segunda-feira, 6 de maio de 2013

Crônicas Desclassificadas: 86) Mi Buenos Aires (aún) querido (aunque)...

chorizo y papas fritas, por supuesto
Outra vez em Buenos Aires. Ayer, hoy, mañana... Sempre em Buenos Aires! Acho que em outra vida eu fui porteño. E acho que nessa vida igual lo soy. Chegamos hoje (ontem - 30/4) por volta das 11h30. Pegamos um táxi e, de cara, um tapa: um taxista, simpaticíssimo, que, enquanto nos levava ao bairro de Palermo (onde estamos hospedados), nos dava "grátis" preciosas informações, ao chegarmos, nos cobrou 200 pesos que marcava o taxímetro. Só que no aeroporto nos haviam dito que a corrida até Palermo sairia no máximo por 60 pesos. De minha posição de passageiro no táxi eu não podia ver o taxímetro, e, como havia pago o táxi de casa até Guarulhos, Kana pagou aqui sem pestanejar. Depois, quando perguntei a ela, saber que aquele "simpático" taxista nos cobrara mais de três vezes o valor me partiu o coração. E o porquê explico.

A explicação é que estou percebendo, com um nó na garganta, que nuestros hermanos, pela má fase em que se encontram já há décadas, estão adaptando o tal do "jeitinho brasileiro". Kana me disse que ficou assustada ao ver que o taxímetro, de repente, começou a saltar velozmente... Mas não me disse nada. E eu, acostumado a taxistas intelectuais, filósofos, que falam de tudo e nos tratam com respeito e honestidade, nem pensei nada. Então, quando descemos e, após saber do roubo, dirigiamo-nos ao hotel, senti menos pelo valor que perdemos, visto que hoje um real vale 3,50 pesos, e mais pelo que estão perdendo os argentinos, que sempre foram em geral mais cultos e educados que nosotros. Me partiu o coração saber que os argentinos se "brasileirizam" (no sentido pejorativo da palavra) ao passo que nós, brasileiros, mesmo aumentando nosso poder aquisitivo, continuamos ignorantes.

um quartinho, um violão...
Estamos num hermoso hotelzinho chamado Sissi Haz Hotel, cujo dono é um simpático italiano, o que me permitiu desenferrujar um pouco meu tosco italiano. Almoçamos chorizo e bebemos vinho. Jantamos chorizo e bebemos vinho. Assim que, agora, às 2h da manhã, Kana dorme, 137,5% bêbada, enquanto eu, ainda bebendo vinho, ouço Piazzolla no youtube e escrevo. Já estamos na madrugada de 1º de maio, feriado, e, entre prós e contras, o primeiro dia foi proveitoso. Não sei se proveitoso é a palavra certa, diria mais que me serviu de aprendizado, triste aprendizado. Tudo aqui está muito caro, e, embora após fazermos as contas, percebamos que ainda nos sai barato, fico imaginando como sofrem os argentinos, pois pra eles os preços são absurdos, e a inflação abocanha tudo. Por isso entendo que eles prefiram comprar dólares e guardar debaixo do colchão a acreditar nos bancos. Bem, não há muito mais o que falar por hoje. Voy a terminarme esta copita y me duermo. Hasta mañana.

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Voltei. Ainda não dormi. Fiquei aqui pesquisando as pérolas do youtube e descobri uma participação de Piazzolla no programa global Chico & Caetano, e, quando percebi que ele tocava em pé, com o bandoneon sobre o joelho, lembrei-me de que estou lendo um belo livro chamado Argentinos e que, em certo trecho, seu autor, Ariel Palacios, um brasileiro de ascendência argentina, dizia que Piazzzolla foi revolucionário na Argentina sob vários aspectos, entre eles esse detalhe da postura, o que pros tradicionalistas era quase uma afronta, visto que eles sempre tocaram o instrumento sentados. Então, ao me deparar com a Argentina atual, queria dizer, antes de dormir: VIVA O DESRESPEITO!

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Amo a Argentina, mas juro que dessa vez estava querendo ir ao Ceará. Os valores me fizeram mudar de ideia... Está saindo muito mais caro ir a Fortaleza que a Buenos Aires. Bem, ontem não escrevi. Também, não houve o que escrever. Nesse feriado do Dia do Trabalho, descansamos bem, acordamos, demos umas bandas por Palermo Viejo até ultrapassarmos a linha do trem rumo a Palermo Hollywood, onde estivemos hospedados ano passado, e fomos matar as saudades da maravilhosa carne do Las Cabras, onde esperamos numa fila durante uma hora por uma mesa. Como sempre, a espera valeu a pena. A comida continua em dia. O ponto negativo foi que o estoque dos bons vinhos se acabou, por causa do feriado, e tivemos que nos contentar com um vinho razoável.

