quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Crônicas Classificadas: 25) Um (longo) desabafo

Recebi via Caiubi o texto abaixo e tenho que admitir que gostei do que li e me enxerguei em várias coisas nele. Principalmente no que se refere a uma palavrinha que muda tudo: parâmetro! Quanto mais conhecimento temos, mais nosso leque se abre e mais temos elementos pra explicar até algo que dizem ser inexplicável, o gosto.

Vivem dizendo por aí que gosto não se discute. Acho que a questão não é a discussão em si, mas a inutilidade dela, visto que quem gosta de algo, na maioria das vezes, não está disposto a ver em xeque seu gosto (sobretudo quando se trata de mau gosto!). No entanto, se tirarmos de lado a discussão e tentarmos ampliar o campo de visão da "suposta" vítima, podemos fazê-la pensar por si só nos porquês de seu gosto.

Uma coisa é o "não vi e não gostei", outra coisa é saber o porquê de gostar ou não de algo. Muitos irão dizer que o gostar envolve mais a emoção que a razão, mas nossa emoção está impregnada de tudo o que adquirimos ao longo dos anos, ou seja, mais que a razão, o conhecimento!

Quem conhece a obra de um Tom Jobim, por exemplo, pode gostar de um rock básico, mas vai saber a diferença entre aquela e este. Mas mais triste é aquele garoto vestido de preto que acha que atingiu o nirvana e que o que curte é o suprassumo, mas apenas está cego a tudo o que não seja aquele mundinho no qual está inserido (preso).

Por essas e outras, o (mau?) gosto está diretamente ligado à (falta de) educação/conhecimento. Ok, há espaço pra tudo, há música pra pular e música pra cortar os pulsos (e, entre uma e outra, mais um milhão), mas não é tão mais legal ter a oportunidade de ver um horizonte amplo? Não é bem melhor em vez de todo dia comer pizza ir a um rodízio e se deparar com uma imensa variedade de apetitosos pratos? Então, por que se contentar com menos?

Isso sem falar que o que a maioria ouve é música industrializada, a toque de caixa, feita em série, não é nem perfume, é papel higiênico (usado!). Mas vendido em embalagem de luxo! Assim que esse bolo é dividido em duas fatias: a música artesanal e a música industrializada. Claro que há os talentosos e os medíocres em cada um desses dois segmentos. Eu prefiro os talentosos... e da fatia artesanal.

Acima tratei do público, agora acrescento só um parágrafo pra tratar do artista: no país do homem cordial de que falava Sérgio Buarque, acostumamo-nos ao tapinha nas costas, à puxação de saco, e formamos adultinhos com egos inflados completamente despreparados pra críticas (no mundo da bola também é algo corriqueiro). Já dizia Zé Rodrix que o bom amigo é aquele que te avisa quando você está com mau hálito. Se você fizer uma análise profunda disso e perceber que todos os seus amigos te acham o máximo e dizem que tudo o que você faz é genial... hmmm... das duas uma: ou você é gênio mesmo, parabéns!, ou passou da hora de você procurar novas amizades, meu chapa!

Bem, considerem esse (samba do cearense doido?) balaio de gatos todo que escrevi acima apenas uma saladinha básica (porém, bem variada) servida antes do prato principal, preparado hoje pelo chef Giah! Fartem-se:

Um (longo) desabafo
Por Roney Giah !

Perfeição.

Você não sabe, mas é o que você está procurando.


A busca por ela.

A jornada.


Eu sei... São milhares de tentativas, repetições, ensaios, pra pouquíssimos momentos ao lado dela.

Mas, poxa... vale a pena quando acontece!

É a falta perfeita do Branco contra a Holanda na Copa de 94.

Os 50 metros impecáveis do Cielo.

A imperecível letra Quereres de Caetano.

Uma mordida de Nhá Benta quando você está com fome.

O bend do solo perfeito do Hendrix.

O nascimento do seu filho.

Aquele gol de calcanhar do Sócrates na Seleção de 82 [lamento informar, Roney, mas não foi calcanhar].

Caramba... a Seleção inteira de 82!

Uma gravação de Sinatra.

O agudo de 15 segundos de Maria Callas em absoluta harmonia com a orquestra.

A primeira vez que vi minha irmãzinha andar.

Aquela trilha da série Lost.

A série Lost!

O E.T. fazendo as bicicletas voarem por cima dos agentes federais.

Aquele drible de campo inteiro do Ronaldo no Barcelona.

Quando reencontrei meus amigos e família no aeroporto voltando dos EUA.

O Senna levantando a taça no Grande Prêmio de SP.

Na sua história, em algum momento você cruzou ou esbarrou com a perfeição e a reconheceu. E nesse momento não há alternativa senão a sua transformação.

