. Esse tipo de música passa longe do brasileiro comum, ninguém conhece e grande parte de quem conhece não entende ou não liga a mínima. Outro dia entrou um pivete carregando um teclado no meu bar e perguntou: "Aqui tem música ao vivo?". "Sim", eu respondi. "Q tipo de música?", ele perguntou. "Tudo", eu disse, "samba, blues, rock e, principalmente, MPB". Ele me olhou com um ar de interrogação e perguntou: "MPB, q qué isso?"

Quanto a ela ser insípida e irrelevante? 
Bem, 80% do q é produzido hoje é MPI - música popular insípida -, não diz - pra mim - absolutamente nada, tudo é muito parecido, principalmente o nosso time de cantoras. Repertório frouxo, muito pastiche e lugar-comum e arranjos pobres e fracos. Claro q existem as exceções, mas a grande maioria é música pra ouvir e esquecer. Ah... sem contar os compositores, tem uma mulecada - visto pelos q chegam ao Caiubi - q não sabe escrever uma letra q preste, nem uma imagem interessante, nada... só pastiche e lugar-comum... acho q tantos anos de descaso com educação nesse Brasil tá refletindo nos novos letristas da nossa MPB... Quanto a ser irrelevante, digo q o grande público não precisa mais desse tipo de canção, ela não é mais tão necessária, já q ninguém escuta mesmo. Mari, tô com Tinhorão e não abro. Mas, Mari, não me leve a sério, sou um velho ranzinza do século passado, amargo, desiludido e de saco cheio. Mas, no fundo, bem no fundo, eu sei q o mundo é bão, Sebastião.


Hahahahahahahaha! Antes de mais nada, ADOREI O "MULÉ BRAVA"!!! HAHAHAHAHAHAHAHA!!! Vlado, eu adoro vc! Não sei se vc sabe disso, mas prontofalei! Adoro a sua cabeça, a sua inteligência, irreverência e até a ranzinzice, pq ela acaba gerando bons papos na lista. Foi ótimo ler isso tudo que vc falou, vivemos mesmo um grande empobrecimento, a MPB está de fato fraca das pernas e tudo isso que vc disse tem sua razão. Eu só fico preocupada por matarmos a coitada antes do tempo, e vc e muitos são muito definitivos quando assumem que a bichinha já está passando dessa pra uma outra. Faz isso não, precisamos dela e muito ainda, pq é o que sabemos e gostamos de fazer!!! A melhor frase que li aqui nos últimos dias foi aquela que a Luanda trouxe do Gil: "O povo sabe o quer, mas também quer o que não sabe". Eu já fui testemunha disso diversas vezes na minha vida!!! Já passei por cada coisa nesse mundo de meu Deus, que acredito fortemente nesta frase. Já cantei pra muita plateia que poderia me tacar pedra e no fim estava todo mundo emocionado e eu me sentindo a Elizeth Cardoso!

Existe público pra MPB sim, Vlado, mas ele está tímido, destreinado, não sabe mais frequentar teatros, não sabe mais assisitir (a) show calado, sem comer, sem beber, sem dançar. Existe muita gente interessada em boa música, mas precisamos educar, cativar, treinar esse público. Dá trabalho? Dá, é claro, mas é o que devemos fazer, é o nosso papel como artista nesse mundo, principalmente nesse momento! Antigamente, tinha "a noite", que revelava muitos talentos, mas, depois dos festivais, a música passou a ser feita em teatro, em grandes temporadas, como as peças. Os shows eram montados, com cenários, figurinos, luz, até atores e corpo de baile e ficavam semanas, meses, até anos em cartaz. Isso foi logo ali, no tempo de Chico, Edu, Gal, Elis etc... Com o tempo e com "as invasões bárbaras", a música foi caminhando pro barzinho, foi virando "coisa" de consumo fácil, uma voz e um violão pro povo cantar junto e pra fazer fundo pro papo da moçada. E estou focada na MPB aqui, não vou entrar na seara dos mega shows de axé-sertanejo-pagode-e-outras-coisas. Estou falando do empobrecimento mesmo do ofício de quem criava/cantava canções. 

