Meu mano Élio Camalle não mudou só de CEP, afinal, mudancinha pouca é bobagem. Aproveitou a mudança e se mandou logo pra França, onde passa a maior parte do ano. Assim, como cada vez é mais raro vê-lo, tenho aproveitado estes meses em que ele tem dado novamente o ar da graça por aqui pra retomarmos a antiga parceria.
E, como sempre tivemos nossas diferenças, retomamos também as velhas tretas. Contudo, como acho que tal detalhe da amizade já faz parte dela indelevelmente, resolvi compartilhar com vocês três novíssimas canções de nossa lavra, oferecendo-as a ele, em sinal de paz... e amor:
E, como sempre tivemos nossas diferenças, retomamos também as velhas tretas. Contudo, como acho que tal detalhe da amizade já faz parte dela indelevelmente, resolvi compartilhar com vocês três novíssimas canções de nossa lavra, oferecendo-as a ele, em sinal de paz... e amor:
1) ADIVINHA
A maioria de meus parceiros me pede letra e a musica. Assim que raramente tenho o privilégio de me divertir com uma melodia. Daí que, faz poucos dias, quando Camalle pegou o violão pra me mostrar a melodia dessa canção, mais que rapidamente comecei a gravá-la. E resultou que passei praticamente duas noites em claro tentando encontrar versos que conversassem com ela. Na real, acabei fundindo elementos de minha biografia com outros da dele (espero que seus filhos não a proíbam), e o resultado é este abaixo:
A maioria de meus parceiros me pede letra e a musica. Assim que raramente tenho o privilégio de me divertir com uma melodia. Daí que, faz poucos dias, quando Camalle pegou o violão pra me mostrar a melodia dessa canção, mais que rapidamente comecei a gravá-la. E resultou que passei praticamente duas noites em claro tentando encontrar versos que conversassem com ela. Na real, acabei fundindo elementos de minha biografia com outros da dele (espero que seus filhos não a proíbam), e o resultado é este abaixo:
ADIVINHA
Quem é geminiano sagitário
A letra que viria após o z no fim do abecedário
Quem é o tempo entre os temporários
Peão e rei nesse xadrez de peixes no aquário
O ser mais marginal dos operários
Que salta os dias úteis mais inúteis do seu calendário
Quem é o dia D do seu diário
Camaleão canário, sempre é seu aniversário
Um mar sem terra à vista, um pobre milionário
Que faz canções de amor sem bem-querer,
Um porra dum artista, um vesgo visionário,
Um cara que carece de ser
Quem é
Quem é ateu e usa escapulário
Que mente, mas só quando são as horas em que é necessário
Que diz o que não tem no dicionário
Universal que não foi universitário
O único porque sabe ser vários
Que entre a multidão se multiplica pra ser solitário
Só eu e Deus sabemos quem é páreo
Pra quem se faz de sol em noites de cenário
Um mar sem terra à vista, um pobre milionário
Que faz canções de amor sem bem-querer,
Um porra dum artista, um vesgo visionário,
Um cara que carece de ser
Quem é
***
2) IMPROVISO
Geralmente componho letras já pensando na pessoa pra quem as vou mandar, só que vez em quando pinta uma exceção à regra e não penso em ninguém em particular. Estas acabo deixando como letras-curinga, ou seja, aquelas a que, numa urgência, posso recorrer. Improviso foi uma dessas. Havia composto fazia algum tempo, e estava ela guardada, quase perdida, em minha caixa de mensagens, até um dia em que...
Temos um teclado bem bacana em casa, e Camalle, quando está por aqui, aproveita pra testar seus dotes de "pianeiro". Há alguns dias lá estava ele debruçado sobre o dito cujo, e percebi que estava prenhe de ideias melódicas. Então não me fiz de rogado, saquei de improviso o ás da manga, ou seja, a Improviso, e mostrei-lhe, como quem não quer nada.