Mudar a sua vida, aumentar a sua disciplina, escolher uma carreira pela qual você tenha paixão, pra que você possa ter mais daquilo. Daquela sensação.

Quando vi Tom Jobim ao vivo no Palace, ainda adolescente pensei: Como é possível tanta beleza? Como ele criou esse universo perfeito?

Percebi ali – talvez pela primeira vez na vida – o que era alma.

Ou quando assisti ao Superman no cinema muito pequeno e vi o Christopher Reeves voar.

Meu Deus, como parecia de verdade! Eu olhei pra minha mãe na poltrona ao lado com cara de: " E você não me falou que dava pra fazer isso?!"

Por isso venho desde então na busca desses momentos.

E, quanto mais pratico, mais os encontro.

Num improviso perfeito de guitarra durante um show. Numa letra que se encaixa. Numa mixagem impecável. Num ato gentil com alguém na rua. Numa refeição maravilhosa. Numa tarde com meu amor. Ou numa hamburgueria com amigos de infância.

E esse breve momento chama-se sucesso.

Por essa razão que eu não acredito na música que vem sendo promovida como a Nova Música Brasileira.

Esse pessoal descolado, que acha que "atitude" é sinônimo de genialidade e pode resolver seu pouco caso com afinação, pode justificar sua letra pouco trabalhada e esconder sua falta de habilidade com o instrumento. Eu sei que eles simbolizam uma geração que não consegue se concentrar por mais de dois minutos em um mesmo tema (são estatísticas reais, não mate o mensageiro!), que não escutam música até o fim sem zapear para a próxima, e acreditam que podem se graduar em qualquer assunto ou disciplina usando somente o Google como ferramenta; mas o que se pode esperar de alguém cuja referência máxima de estética musical é Tulipa, Tiê e Mallu Magalhães, por exemplo? (entre outros do gênero)

Acredite... não é questão de gosto: é apenas musicalmente mal-acabado. É razoável e não poderia – numa sociedade culturalmente sã – ocupar nenhum lugar maior do que a razoabilidade em si.

Se por acaso você acredita que a música dessas pessoas é genial, você perdeu a referência do extraordinário na sua vida.

Seria a mesma coisa que achar o Rob Schneider o melhor ator do mundo, acreditar que a Carolina Dieckmann é a sucessora dramatúrgica da Fernanda Montenegro ou falar pra todo mundo que o Sarney escreve melhor que Machado de Assis.

Entendo que num mundo de Michel Teló e Gusttavo Lima (e outros demônios ltda.) esse pessoal de fato soe como Mozart e Tom Jobim. Mas acredite: eles não são. E não estão nem perto de ser.

Escrevo isso pois inventei um exercício que – quem sabe – pode ser útil a outrem: quando percebo que estou ouvindo, vendo, lendo algo que dava pra ser infinitamente melhor, interrompo aquilo na hora e procuro uma referência de perfeição. Um Sinatra, um Djavan, um Lenine, um Hendrix, um Machado de Assis, um Spielberg, uns Beatles, um Gonzaguinha, um Elvis, um John Mayer, um Lost, um Battlestar Galactica, um Red Hot Chili Peppers, um Roque Santeiro, um Chico Buarque, um Lenny Kravitz, um Gil, uma Nhá Benta, um Shakespeare, um Gene Kelly, um Eric Clapton, um Michael Jackson, um Miles Davis, uma Fernanda Montenegro, um Saramago, um Lima Duarte, um Raul Midón, um Villa-Lobos, um Sex Pistols, um Mozart, um Debussy, uns Rolling Stones...

Procuro-os pra sentir e me conectar com a felicidade (talvez o nosso único propósito) e, quem sabe, aprender o caminho até ela. Saber cada vez mais como e onde encontrá-la.

Até o ponto onde toda essa cultura razoável se torne invisível e inaudível no meu êxtase.


***

Oi, o texto acabou. Agora sou eu, o Léo. Gostaria de aclarar só um possível e minúsculo ponto negro em toda essa clareza reflexiva acima (já que hoje as pessoas andam meio mal em interpretação de texto): os nomes citados por Roney (para o bem ou para o mal) são de inteira responsabilidade dele. Depois de algumas porradas (semi)gratuitas ando mais ligeiro nesse quesito.

Isto posto, desafio-o a praticar pelo menos uma vez por dia o exercício que Roney descobriu pra se purificar do Maisoumenos Music que ora vigora.