Só que acho que grande parte dessa derrocada é da própria classe musical. Pq isso aconteceu? Pq os artistas permitiram??? Não existe "opressor" sem "oprimido", não é mesmo? O empobrecimento é tanto, que afeta a nossa própria capacidade de indignação e de reação. Mas eu não quero e não vou participar disso, é uma escolha que eu fiz e queria que todos fizessem, principalmente os desiludidos! Queria que, em vez de jogar a toalha, todos se motivassem pra fazer cada vez mais e melhor. Pq só assim podemos conseguir mudar um pouco o panorama pra nós mesmos e pra quem quer, como nós, viver de canções.

Esse mesmo empobrecimento que vc percebe nas letras das canções atingiu a todos, inclusive o público, que precisa, sim, que a gente mostre que ele "gosta do que não sabe". Vc respondeu pro moleque do piano o que era MPB? Vc deu um CD pra ele? Convidou ele pra assistir (a) um show? É por aí!!! Já fiz isso com milhares de pessoas e pode apostar que da o maior pé!!!

E, finalizando esse "testamento", sim, concordo com vc que tem muita coisa que não diz nada por aí, mas aí é uma questão de gosto, de preferência, e é até perigoso entrarmos nesse viés. Eu sou uma chata de galocha e nem me meto nessa discussão, mas tenho que concordar com vc.

Viu, nem sou tão brava assim, mas o chope no BG eu ia curtir bastante! (...)

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Suprimi os beijos e abraços, mas eles estão lá. É até capaz que essa discussão continue na lista, mas a achei tão bonita e saudável, que quis que ela ficasse assim, exposta, como num quadro, pra quem quisesse vir e ler, independente da época, ou até como um documento desta. Afinal, não só pra coçar o umbigo servem os blogs. Pra terminar, deixo abaixo, pra quem não conhece, um vídeo de cada um. Na realidade, não são bem vídeos, mas creio que podem vir a calhar, dada a diferença de estilos. Quem ficar ávido de mais, basta ir ao São Google. E quem quiser meter a colher nessa prosa, desde que sem baixar o nível (e, de preferência, sem anonimatos), sinta-se em casa!

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29 comentários:

  1. Que delicia ler isso assim, como se fosse um "testemunho" da historia que na verdade acontece agora. Eu acho mesmo, digo e repito, Leo, esse blog vai longe!! Vc é um cronista, um observador do que acontece em volta, tem os elementos certos pra ser um grande porta voz e um meio de comunicação que no mínimo já é muita coisa :-) pra deixar "o legado" do que importa pra quem já está e pra quem virá.
    Sou sua fã e achei sensacional essa ideia de transformar em texto o bate papo informal.
    Um beijo grande, com admiração sempre,
    Mari

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  2. Belo debate, nas tenho um complemento. O pesquisador J. Ramos Tinhorão é um dos raros pesquisadores e jornalistas musicais que emitem opiniões com fundamento, sem fazer concessões, conchavos ou dancinha-de-cadeiras só para ter lugar na grande imprensa. E ele não é contra música estrangeira, mas sim contra a aceitação e macaqueação passivas, no que também estou com ele.

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  3. Gostei da discussão. Achei-a pertinente. "Se a música popular brasileira foi "pras cucuias" o que dizer dos Colibris. Século XXI e todo mundo de malas prontas para o futuro, peitos de silicone, bundas de silicone, cabeças tupiniquins. Prá que serve a canção? Erguer-se em arcos por sob os abismos. E pra que serve o homem? Curvar-se ao prêmio de uma canção." É um texto "cumpridinho" que eu falava na abertura de um show meu. Querendo chamar a atenção das pessoas para o fato de a boa música ter sido banida. Também sou cria de Caetano, Chico, Tom, Gil, Milton... Mas concordo com o Vlado, quando ele toca no X : EDUCAÇÃO. Se não for tratada com a devida importância, ficaremos mesmo fadados a MPI, vulgarmente, chamada de axé/sertanejo/pagode/universitário...

    http://youtu.be/e-Lh5oRQsSI

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  4. Porram! Amei!! :)
    Parabéns parcerim, sempre arrebentando nos posts.
    E parabéns ao Vlado e Mariana pelo debate elevado.
    Beijos per tutti.

