Pela segunda vez em Buenos Aires, (bem) acompanhado por Kana e Élio Camalle, passei cinco memoráveis dias que me resultaram como uma injeção de ânimo na alma. Com o real valendo cerca de 2,50 pesos, o prazer de desfrutar em boa companhia uma suculenta refeição com um bom vinho era redobrado. Contudo, esteve sempre presente certo constrangimento de, digamos, novos ricos, pois não é sem dor que nos deparamos com gastos excessivos assistindo a um país tão belo passar por tamanha crise.
Um país onde taxistas são pessoas cultas é sempre um bom parâmetro social. Encontramos um recepcionista de hotel que tocava bateria e, inclusive, já tinha sido jogador de futebol profissional. O prédio do Governo estava com sua frente coberta por uma foto gigante de seu maior romancista, Ernesto Sabato. Fiquei pensando: se o mesmo ocorresse no Brasil com, por exemplo, Machado de Assis, quantas pessoas poderiam identificá-lo? Aliás, o mais provável é que a foto fosse de Paulo Coelho, que nos representa com mais autoridade... Na calçada de uma praça havia letras de canções que citavam a cidade, uma delas, de Joaquín Sabina (Con la Frente Marchita). Impensável por aqui, não?
Minha querida amiga e parceira Marcela Viciano, sempre prestativa, levou-nos a alguns interessantes lugares, como La Catedral, onde dão aulas de tango seguidas de baile e, por último, uma banda toca tangos ao vivo. Ali, sem querer, inventamos mais uma piada pra uso particular, a dos "dos pesos", mas não a vou explicar, pra que continue sendo pra uso particular.
Marcela nos levou também a um charmoso restaurante no bairro de San Telmo chamado El Federal, onde passamos bem demais da conta. Aliás, San Telmo parece o Bixiga dos velhos tempos (bem velhos, infelizmente). E, por último, ainda marcou pra Kana e Camalle um pocket-show que finalizou a noite autoral do Caiubi argentino. E falar em Caiubi argentino é algo que me enche de orgulho, pois fui eu quem a apresentou ao nosso, que lhe agradou tanto a ponto de fazê-la "comprar" essa ideia.
| Cinthia e Rodrigo (CYR Dúo) |
Esqueci de dizer que o lugar era uma charmosa livraria, a Librería-Bar Sudeste, bem no coração da tão cantada avenida Corrientes, à altura do nº 1773. Lugar que não esquecerei, pois foi onde fiz novos amigos e, quiçá, parceiros, dando continuidade a este meu quixotesco sonho de ser um Che Guevara da música. Mas, antes de virarem realidade, não terão sido quixotescos todos os sonhos?
O tempo, contudo, foi tão curto, que, com essa mania de deixar tudo pra última hora, acabei voltando sem ter comprado nenhum livro. Mas cosegui trazer uma boa dúzia de CDs (sim, eu ainda os compro!). E, vejam só, comprei o novo do Chico por 56 pesos, algo em torno de... 22 reais! Recomento El Ateneo, um lugar indescritível de tão lindo, uma festa pros olhos, onde facilmente as horas passam num piscar; e a Zivals, menor, mas igualmente eficiente.
No mais, é impossível ir a Buenos Aires sem fazer turismo. O pretexto de ter convidado Camalle a ir conosco (ele ia pela primeira vez) foi só um motivo a mais pra visitar de novo La Boca, Recoleta, Puerto Madero... No final das contas, não ter comprado nenhum livro não me chateou tanto assim, pois tenho a impressão de que voltarei em breve. "Mi Buenos Aires querido, cuando yo te vuelva a ver, no habrá más pena ni olvido".

ai que delícia!!!!amoooooooooo Caminito!!!!
ResponderExcluirEu também, Daisoca! E os tantos outros caminhos (pequenos ou não) das "calles" buenairenses.
ResponderExcluirBesos,
Léo.
que lindoooo!! Gracias!!
ResponderExcluirel bar de San Telmo donde almorzamos se llama "El federal", que rico todo, no?
la próxima vez, vengan con mas tiempo!! hay muchísimos lugares para conocer la "otra cara" de Buenos Aires, igualmente interesante, y con sus cosas no tan lindas también..igualmente adhiero a esa decisión de ver siempre el lado bueno de las cosas, soy una optimista incorregible!!
abrazos saudosos!!
Gracias por todo, Marce! Seguro que volveremos pronto. Y ya voy a añadir el nombre del bar, gracias.
ResponderExcluirBesos,
Léo.