sábado, 7 de maio de 2011

Joaquín Sabina en Portugués: 3) Ricardo Moreira e a versão de "Y sin embargo"


Ricardo Moreira virou cantor por força do destino. Baterista e gaitista, belo letrista que, quando não acha quem musique suas letras, também se vira bem como melodista, começou como membro (baterista e compositor) da banda Salada Mística. Aos poucos as verduras se mandaram e ficou ele só com a mística. Daí o jeito foi virar cantor. As histórias variam, mas o Brasil tem um vasto leque de cantores "por acidente". Moreirinha vem aumentar esse leque. De quebra, tem se mostrado bom arranjador nas gravinas caseiras que exercita durante os intervalos das aulas que dá (como eu, é letrista profissional - formado em Letras -, mas ele vestiu o avental de professor, enquanto eu fui me ajustando em paletós alheios). Essa junção de fatores me levou a crer que sua escolha pra gravar Y Sin Embargo seria acertada. Meu faro não me enganou. Foi. Com alegria recebi sua gravação, e até as "traves" me gustaron. Contou-me ele que gravou numa sexta-feira, depois de uma semana de aulas dadas a turmas de sextas séries. Daí a voz rouca e falha. Genial! Nada mais sabinístico! Sabina tem uma voz que seus inimigos podem apelidar de "taquara rachada", gasta com noitadas, bebedeiras, mulheres e outros pós. A voz de Moreira tá nesse pique, pero sin perder la ternura... ¡jamás!

Y Sin Embargo é uma de minhas canções preferidas de Sabina (acho que vou falar isso de muitas, mas esta é MESMO!), lançada em seu, na minha opinião, melhor disco, Yo, Mi, Me, Contigo (1996). Já falei sobre ele no texto anterior. Inclusive, Tan Joven Y Tan Viejo também é desse disco. Pra ser bem sincero, como já me caguetei no tal texto anterior, tinha pensado em Marcio Policastro pra gravar a versão de Y Sin Embargo, mas como as coisas tomaram outro rumo, provando que o destino sabe das coisas, ficamos todos felizes, pois o reserva Moreirinha entrou e fez o gol da vitória. Aliás, golaço! Mas mudemos de esporte ou vou me lembrar de Coritiba Palmeiras... ¡Ay!

Ricardim chegou a me confidenciar noutro e-mail que a canção havia "entrado nele". Mas esta canção é de "entrar" mesmo. No também já citado disco ao vivo Nos Sobran Los MotivosSabina a canta, e a euforia é tanta que, quando a canção acaba, a plateia continua cantando o refrão, forçando a banda a recomeçar a tocá-la, pra prazer de Sabina, que lhes manda um "¡olé!". E o tema da letra é muito interessante e corajoso, principalmente em tempos do politicamente correto. Bem, deixo-os com o link pra ouvir a gravação de Ricardo Moreira mais a letra da versão seguida da letra original e, por último, um vídeo da gravação original com el flaco. Ah, ia me esquecendo de dizer que se eu traduzisse o título (Y Sin Embargo) pro português ao pé da letra, teríamos algo como um bizarro E No Entanto. Então ousei e roubei de um verso um título mais sacado, e que tem mais a ver com a letra: Guerra Fria:

GUERRA FRIA
Pancho Varona Antonio García de Diego Joaquín Sabina/versão: Léo Nogueira

Você bem sabe que foi sempre a primeira
Que eu não minto ao jurar que te daria
A minha vida inteira, a minha vida inteira
Mas se a ocasião me propicia (já viu...)
Te traio só por brincadeira, te troco por qualquer rameira

Nem tão arrependido nem encantado
De ter te conhecido, eu confesso
Você, que tanto tem dado seus lábios ao pecado,
Sabe melhor que eu que os excessos
Valem o preço do leite derramado
No leito profanado

Porém, um lar sem você é uma emboscada
Triste trilho sem trem, de madrugada
Um labirinto sem luz nem vinho tinto
O medo num olhar mirando o nada
E eu me enveneno com os beijos que vou dando
E, no entanto, quando me sinto só, te telefono
E pras outras, quando eu te tenho ao lado
Mas, sem você, eu subo nos telhados
Como um gato sem dono
Quando o luar me envolve com o seu manto
Que encharco sem manchar o seu encanto

Mas eu preciso contar: quando estou farto
E me tranco em um quarto de hotel
À meia-noite abro um vinho português
E ceio à luz de velas como os reis
A companhia, meu bem, nunca é a sua
E a vida continua

Porém, um lar sem você é uma oficina
Um mercado onde a fila não termina
Uma caveira em algum museu de cera
Uma invasão de aves de rapina
E eu me enveneno com os beijos que vou dando...