Kana, nachos y cerveza
Quando voltamos ao hotel nos deparamos com outro contratempo: o dono de um restaurante em frente achou por bem pôr o som no último volume. E o engraçado foi que praticamente não havia clientes, só ele, os garçons e uns dois ou três gatos pingados. Kana, que praticamente tem TOC em relação a barulho, me fez descer e fazer o pobre do Lorenzo (o tal do dono italiano) acionar a polícia (que não veio). Como Kana estava pra enlouquecer com o barulho, saímos (era por volta da meia-noite), tomamos um sorvete, caminhamos pela calle Honduras e chegamos a um charmoso bar chamado Espacio Dada Restobar, na calle... Jorge Luis Borges, onde pedimos uma jarra (!) de chope e ganhamos, na promoção, nachos com queijo. O lugar era uma mescla de rústico com chique, parecia uma velha fábrica, ou mesmo uma prisão, e o som que tocava era de primeira: jazz, rock, música latina, música francesa, rolaram até uns brasileiros. ¡Lo pasamos lindo! Voltamos ao hotel, e o barulho do pazzo (palavras del signore Lorenzo) continuava. Como não tínhamos mais o que fazer... dormimos.

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fondue no Época de Queso
Hoje pegamos um trem pra uma cidade vizinha, Tigre. A cidade é bem charmosa, tem até um cassino, só que, fora o cassino, quase tudo estava fechado. Conseguimos encontrar um restaurante chamado Época de Queso, onde comemos un rico fondue na companhia de um belo vinho. Na ida tínhamos pego uma linha mais cara, que beirava o rio. Na volta pegamos a linha "povão", e pudemos ver rostos tristes em profusão, roupas simples, sofrimento e resignação nos olhos, e, de quebra, um músico que cantou baladas cristãs a plenos pulmões. O rapaz parecia já ter sido bonito algum dia, mas hoje não passava de uma mescla de "pedrinha" com um hippie saído do túnel do tempo. As canções, embora de autoajuda, não eram de todo ruins, mas sua coragem, que era também desespero, causava certa aversão. Em determinado momento disse que morava havia 27 anos na rua e que aprendera a tocar e a cantar sozinho. E tome Jesus! Ouvir aquela boca meio banguela falar de Deus me deu uma raiva profunda, causada por uma injustiça social que faz dos miseráveis tolos. Aquele camarada estar ali, naquela situação, pregando, era um vinho amargo...

Tío Jhonny: fuja!
À noite, nova porrada. Essa viagem tem sido de porradas e flores. Kana havia pesquisado na internet sobre um restaurante peruano na calle Corrientes, um tal de La Cocina del Tío Jhonny, que, segundo contaram, era muito bom e barato. Chegamos lá, não havia ninguém além do dono e de um cozinheiro. Fui ao banheiro (imundo), não havia água, e notei mesmo uma cueca descansando em cima de uma divisória. A comida demorou uma hora (o dono chegou a sair pra comprar ingredientes). Por fim, não estava ruim, confesso, só demasiado apimentada, mas, quando pedimos a conta, mais de 300 pesos! Voltando ao hotel, o sr. Lorenzo nos disse que por aqui não pagaríamos mais de 150 por esse tipo de comida... Aproveitando, queria dizer de meu temor em relação aos chineses. Nove entre dez mercadinhos por aqui são deles. Um amigo brasileiro chegou a dizer que há um site onde podemos reservar apartamentos, que saem muito mais baratos que em hotéis, cujos donos são... chineses. Pra quem quer economizar, vale a pena. Ontem, feriado, tudo estava fechado, mas os mercados chineses estavam todos abertos. E os funcionários são, em geral, paraguaios ou bolivianos. Ou seja, os excluídos de lá dominando os excluídos de cá. Tenho muito medo desse povo trabalhando, enriquecendo, não se misturando com os locais, e gerando uma raça paralela na América do Sul. O que será disso tudo em, sei lá, cem anos?

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Piegari: pasta, vino y chorizo
Hoje já é segunda, 6/5. Vou tentar resumir os acontecimentos dos dois últimos dias. Sexta, dia 3, após o café da manhã fui até a Plaza Italia, diante da qual há uma feira de livros que abre de domingo a domingo. Feira de livros usados, expliquemos. Há uma infinidade de barracas oferecendo livros pra todos os gostos, e por um preço bem inferior ao das livrarias. Só que, como fazia um dia chuvoso, a maioria delas estava fechada. Comprei alguns e voltei ao hotel. Dali pegamos um táxi até Posadas, onde almoçamos no Piegari, um maravilhoso restaurante italiano que oferece belas massas, além da culinária argentina, claro. É um pouco caro, mas é uma opção de qualidade mais barata que Puerto Madero. Fartamo-nos de chorizo e macarrão com molho branco, além de um excelente vinho. De vez em quando nos lembrávamos do mano Élio Camalle, que, quando veio conosco a Buenos pela primeira vez, há uns dois anos, almoçou ali e chegou às lágrimas de emoção e felicidade. Os prazeres da gula também causam orgasmos.