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  5. Ah , vamos compartilhar de verdade então.

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  6. Gosto de som, gosto de música, curto uma boa letra...Achei interessante o papo, duas pessoas que postam suas opiniões contraditórias , mas que levam a um só ponto. Música...! Acho que o garoto, como tantos outros não conhecem essas siglas porque não se interessam mesmo. Quantos deles chegam a faculdade, se chegarem, passa um mês e els na mesa de um bar fala, toca aí um Chico Buarque e passa a se achar o intelectual? Coisas da juventude. Não sou nenhuma garota, mas gosto dos sonhos dos jovens. É preciso sonhar sempre e música é sonho, é vida e contentamento , é aprendizado, ainda bem que ele perguntou, sinal que quer aprender e quando nem isso eles perguntam? Gostei da postura da Mariana, sei também que o Vlado deve sofrer por querer mudanças, mas sempre foi assim e assim será. Façamos então, cada um, a sua parte. Somadas teremos esse espaço tão pleiteado. Abs a todos... E vamos ao papo sincero... Valeu vocês dois...

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  7. Boa! E tô com os dois :)))

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  8. Caros:

    Tô gostando de ver/ler! Acho que, sim, temos que unir forças pra salvar a música brasileira do abismo pra onde está se dirigindo. E, como foi falado, acima, a Educação (assim mesmo, com maiúsculo) é o ponto primordial. Há que se dar ao jovem o direito a ter acesso à história de nossa música, que já enfrentou tantos desafios, superou ditaduras e continua firme e forte hoje, sendo feita por tantas pessoas, só que com o maior descaso de quem as devia assessorar. Ok, o governo quis acabar primeiro com a fome, certíssimo, só que agora cegou a vez de acabar com a ignorância.

    Valeu, Mari, pelo carinho!

    Ayrton, fora os exageros, acho o Tinhorão um nome a ser respeitado, por sua inteligência sobretudo. Cheguei a ler um livro dele pro meu TCC.

    É isso, povo, quem chegou agora aproveite pra conhecer melhor o espaço. À direita desta página há pessoas que quem não conhece devia conhecer. Aproveite a visita!

    Beijos do
    Léo.

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  9. Interessante ver os paulistas retomando este tema da Música Popular Brasileira (MPB).

    O menino perguntou: "o que é isso"? Creio que até hoje nós nos perguntamos isso também. É o que? Um estilo musical, um movimento, a sigla de um projeto de uma certa TV, um festival? O Vlado pergunta aonde ela vai parar, o menino o que é. Que relação há entre estes dois mundo? Um a viu nascer e acredita que ela está à beira da morte, o outro não teve conhecimento algum sobre este fenômeno. Resta nos saber qual a idade desse menino,e se na casa dele não tem TV, rádio, se o seus pais são tão jovens que também não tiveram conhecimento da MPB. Contudo, a MPB continua viva no interior do Brasil, como bem disse so Vlado nas suas várias divisões. No interior é a MPBseresta, a MPBsamba.

    Aqui em Vitória da Conquista há uma banda como de MPBlues, a MPBrega de Amado Batista, Bartô Galeno e Nova MPB na voz de Marisa Monte, Vanessa da Mata, Adriana Calcanhoto e soando em milhares de bares e casas noturnas do país. Nos grande festivais que acontecem o ano todo em todo Brasil ela, a MPB permanece viva.

    Ah! Ia me esquecendo da MPB Classic (não sei porque esse termo em outro língua), que é a mãe de todas as MPBs. A MPB ela será sempre viva porque ela absorve e onde todos os estilos, todos os gêneros musicais se encaixam. Ela sendo algo genuinamente brasileira aglutina todas as linguagens rítmicas do mundo inteiro permanecendo sempre nova e vibrante.