Mas seu retorno traz festa ao meu ninho
E bailes sem orquestra
E ramos de rosas com espinhos
Mas nós dois nunca fomos um mais um
E de manhã já volta a ser comum
A velha guerra fria
E o céu da sua boca é um purgatório
E o dormitório é um pão que não sacia
E eu me enveneno com os beijos que vou dando...

A original:

Y SIN EMBARGO
Pancho Varona Antonio García de Diego Joaquín Sabina

De sobra sabes
Que eres la primera
Que no miento si juro que daría
Por ti la vida entera, por ti la vida entera.
Y sinembargo un rato cada día
Ya ves
Te engañaría con cualquiera
Te cambiaría por cualquiera

Mitad arrepentido y encantado
De haberme conocido, lo confieso
Tú que tanto has besado tú
Que me has enseñado

Sabes mejor que yo
Que hasta los huesos
Sólo calan los besos que no has dado
Los labios del pecado

Porque una casa sin ti es una embajada
El pasillo de un tren de madrugada
Un laberinto sin luz, ni vino tinto
Un velo de alquitrán en la mirada

Y me envenenan los besos que voy dando
Y sin embargo cuando duermo sin ti
Contigo sueño,
Y con todas si duermes a mi lado,
Y si te vas me voy por los tejados
Como un gato sin dueño
Perdido en el pañuelo de amargura
Que empaña sin marcharla tu hermosura

No debería contarlo y sinembargo
Cuando pido la llave de un hotel
Y a medianoche encargo
Un buen champán francés
Y cena con velitas para dos
Siempre es con otra, amor, nunca contigo
Bien sabes lo que digo

Porque una casa sin ti es una oficina
Un teléfono ardiendo en la cabina
Una palmera en el museo de cera
Un éxodo de oscuras golondrinas

Y me envenenan los besos que voy dando
Y sin embargo cuando duermo sin ti,
Contigo sueño.
Y con todas si duermes a mi lado
Y si te vas, me voy por los tejados
Como un gato sin dueño,
Perdido en el pañuelo de amargura
Que empaña sin mancharla tu hermosura

Y cuando vuelves hay fiesta en la cocina
Y baile sin orquesta
Y ramos de rosas, con espinas
Pero dos no es igual que uno más uno
Y el lunes, al café del desayuno, vuelve la guerra fría
Y al cielo de tu boca el purgatorio
Y al dormitorio el pan de cada día

Y me envenenan los besos que voy dando...

***


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7 comentários:

  1. Parceiraço!!! Adorei tua interpretação. A versão do Léo eu já tinha visto e gostado. Achei que caiu com uma luva. Gostei também da produça.

    Parabéns pros meus dois parceiros.

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  2. Salve, Poli! É, rapá, parece que nesse projeto, de bobo só eu! Hehe! É, mano Moreira (não confundir com Menezes) arrebentou!

    Abração do
    Léo.

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  3. alguem canta esta musica em portugues?? tem video??

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  4. Olá, Ferrio. Como vai? Há três canções de Sabina em português onde está escrito "pra ouvi-la, clique em: Caiubi". O link é a palavra "Caiubi". Pra facilitar, é este:

    http://clubecaiubi.ning.com/profile/LeoNogueira

    As canções são "Y Sin Embargo", "Tan Joven y Tan Viejo" e "Más Guapa que Cualquiera". Estão na sequência. Esta semana, mais tardar semana que vem, devo postar "Contigo".

    Abraço do
    Léo.

    P.S. Vídeo não tem... ainda.

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