¿bailas?
De lá fomos pra Corrientes com Suipacha, onde fica a Confitería Ideal, um café de dois andares onde há bailes de milonga à tarde e à noite. Trata-se de um bailão da terceira idade, onde figuras expressivas que parecem saídas de um filme (ou de um livro) se esbaldam dançando horas a fio. Eu não parava de olhar praqueles rostos, enrugados, mas cheios de dignidade e orgulho. Havia gente de 50 e poucos anos, mas eram minoria. A maioria devia ter de 60 pra cima. Todos bem-vestidos e exímios dançarinos. Entre as mulheres havia algumas cuja beleza permanecera praticamente intacta com os anos, ao passo que outras pareciam já com um pé na cova. Mas todas exalando sensualidade. Visto que ali não estavam seus filhos e netos, davam-se o direito de manter um comportamento quase adolescente, naquele lugar, digamos, proibido pra menores... de 40(?). Eu e Kana, claro, só lhes assistimos.

Nessa noite não saímos, pois o almoço valera pela janta. Compramos um belo vinho num chinês e o matamos, tendo por tira-gosto um pacote de (deliciosas) batatas fritas. Sábado de manhã fizemos as malas, deixamo-las no hotel, e saímos pra bater perna. Como fazia um belo dia de sol, voltei à feira de livros e, dessa vez sim, comprei uma penca deles. Em frente estava acontecendo a Feira Internacional do Livro, mas nem lhe dei bola, feliz da vida com a feirinha diária. Tínhamos marcado de encontrar nossa amiga Marcela Viciano no Las Cabras, pra almoçar, mas, como ela não aparecesse, sem termos sinal de celular, a fome falou mais alto e acabamos indo a outro restaurante, pra última refeição em Buenos.

foto tirada da sacada do Dada
Voltamos a pé pro hotel e passamos novamente pelo Dada, e descobrimos que de dia funciona ali uma loja de artigos de vestuário em geral. Como ainda estava cedo, matamos a última jarra de chope antes de voltar ao hotel, onde um simpático e falante Lorenzo nos aguardava. Depois, táxi, avião, táxi e lar, doce lar. Marcela me escreveu dizendo que, como tivera ensaio mais cedo, e este atrasara, acabou chegando lá às 16h20. Por vinte minutos deixamos de nos ver. No entanto, num e-mail ela resumiu minha frustração dizendo que Buenos Aires não estava nem melhor nem pior que sempre, estava igual. Apenas que dessa vez eu havia sentido na pele, pela primeira vez, o que tantos outros turistas já sentiram outras vezes. Fiquei um pouco envergonhado, pois tive de admitir que só criticamos algo quando a vítima somos nós. Ou seja, o que aconteceu conosco ali poderia ter acontecido no Rio, em Nova York, em Paris... O fato é que inventei uma Buenos Aires "romanceada" em minha imaginação, e a vida, seja em Paris ou na Bela Vista, não anda pra romances...

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io (, Noel) ed il signore Lorenzo
PS1. Aquisições literárias: Los siete locos (Roberto Arlt), La fiesta del chivo (Mario Vargas Llosa), El mundo (Juan José Millás), El atroz encanto de ser argentinos 2 (Marcos Aguinis), El Che Guevara - la biografía (Hugo Gambini), Ficciones (Jorge Luis Borges), La historia del tango - Carlos Gardel (vários autores) e Confieso que he vivido (Pablo Neruda). Queria ter comprado mais, mas minha biblioteca anda abarrotada de livros que ainda não li... Ah, e terminei de ler Dormir al sol, de Adolfo Bioy Casares (presente antigo de Marcela), fenomenal! Recomendo!

PS2. Todas as fotos foram tiradas por Kana, exceto aquela em que ela aparece (lógico), tirada por este escriba.

PS3. Esqueci de citar Paula, o braço direito do sr. Lorenzo, e prova viva de que simpatia e eficiência podem caminhar juntas.

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12 comentários:

  1. Bela crônica de viagem, parceiro!
    Besos,
    Danny.

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    1. Querido LÉO: Amei. Honduras foi a rua em que fiz show no Palermo início do ano passado, junto com Marianna Leporace. ... no La Baila, indicado pela mesma Marcela Viciano de sua história, que também me levou a um belíssimo show de um cantante argentino, de cujo nome me não lembro agora, mesmo pesquisando nos gúgols da vida... noutra hora lembrarei... Beijo e LUz
      A foto de Kana não foi feita por ela, foi?!

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    2. Valeu, Tato!