Cinco minutos depois ela já estava praticamente pronta. E ficou, modéstia às favas, duka! Com uma pegada nervosa, enfim, aquele jeitão de hit. E ele, fazendo graça, tocava-a ora ao violão, ora ao teclado. Aproveitei, pois, esse momento de descontração, diria mesmo de espontaneidade, e, de improviso, resolvi gravar seu improviso. ... aliás, nossa Improviso. Portanto, peço que entrem no espírito, relevem certo aspecto caótico da gravação, e entrem nessa viagem. Afinal, navegar é preciso; viver é...
IMPROVISO
Meu lema é abusar da sorte
Meu remo, bússola ignora
Eu marco encontro com a morte
Porém, no dia, perco a hora
Mando na frente o motorista
E aí, tranquilo, vou a pé
Apreciando bem a vista
Colhendo o que der e vier
Não me contento com ferrari
Meu lema é abusar da sorte
Meu remo, bússola ignora
Eu marco encontro com a morte
Porém, no dia, perco a hora
Mando na frente o motorista
E aí, tranquilo, vou a pé
Apreciando bem a vista
Colhendo o que der e vier
Não me contento com ferrari
Eu tenho outras ambições
Quero que o coração dispare
No encalço de outros corações
Com tanta gente indo a mil
Sem nem saber aonde vai dar
Eu vou sereno como um rio
Que, quando morre, vira mar
Navegar é preciso
Viver é improviso
Quero que o coração dispare
No encalço de outros corações
Com tanta gente indo a mil
Sem nem saber aonde vai dar
Eu vou sereno como um rio
Que, quando morre, vira mar
Navegar é preciso
Viver é improviso
***
3) SONHO MAIOR
Já comentei aqui que lavar louça pra mim é um momento muito especial. Não pela louça em si, mas porque aproveito pra ouvir entrevistas no youtube (ouvir: meu iPod fica no bolso), ouvir novos discos, escutar aquelas melodias que estão aguardando letras minhas e pras quais a letra surge nessas horas... Enfim, é possível que a água que limpa a sujeira da louça acabe limpando a mim também e me deixe num estado espiritual propício à criação.
Foi assim que, há alguns dias, enquanto lavava a louça, ouvia o novo CD de Celso Viáfora (Amores Absurdos – e boa música sempre me inspira), e eis que uma ideia estalou em meu cérebro, daí parei tudo, peguei papel e caneta, e comecei a desenvolvê-la. Só que a danada já surgiu com melodia. Isso ocorre comigo com mais frequência do que vocês imaginam, só que a maioria delas serve apenas pra sentir a pulsação da letra, porém esta não me pareceu de todo ruim.
Assim que a gravei, e acabei mandando letra e música pra Camalle, dando-lhe a liberdade de jogar esta fora e aproveitar aquela. E não é que ele curtiu? Quando, por fim, ma mostrou, havia dado aquele upgrade na melodia, harmonizara-a e, de quebra, consertara uns versos. Ficou singela, mas não simplória. Espero que curtam. A ela, pois:
SONHO MAIOR
Era um tempo que passou
No meu sonho eu cabia
Ele era o meu lençol
Era a minha estrela guia
O meu sonho me levou
Pra ver mar morrer na praia
E pra ver nascer o sol
Do meu sonho eu fui cobaia
Vi o mundo de meu Deus
Vi a neve que caía
Mas não vi que o sonho meu
Decrescia dia a dia
Eu fiquei maior que o sonho
Nele eu já não me cabia
E hoje nem sei onde ponho
Tanto sonho sem valia
Fui ficando gente grande
E o sonho, pequenininho
Hoje, pronde quer que eu ande
Deixo o sonho lá, sozinho
Ontem, tive um sonho às três
E acordei banhado em suor
Quando a gente cresce, é vez
De sonhar sonho maior
***
Estou realmente revendo meus sonhos pequenos agora... e pensando que vou por o marido pra lavar pratos o resto da vida dele... vai que ele aprenda/se inspire a fazer algo assim?
ResponderExcluirHahaha! Stela, querida, tome cuidado! Esqueci de acrescentar o lado ruim da coisa: por causa das composições que pululam, o ato de lavar a louça pode demorar de duas a três vezes mais! rs
ResponderExcluirBeijos,
Léo.