***


16 comentários:

  1. Na medida em que a idade avançava, o novo tendia a assustar os mais velhos. Foi quase assim com meu pai quando eu trouxe o rock para dentro de casa. Felizmente, com o tempo, ele, que tocava violão melhor que eu, acabou me ensinando os acordes de minhas músicas prediletas e em troca eu o acompanhava na audição das suas, que ia de Nat King Cole a Sarita Montiel, passando por Sinatra e tantos outros... Conhecemos e curtimos ainda juntos a Bossa-Nova, Tropicália, Festivais e a MPB. Anos depois, quando já pai, e sem o meu, fiz o processo se repetir com meus filhos e ainda trocamos discos e achados musicais raros... Felizmente meus netos seguem seus pais na seleção do que ouvem...
    Esse texto do Roney, e seus (Léo), comentários, vêm bem a calhar: na mídia comercial (CDs, DVDs, Rádio, Tv...) está cada vez mais raro encontrar coisa que valha a pena; aí é que entra o Google. Com uma boa googlada é possível encontrar gente fazendo coisas bem feita e com possibilidade futuro quando essa alienação toda acabar... confio nisso!
    Parabéns ao Roney pela crítica e pra você pela publicação.

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    1. Valeu, Di! Bom te ler por aqui! Valeu pelo depoimento!

      Abração do
      Léo.

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  2. Mas tem uma coisa: o que o Ronney entende de perfeição é tão somente o gosto pessoal dele. Se cada pessoa pegar o mesmo caminho, vai depender muito do gosto pessoal para identificar o que é o símbolo da perfeição. Quem nunca leu Machado ou viu Fernanda Montenegro no palco vai sempre achar que são dois velhinhos que os pais, ou avós, adoravam. E ponto.

    A questão não é identificar o símbolo da perfeição que é no fundo o gosto pessoal de cada um, é ampliar mesmo o leque de conhecimento e tentar fruir ou conhecer pelo menos os grandes nomes de cada época. Da literatura ao teatro, da música ao cinema. Incluindo aí a época presente porque há muita gente boa na atualidade e que certamente só vai ser reconhecida no futuro (como sempre acontece).

    Só não pode é ficar preso numa época só. Eu diria que o ideal seria fazer um estudo separando por décadas do tipo: as melhores músicas, os melhores filmes, os melhores artistas plásticos de cada época, os melhores escritores. Pelo menos você ganha conhecimento e não fica preso no ícone de perfeição de ninguém, você sente e decide o que é para você o melhor. No fim você ainda ganha um entendimento contextualizado e sistemático das coisas.

    valeuu

    sergio-veleiro

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    1. Caro Sérgio,
      Se há a busca pela perfeição (pois ela em si não existe) há a disciplina, se há a disciplina há a obra, se há a obra há o desejo de um constante aperfeiçoamento da mesma. Citei exemplos de artistas que estão nessa busca. Ela em si é atemporal. Posso somar a essa lista gols de Neymar, a trilha de Matrix, filmes de Charles Chaplin, o filme do HQ Homem de Ferro pelo diretor Jon Favreau, ou Leornardo Da Vinci , não importa. Excelência adquirida em qq área não é gosto pessoal. É observação analítica. Sim, vocé pode e deve fazer essa lista que mencionou, mas isso não é um diário de gostos adolescentes. Nessa lista deve estar o que é excelente, mesmo que vc não goste (ou não se emocione). É irrelevante o que gostamos ou não em uma discussão de análise técnica artística.

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    2. Veleiro:

      Acabo de trocar o título do texto, que não se chama "Perfeição", como eu havia pensado. Isso muda um pouco as coisas, pois o título real torna mais evidente ainda a que se referiu Roney.

      Meu fi, há que se afastar um pouco (como disse num texto anterior) do que se está admirando pra que seja possível uma análise mais acertada. Não se atenha aos nomes que ele citou; o que importa na verdade é o que ele escreveu sobre excelência. Foi isso o que mais me tocou no texto, não ele ter citado Jobim ou Chico. E, no fim das contas, o exercício sugerido por ele é louvável, pois no dia a dia, de tanto nos depararmos com mediocridades, vamos baixando nossa guarda e nos acostumando com o mediano em detrimento do genial. Exercitemos, pois!

      ... no que sua listinha de dez em dez anos não difere muito.

      Abração,
      Léo.

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  3. Léo parceirinho, eu entendo perfeitamente que muita gente vai achar o desabafo do Roney (que afinal de contas é apenas um desabafo) um absurdo. Acho até que a resposta do Veleiro, acima, reflete isso. Mas eu concordo totalmente, e até confesso ter lavado a alma em ler certos nomes nele. :)
    Concordo muito com vocês dois e, gosto pessoal à parte, creio que a mídia tem prestado um desserviço à boa música - seja ela qual for.
    Nossa música não se resume - graças a Deus – a Tiês, Mallus, Camelos e Tulipas. Ufa! Nós, caiubistas e musgueiros, sabemos muito bem disso.
    Um beijo!