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  10. Sabe, até tento, às vezes, mas na verdade nunca consigo pensar como artista, apartado do público com caminhos prá mostrar ou qquer coisa do gênero. É apenas como ser humano que me desinteresso por pessoas, movimentos, tendências (e canções, claro!)que não tenham digital própria, que precisem da aprovação de algum meio prá se darem o próprio valor. Nem sei se é próprio do nosso tempo, ou se sempre, em todas as eras, o homem sempre reclamou do mesmo, mas a impressão é que o império da 'aparência' tá dando de goleada no distrito da 'essência'. Gente querendo fazer ou parecer com outro porque o outro venceu, deu certo. Dessa seara, tô fora! Nunca desconheci as inúmeras influências que recebi na música brasileira e há décadas que não componho pensando se estou ou não seguindo os cânones de qualquer tendência. Deixo minha intuição compor valsas antigas, letras descabeladas, batidas que eu mesmo desconhecia e sonetos sem conteúdo aparente, que fluem apenas em aliterações. Se serei admirado ou não, pode até importar um cadinho pro meu ego, mas sinceramente, não componho pensando prá que santo. Componho apenas prá aliviar meus demônios. Se servir só a mim, serviu também. Bjs;

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  11. é isso aí!
    tudo começa na Educação e continuo com o gil,gilberto "o povo sabe o que quer ,mas o povo tb quer o que não sabe" ,a música está no disco "sol de oslo" e se chama R.A.P!
    um beijo sonoro e mpbista,
    Luanda !

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  12. Música Popular Brasileira é a expressão artística do universo cultural brasileiro. Se em outra época ela tinha conteúdo é porque o ambiente sócio-cultural, juntamente com seus agentes, artistas e seu povo, tinha conteúdo. Verificamos na prática um empobrecimento cultural que reflete o processo acelerado de reificação das nossas relações humanas, reduzidas cada vez mais à forma estulta e louca da sociedade da mercadoria. Esta sociedade autofágica é que está nos tirando a inspiração, a paz, os valores, a vida. Tenho orgulho de ouvir e de seguir, sem perder a minha identidade, aqueles de quem ainda se possa extrair uma mensagem crítica, de transformação ou de esperança, como Chico Buarque, Noel Rosa, Pixinguinha, Vinícius e todos esses maravilhosos compositores e artistas do passado e do presente.

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  13. Se quiserem saber o que acho que é a MPB visite a www.ritmomelodia.mus.br / ritmomelodia@hotmail.com

    A revista musical online que Canta o Brasil ha 10 anos. Ou seja, estou em osmose permanente com a tal MPB. Aguardo vocês para um café da tarde. (Antonio Carlos)

    Aguardo

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  14. Adorei estes dois. Como eu tenho algumas primaveras de idade, tive muito contato com tudo que rolou desde os tempos do Tonico & Tinoco, Altemar Dutra, Teixeirinha, etc; mais tarde Roberto Carlos e suas deliciosas canções; tivemos os brasileiros fantasiados de "gringos", etc. Mas o que me importa mesmo é que tudo isto foi antes de eu me apaixonar pela MPB, sim isto mesmo, MPB com letras maiúsculas, foi quando conheci as preciosidades de Milton Nascimento, Gil, Caetano, Gal, etc... Tive muitas alegrias... Depois os grupos de Rock 80... Aí... Sumiu tudo. Não mais músicas de bom gosto, letras inspiradas, divertidas... Tivemos a nossa Idade Média da MPB e sentimos muita saudade dos dinossauros. Perdemos espaços para letras péssimas, melodias de gosto duvidoso, tudo em nome da grana. Hoje, graças a iniciativas de poucos, como o Caiubi e outros que desconheço, a MPB não morreu e não morrerá, pois hoje eu passo para os meus filhos, que também têm veia artística, as obras dos consagrados MPBistas e graças a Dues eles curtem e passam para os amigos. A MPB não morrerá. Renê

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  15. Salve a todos!

    Só existem dois tipos de música: A música boa e a música ruim! Quem tem discernimento musical, sabe diferenciá-los!

    LUZ a todos!


    Valdo Silva.

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  16. Acho que a música, não importa qual o seu estilo, tem sua época certa de auge. As boas permanecem no mercado, as ruins somem. Digo isso baseado na seguinte forma : Roberto Carlos com suas canções românticas faria o mesmo sucesso hoje? Acredito que não. Por que? A juventude hoje no meu ponto de vista não acredita mais no romantismo; é lógico que toda regra tem sua exceção, então entro no campo da discussão da MPB : os tempos mudaram mas as boas permanecem.

