domingo, 25 de novembro de 2012

Trinca de Copas: 14) Hermannd Coutinho, Lúcia Santos (+ Kana e Lis Rodrigues) e Marcio Policastro

1) BACANTE

Não é segredo pra ninguém a admiração que tenho pela poesia tão pessoal de Lúcia Santos. Foi ela, a poesia, a responsável pela amizade que veio depois. E assim, de modo a me sentir também seu parceiro, que acabei "terceirizando-a", ou seja, apresentei-a a parceiros meus, como Adolar, Camalle, Clarisse e Kléber, que tiveram o privilégio de musicar alguns de seus poemas (tô me repetindo, eu sei...).

Eu, de minha parte, enquanto Lúcia morou na terra da garoa, sempre a convidei, diria mesmo provoquei, a fazer algo a quatro mãos, mas ela, tão ousada nos versos, se punha pudica na hora de tecê-los na frente de outrem. Assim que tive que mudar de estratégia. O primeiro passo foi roubar-lhe um poema e acrescentar-lhe versos, cujo resultado foi musicado por Marcio Policastro. Ainda trarei tal canção a este espaço.

Mas não é dela que queria tratar agora. Lúcia tem um blogue, Nu Frontal com Tarja, que ela vem deixando de lado ultimamente, encantada que está com o facebook, mas foi lá que li muito de sua obra recente ainda não publicada. E foi lá que, certa vez, deparei-me com um poema chamado Bacante, pequeno, mas repleto de sua verve. Lendo-o, senti cheiro de música. Imprimi-o e fiquei com ele no bolso alguns dias, como se fosse um talismã. Às vezes o relia, cheguei mesmo a decorá-lo, até que...

... num daqueles dias fui tomado por minhas raízes nordestinas e comecei a cantarolar o tal poema numa cadência de xote. E vi que, apesar de simples (como costumam ser os xotes), havia algo, digamos, bacana, naquela melodia. E com um quê de teatral, como é também Lúcia, no palco. Em outra oportunidade, estando em casa Lis Rodrigues, convenci-a a fazer ali, na hora, uma gravação desse xote, pra que eu o mostrasse a Lúcia e pra que constasse de meus arquivos. Kana desvendou-lhe os acordes e a acompanhou ao violão. O resultado é o que segue. Provavelmente sua letra merecia canção melhor, mas fiz o que pude. E, querem saber?, curti. Ei-lo:

BACANTE

Sou bacana
Discípula de baco
Sou sacana
Se enchem (o) meu saco
Sou cigana
Não caio (em vão) no vácuo
Venho e vou
Sou mais do que tenho
Por isso dou

***

2) DIFERENÇA

Tenho notado que a originalidade anda em baixa. Todo mundo quer ser igual. Começando pelos jovens. Ah, mas os jovens de todas as épocas sempre quiseram ser iguais (também me incluo a mim em minha época de fã de RPM). O problema maior é quando isso não "sara" com o tempo. Os adultos também andam muito iguais. E, ó, não vou nem falar de música, senão teria que escrever um texto só pra isso. E o pior é que esses programas de voices não sei das quantas, que andam à caça de novos cantores, estão formando uma escola norte-americana de interpretação. Gogó, 10; interpretação, zírow!

Voltando: até os casais estão meio iguais. Talvez (isso é puro achismo) por causa da competitividade, as pessoas estejam lendo mais autoajuda pra se sentirem confiantes e acabam acreditando que são tão especiais, que só se realizam achando outra que pense, fale, aja, vista etc. igual a elas. E não estou nem me referindo aos relacionamentos homossexuais, que até por princípio estariam mais próximos ao assunto, não! Os héteros também!

Daí que outro dia me peguei pensando nisso e acabei compondo uma letra meio assim-assim que, na hora de pensar "deleto ou não deleto", deixou-me tomado de carinho por ela (como uma mãe que na hora H desiste de abortar) e a salvei. Daí a mandei pra Marcio Policastro, que não é um Ivo Pitanguy, mas costuma, por meio de uma boa melodia, aplicar uns silicones e uns botox em tais letras, fazendo-nos crer, no final, que são melhores do que realmente são. Mas, feias ou bonitas, viva a diferença! A ela, pois:


DIFERENÇA
Marcio Policastro - Léo Nogueira

É mais do que carne, é carma
É mais do que transa, é transe
É mais que real, é alma
É mais que romance

É mais do que sintonia
É mais que sintoma
É mais do que alguém diria
Em qualquer idioma

Dois seres inconsequentes
Bem mais do que dois amantes
Ninguém é igual à gente
Nem ninguém foi antes

Por mais que eu não solucione
Se é prosa ou poesia
Não carece telefone
É telepatia

Nem bem eu falei, você pensa
Nem bem eu sarei, é doença
Unidos, não pela crença
Pela diferença

***

3) A ÚLTIMA CEIA

Se eu fosse político tentaria impor uma lei que obrigasse que a carga horária diária de trabalho não ultrapassasse as seis horas. Avançamos tanto tecnologicamente e cientificamente falando, mas não temos tempo pra aproveitar tanto avanço. Os amigos não se veem (basta-lhes dar um oi no fb), praticamente não lemos mais, o fim de semana passa cada vez mais rápido... Daí que, quando nos damos conta, lembramo-nos de amigos que não vemos há um milhão de anos...