      È vero. A foto da Kana fui eu que tirei. rs

      Ah, a Marcela respondeu abaixo sobre o cantante argentino.

      Beijos,
      Léo.

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  2. Leo! cuantas reflexiones me genera tu texto!
    Lo primero que me viene a la memoria es un tango super famoso de Discépolo , que amén de ser bastante depresivo, sabía retratar increíblemente a los personajes e historias porteños.El tango en cuestión es Cambalache, lo conoces? (goglealo, diría Tato Fischer!!)
    Ahi se ve , que desde hace mucho tiempo conviven en la sociedad argentina la tristemente llamada "viveza criolla"("el que no llora no mama y el que no afana es un gil" Discépolo.)con la corrupción nuestra de cada día, con las personas honestas que intentamos vivir de otra manera.
    Las grandes ciudades y los abusos a turistas....un clásico.
    También noto que frecuentaron lugares muy "para turistas" o en el caso del restaurante peruano, muy feos y que se aprovecharon de uds igual que el taxista.Que triste!!
    me hace pensar en el enamoramiento, cuando en principio uno solo ve las virtudes del ser amado, hasta que descubre la otra parte, lo desagradable que mora en cada uno de nosotros y en las sociedades como reflejo de lo que somos.Y entonces quizá sucede....acaba el enamoramiento y surge el amor.Quizá te estes desenamorando de nuestro país y quizá , llegues a conocerlo mas profundamente y a amarlo aceptando también su lado oscuro.

    buena crónica amigo! lamento no habernos visto
    La próxima dejenme ser su guia de turismo!!

    El músico que fuimos a ver con Tato es Lisandro Aristimuño , a quien casualmente mañana iré a ver al teatro.

    abrazos!!

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    1. Hola, Marce!

      Bellísimo contrapunto tu comentario. Y me gustó sobre todo esto de acabar el enamoramiento para dejar surgir el amor. Creo que ya me está pasando eso. Sobre Cambalache, sí que lo conozco. Es un clásico! Igual ya sabía acerca de lo desagradable en Argentina por el libro de Aguinis, "El atroz encanto de ser argentinos". De esa vez me compré su según volumen.

      En cuanto a que fueras nuestra guía, lo que pasó fue que no quisimos tomarte tanto el tiempo, ya que tenés también tu trabajo. Habrá otras oportunidades, seguro.

      Besos,
      Léo.

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    2. los espero cuando gusten!! y en cuanto al tiempo de mi trabajo...sabes que soy una especie de privilegiada que cuenta con tiempo libre!!

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  3. LÉO y MARCELA:
    Que maravilha o tal Lisandro Aristimuño: como o quisera ver novamente!
    Uma hora ainda nos encontraremos todos em Buenos Aires...

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    1. Tato, cê tá falando tanto do cara, que vou ter que procurá-lo no youtube. rsrs

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  4. Hola Leo .... qué aventuras las que tuvieron tú y Kana en Buenos Aires.... pero bueno .. todo salió bien.

    lo del cobro exagerado desde el aeropuerto ... eso pasa mucho ... pues aquí también es muy común.... aunque la economía colombiana no está tan mala, los taxistas se aprovechan del turista... qué mal.... zunque aquí, nos es 3 veces mas caro, pero igual, es un poco subido el precio....


    no sabia que en Argentina estaba tan mal todo .. .me impresionó cuando cuentas sobre el barrio pobre..... que horror.... lo que hacen las malas administraciones.....

    me gustó mucho tu texto...... siempre he escuchado que la carne y el vino de Argentina son los mejores... y por eso he querido ir y disfrutrar..... (unos amigos de la universidad estuvieron viviendo un tiempo en Buenos Aires y lo confirmaban).... qué bueno que comiste de lo lindo...

    chévere lo de la discoteca de las personas mayores.... aquí también hay... se llaman viejotecas.... hihihi

    me alegra mucho lo de su viaje... espero que vengan por aquí también.... donde tienen las puertas abiertas....

    muchos saludos y abrazos...
    javier
    ^_^



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    1. Hola, Javi!

      Sí, muchas aventuras! Pero si no conoces Buenos Aires, te cuento que vale la pena, a pesar de todo. La ciudad es hermosísima, hay el tango, la carne, el vino, la atmósfera de sueño, y, sí, la gente, que es muy buena onda, incluso mi amiga Marcela, una bella cantautora.

      Sobre el "barrio pobre", no escribí exactamente sobre un barrio, sino sobre una linea de tren que lleva la gente simple desde Tigre hasta el centro de Buenos Aires (y viceversa), pero igual es muy triste (aunque eso por acá pasa igual).

      Me encantó lo de la viejoteca. Y supongo que "zunque" sea "aunque", verdad? Jijiji!

      Un abrazazo,
      Léo.

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