    Walter Campos.

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  17. Quando que axé, pagode, sertanejo universitário e outras pragas podem ser MPB? Popular é aquilo que qualquer um pode curtir, gostar. Qualquer um desse seguimento acima pode vir a ouvir um popular. Já para ouvir esses rótulos citados só mesmo quem gosta, ou acha que gosta, foi estereotipado e não tem perspicácia para discernir o bom do ruim. Gosto não se discute, porém o gosto imposto se discute, sim. Não se discute gosto, mas qualidade, sim. Como se discute qualidade? Eu não sou músico, como então falar de qualidade musical? Mas sei discernir quando um músico, ruim ou não, quis manipular os instrumentos para inventar, fazer uma coisa nova , ser criativo, como em "Canção Agalopada", de Zé Ramalho, e em " Na Primeira Manhã", de Alceu Valença. Só cego, ou surdo, não entende que as melodias, as letras- letras?-, dos rótulos acima, principalmente os pseudo sertanejos, é tudo a mesma coisa, ou seja, receita pra bolo. Que saudade do Clube da Esquina! E se a MPB é coisa de velho, não quero beber dessa água da juventude que vai para os shows da gritinhos, bater nas palmas das mãos e gritar histericamente: "LINDO"! Nem vou falar de Paula Fernandes, preferiria falar de Nô Stôpa. Pois é, talvez nem sabem de quem se trata. Não está na mídia. Nem seu pai, o Zé Geraldo, que recentemente teve "SENHORITA" assassinada por uma dupla inconsequente que se diz sertaneja.Continuarei velho, pois como me disse o amigo Monsyerrá do CAIUBI: não sou um velho, mas um velhaco. Gostei disso. Abraços! UFA!
    Sebastião Ribeiro

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  18. MPB= Música popular brasileira!
    Tem de ser vasta pois nossa população é vasta em tendẽncias culturais. O perigo, em minha opinião, é que estamos perdendo o sentido da eternidade, tão necessária para o surgimento da obra de arte, independente do estilo que a vista. Estamos perdendo a capacidade de buscar na essência do sonho a realização. O tempo de antigamente não é o tempo atual e, obviamente, altera toda a produção cultural. A obra corre para não perder o tempo e não é mais o tempo que, pacientemente constrói a obra. Com certeza, uma das frases mais ditas por nossos contemporâneos é: -Não tenho tempo. É por isso que mantenho a minha capacidade de sonhar e de ter tempo para o que é importante na minha concepção. Sobre música, sempre achei que existe a boa e a má música. Ritmos são diferentes acentos no tempo e estilos são diferentes ritmos com diferentes instrumentações. O músico é que fará a diferença e criará a alquimia que encanta e deixará a sua marca na eternidade. Falta sim, educação e cultura para formarmos a nossa individualidade e, questionarmos a criação de clones que tanto entorpece a nossa consciência, tão bombardeada por mediocridades. Para que nos conheçamos é necessário viver, e para aprendermos a viver com sabedoria é necessário tempo e com a sabedoria adquirida no tempo, lapidamos a jóia que é a obra de arte, objetivo de todo artista.

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  19. Parei aqui por acaso, comecei a ler e gostei dos posts. A surpresa foi ver que é você o autor do blog, Leo.
    Gostei da sua seleção, só gente boa.
    Bjs carinhosos

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  20. Boa prosa é assim, todo mundo acaba gostando de dar seu pitaco!

    Manno, Álvaro, Luanda (esse disco é ótimo, querida!), Valdo, Antônio Carlos, René, Valdo, Walter, Sebastião, Cláudio, Elida:

    Muito grato pela visita e por contribuírem por tão necessário papo!

    Abração do
    Léo.

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  21. Valeu, Leo! Foi um prazer!