Dia desses vi, no bate-papo do gmail, um parceiro de quem eu não tinha notícias havia anos com a luzinha verde de disponível. Não costumo fazer isso, mas chamei-o pra dar um alô. Pra resumir, ele me contou que havia tido um problema de saúde sério ano passado e que praticamente "saíra do ar" pra se tratar. Agora já está melhor, mas ainda não cem por cento restabelecido. Fiquei chocado. O cara poderia ter morrido sem que nem eu nem outros amigos em comum déssemos por isso. Podia ter sido comigo, podia ter sido com você que me lê (todos estamos sujeitos a ter um piripaque da noite pro dia)!

O papo acabou me lembrando de uma canção nossa da qual gosto muito, daí, como não a tenho em meus arquivos, pedi pra ele ma enviar, pra eu postá-la aqui. Ah, o nome do gajo: Hermannd Coutinho. Hermannd dedicou-se durante anos, com Klau Evangelista, à bela dupla A Rosa di Zínco, que tem um trabalho muito bom dentro do pop nacional. Qualquer dia tratarei dela. Por ora, conto como nasceu a canção que segue: Hermannd é daqueles fanáticos por musas do cinema e sempre compõe canções em homenagem a elas (cá pra nós, acho que ele é meio taradão por elas). Certo dia me mandou uma melodia e foi taxativo: "Tem que ser uma homenagem à atriz Halle Berry. Assista ao filme A Última Ceia, depois faça a letra!"

Achei um tanto engraçado, mas obedeci. E tenho que lhe agradecer, o filme é ótimo (recomendo!), as interpretações, soberbas, e a atriz, bem, não preciso me complicar adjetivando o óbvio, né? Enfim, ouçam a canção (e perdoem o Hermannd, que como cantor é um bom violonista. Hahaha! Brincadeira, Coutinho!). Lá vai ela:

A ÚLTIMA CEIA
Hermannd Coutinho - Léo Nogueira

O Polo Norte em chamas
O pé pisando sem ter o solo
A cor de cobre do colo
O demo dentro do dalai-lama
É você


O abraço do breu
A fome da freira
A febre da feia
Meu coração cumprindo pena em seu peito

A obra-prima de um louco
Onde o palhaço perdeu o riso
Serpente em meu paraíso
O mundo inteiro seria pouco
Sem você

Delírio de Deus
Canção da sereia
A última ceia
Meu coração cumprindo pena em seu peito

***


6 comentários:

  1. SE TEM ALGUÉM QUE EU POSSO CHAMAR DE AMIGO ESSE ALGUÉM CHAMA-SE HERMANND COUTINHO AGRADEÇO A DEUS POR TER CONHECIDO ESSA PESSOA MARAVILHOSA E TER ME TORNADO SEU AMIGO
    POUCAS PESSOAS NESSE MUNDO TEM O CARÁTER E A SERIEDADE QUE ELE TEM

    OBRIGADO HERMANND POR SER MEU AMIGO MESMO A DISTANCIA A GENTE AINDA TROCA IDEIAS
    VALEU UM ABRAÇO
    DEUS TE ABENÇOE
    SE CUIDE

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    1. Valeu pela visita, João Honorato. O Hermannd merece mesmo suas palavras.

      Abraço,
      Léo.

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  2. Pô taí...

    Só mesmo pelo seu blog pra saber das news...

    Também faz um século que não trombo com o Hermannd!!!!!!!!!!!!!!!!... Putzzzzzzzzzzzzzzzzzz!!!!!!

    Valeu Léooooooooooooooooo!

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    1. Valeu, Moreirinha!

      Abração direto da redação da
      Léo's News (hahaha!).

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  3. O Hermannd é um ser de LUZ que Deus enviou para topar no meu caminho, mesmo que virtualmente.
    Conheceu meu trabalho através do my space e quando começamos a ter contato e soube que eu estava numa decepção com a carreira e pronta para deixar o barco ele se largou a enviar seus MIMOS com shows de divas da música para que eu visse o quanto é lindo cantar e encantar os outros.
    O mais interessante nisso tudo não é fato de ganhar os mimos, mas sim saber que lá em São Paulo existe um cara que se importa muitoo comigo, e que não quer me ver triste, e que também não admite me ver parar de cantar. É um 'cara' que eu nunca cruzei pessoalmente, mas ele sempre lembra de mim, e quando ele esteve doentinho e ficou "desaparecido" das redes sociais confesso que bateu um dor tão grande, uma sensação de perda e uma preocupação enorme por não saber ONDE ESTAVA O HERMANND!
    Um ano e tanto sem ter notícias do querido Hermannd, de repente ele dá um sinal de fumaça... e aí eu é que quase infarto de felicidade. Mesmo sabendo de todas as pendengas que ele passou, eu te digo: isso serviu para que o Hermannd visse quem são seus amores verdadeiros,seus amigos do peito, aqueles que estão por ele.
    E ele pode ter certeza de que aqui no Sul existe uma família linda que o ama de verdade!

    Um beijo no teu coração querido.

    Cristiana Pretto.

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    1. Oi, Cristiana!

      Acho que você nem se lembra mais de mim, mas fui indiretamente responsável por você conhecer o Hermannd, ainda nos tempos do finado orkut. Fico satisfeito por saber que esses meios virtuais conseguem fazer brotar amizades verdadeiras.

      Beijo,
      Léo.

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