    Valdo Silva.

    www.moophonix.com

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  22. A FOME DÓI?
    Como sou pobre. Eu não comento pobre dá opinião!
    Coloca lá em cima: de sua opinião e vai ferver!
    Mas vou arriscar meu pescoço, parte de um todo tímido!
    Depois de mais de 33 anos participando de shows, eventos e de rádios. Depois de conhecer o rapaz que “esta de olho na butique dela”, amigo do ‘hê, hê, hê fumacê’, que era conhecido do rapaz que insistia que “ta todo mundo louco oba”. Fui conhecer o único homem que não tem certeza e afirma “sou homem com h e como sou”. Mais pra frente fui um dos primeiros a comprar o cd dos Mamonas e pensei: que grande m... e escuto toda semana até hoje. Agora vou falar do “astronauta de mármore” e “então me diz”, aquela linda música da Ana Carolina com o Seu Jorge tem ou não tem a participação da Simone, que show, sucesso “é isso ai”...
    Quero continuar, mas “minha mulher não deixa não”, “coisa mais linda, mais cheia de graça”. Então vamo que vamo, com o coração que já foi rasgado, pisado, sofrido, torturado, amarrado, partido, trocado, e por ai afora.
    A fome dói?
    Chego à conclusão que: Garrincha era o poeta e Pelé o economista. E agora só temos discípulos do poeta Pelé, mas tá bom. Porque a fome dói!
    Na minha humilde opinião semi-analfabeta reformada, quando escreveram MPB, por economia da época ou questões políticas, esqueceram ou não puderam colocar mais um P. Então o certo seria M P P B (Música Popular no Português Brasileiro).
    E afinal, a pergunta que não quer calar: o rock é branco ou negro? Mas é FOR ALL!
    Como diz meu amigo Nelson Gonçalves que naquele “chão de estrelas” sabia que “as rosas não falam”. É! Infelizmente, “naquela mesa tá faltando ele”.
    Agora, três “IP! IP! URRA!” pro Google!
    SUCESSO É SUCESSO. É POPULAR!
    Sandro José.

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  23. É assim... houve num passado nebuloso uma elite que se apossou do rótulo MPB como sinônimo de qualidade. Enquanto isso o povão ouvia muito as porcarias que sempre existiram, aliás, que me desculpem os saudosistas da memória afetiva mas a jovem guarda foi a real desgraça que caiu em cima da qualidade poética e harmônica da MPB. Pior, ricos, passaram a encabeçar as grandes gravadoras e ensinar a como fazer música em série, pasteurizada, pastiche e clichê.
    Estavam errados? Não , certíssimos. Errados estavam os que tentaram ficar copiando o que era elitista e elitizado.
    A melhor musica que existe é extremamente pessoal e tem a ver com tantos sentidos que não cabe opiniões sobre o que é bom ou ruim. Apenas algo serve pra uns e não serve pra outros.
    Eu gosto tanto de Chico Buarque, quanto moda de viola. Se eu fosse escolher um repertório de 50 musicas pra ouvir HOJE, certamente, seria todas as 50 dos meus amigos do Caiubi que sentam na mesa e consomem musica, sonhos e cervejas juntos ja faz uma decada. Provavelmente, daqui 20 anos, esta sera minha memória afetiva, será as músicas que emocionarão.
    Abraços

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  24. Léo, parabéns pelo post, pela coragem e pela contribuição na reflexão que é necessária para o amadurecimento de questões tão polêmicas quanto ao destino da nossa cultura musical. O Vlado e a Mariana foram espontaneamente geniais e de uma transparência admirável...Eu sinto muito a falta desse tipo de exposição verdadeira e sem artifícios. Ser sincero é uma virtude, pois é a partir dessa oportunidade que nos inclinamos à tentativa de nos tornarmos melhores...Eu estou empenhado num trabalho de mestrado e a questão central do meu trabalho busca analisar e compreender, porque será que o artista brasileiro é tão desvalorizado num país tão musical? E aí, é claro, concorre várias questões, mas depoimentos como esses de vocês, nos fazem compreender melhor porque temas como esses precisam ser discutidos. Foi um prazer para mim, conhecer, ler e refletir...Abraços a todos!

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  25. Torno a dizer que só existem dois tipos de música: Boa e ruim!

    E gosto se discute, sim! Se não pudermos discutir gostos, não haverá evolução, e a qualidade vai ficar prejudicada.

    Existem também gostos ruins e bons gostos, o que acho um grande problema na questão musical! É por isso que se ouve por aí um monte de bobagem e se incluindo na categoria de músico. Usam-se dois acordes e fazem milhares de melodias pobres, sem sentido.

    Se todos tivessem o mínimo de critério, ninguém iria incentivar e engolir tanta porcaria!

    Gosto tem que ser discutido! Como músicos, temos que melhorar a qualidade da nossa música o tempo todo. Não temos que adaptar a nossa arte aos que não entendem. Ao contrário: os que não entendem precisam elevar o seu nível musical e incentivar a música boa!

    Quem pensa em qualidade musical, procura melhorar a sua música! E o eclético (o que gosta de todo o tipo de música), para mim, é aquele que não tem critério pessoal; que não tem discernimento do que é bom ou ruim!


    Valdo.

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  26. Excelente postagem! O resgate desse bate papo informal e sua adaptação para a postagem de blog foi uma sábia atitude, que revelou um texto pertinente; e um debate emergencial.
    Obrigado!

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  27. OLA, SOU COMPOSITORA,AINDA SEM NADA MEU GRAVADO,INCLUSIVE P/MIM MESMA QUE ESTOU APRENDENDO TUDO DE NOVO, E PQ EST0U VOLTANDO A ME ENVOLVER NOVAMENTE A BEM POUCO TEMPO,POIS HAVIA ME DESILUDIDO EM RELAÇÃO A ESSE POLEMICO PAPO DE MPB E "outras cositas mas" QUE SÃO OS BONS PAPOS, AS PARCERIAS, OS NOVOS TEMAS,OS NOVOS AMIGOS E PRINCIPALENTE O RESPEITO AOS SENTIMENTOS CANTADOS EM PROSAS E VERSOS, MESMO DO LADO DO AVEÇO DO AVEÇO,COM RITIMOS, OU SEM,POREM...DEMONSTRANDO ENFIM, COMO SE CRIA UMA CANÇÃO COM RECURSOS OU NÃO,COM OU SEM VIOLÃO SEM REFRÃO, OI, LAIÁ, LAIÁ, PORÉM TODAVIA,CONTUDO...COM TUDO,POIS FAZEMOS PARTE DE UMA "INCRIVEL GERAÇÃO" QUE PROCURA SER FELIZ...E CANTAR PASSAR NOSSAS EXPERIENCIAS DE VIDA E FICAR INDIGNADO É PROPRIO DE NÓS MESMO.O VLADO, MARI...É O MAIOR BARATO...GENTIL,NUNCA-SUTIL,AS VEZES,QDO LHE CONVEM KKKK ELE ABRE O BAGAÇA E CURTE TUDO E TODOS, NOS FAZENDO SENTIR NA SALA DE SUA PROPRIA CASA...TODO SÃO LIVRE PARA OUVIREM O QUE GOSTAM DE CURTIR OU NÃO. MAS SEMPRE SE LEVA ALGO NOVO P/UMA PROXIMA VEZ VOLTAR E RIR,ACHO QUE ISSO É UM POUCO DE FELICIDADE...TEM DIAS ATÉ QUE ELES TIRAM O MAIOR BARATO COM AS MINHAS MUSICAS...DANÇANDO OU FAZENDO UMA PIADINHA... TD BEM... VAI DE VC QUERER OU Ñ SAIR NA BRIGA...MAS VALE A PENA? ISSO É UM POUCO DE FELICIDADE... E FAZ UM BEMMMM INCRÍVEL !!! MESMO...APACERÇA VC VAI SENTI-SE ASSIM EU ACHO BJS ATÉ DE REPENTE... IVALDO SOU EU A STELLA DA BAND APAREÇA POR LÁ.OK?

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  28. Sandro, Sonk, Ivaldo, Valdo, Rafael e Stella:

    Agradeço pelas visitas e pelos comentários, ou, como diz o amigo Sandro, as opiniões. Se sentássemos numa mesa pra debater opiniões, o assunto não acabava num dia. Sinal de que a música está viva e forte! Que bom! Sigamos, pois, sem deixar a peteca cair!

    Abraços do
    Léo.

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