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    1. Dannoca, como frisei acima, na resposta ao Velerim, o mais importante de tudo é o exercício diário do hábito de estar perto da excelência. Pra que, na pior das hipóteses, um pouco disso tudo respingue em nós.

      Beijos do parceiro
      Léo.

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  4. Acredito estarmos passando por um momento onde tudo é visto pela ótica do superficial, ou até a falta dela (ótica nenhuma) tal qual a referência do Roney em relaçao ao google. Em todas as áreas. Conheço universitários que sequer sabem os nomes de políticos mais recentes da cena internacional, filme, diretor, música, história. Enfim. Nao há mais interesse pelo novo, ninguém quer saber de poesia, de ouvir uma boa letra.
    Sorte de vocês terem um Caiubi.

    Parabéns Raney, obrigado Léo pelo texto.

    Abraços gerais.

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    1. Pedrão, mas o novo sempre vem, quer queiram ou não.

      Até já!

      Abração do
      Léo.

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  5. Sobre o texto do Roney, comentei com ele diretamente, pois o recebi por e-mail. Sobre o preâmbulo do Leo, um comentário. O conceito do homem cordial na obra de Sergio Buarque tem pouco a ver com tapinhas nas costas, gentilezas excessivas ou coisas do quilate cordialidade, exagerada ou não. Sergio usa a palavra cordial em sua acepção de coisa que diz respeito ao coração, querendo dizer que somos passionais, descrentes do uso da razão fria tão cara às sociedades britânicas, germânicas e nórdicas, por exemplo. É uma visão profundamente pessoal dele, com repercussão pequena nos meios acadêmicos por ser mais um palpite do que uma aferição consistente. Mesmo assim, repito, nada tem a ver com uso mais frequente da palavra cordial, que é o da mesura, da educação e da cerimônia social.

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    1. ALemos, meu caro, pra que tenhamos uma visão mais abrangente do todo, cole aqui o que você respondeu ao Roney, please.

      Abraços,
      Léo.

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    2. ALemos, fui buscar minha tese de conclusão de curso pra argumentar um pouco mais aqui, pois "Raízes do Brasil" foi uma de minhas fontes de pesquisa. Pois bem, o que você chama de "cordial = coisas do coração" tem a ver com o princípio da hipocrisia, alcunhada de "informalidade". Vejamos o que o autor diz: "No ‘homem cordial’, a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência. Sua maneira de expansão para com os outros reduz o indivíduo, cada vez mais, à parcela social, periférica, que no brasileiro – como bom americano – tende a ser a que mais importa. Ela é antes um viver nos outros. Foi a esse tipo humano que se dirigiu Nietzsche, quando disse: ‘Vosso mau amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro’."

      Hoje, quase cem anos depois, por meio da informática: redes sociais, celulares, i-isso e i-aquilos, o que notamos em nós (brasileiros) é, ainda, o pavor de nos depararmos com o espelho; daí a "malemolência", a necessidade de inventarmos zil brinquedinhos que nos possibilitem encarar com mais leveza o hoje, fugindo do amanhã.

      Mas não queria sair do foco do texto do Roney. Minha citação a Sérgio Buarque foi mero detalhe. Por isso torno a pedir que compartilhe aqui também o que escreveu a ele (Roney) no âmbito privado (já que já o revelou aqui).

      Abração do
      Léo.

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  6. Léo, eu não chamo nada, rsrs, quem chama é o Sergio. O fato dele ter usado a palavra numa acepção uasada cada vez menos ( no Houaiss figura como o terceiro significado do termo) gerou essa confusão que faz enxergar o princípio da hipocrisia na "informalidade". À época do lançamento do livro, inclusive, e mesmo depois, Sergio confirmou, por correspondência, em que sentido usara a palavra, diante da dúvida surgida quase de imediato entre seus pares. Apenas sugiro atenção para isso, porque se o começo do raciocínio é traído por uma compreensão equivocada a tendência é a contaminação de todo o pensamento. Veja que vc chega a diagnosticar "malemolência" numa necessidade inventiva que sequer é nossa, já que todos esses brinquedinhos foram inventados em sociedades onde os homens são o oposto do conceito do "homem cordial". Enfim, sobre esse tema já disse o que podia, recomendo a releitura cuidadosa do livro. Sobre o Roney, tenho pouco a acrescentar, apenas destaquei que tanto os descolados quanto os popularescos moram na mesma moeda cunhada pela indústria cultural. Quem já trabalhou com essa indústria sabe que nada dessas criações tem a ver com o processo artístico de criação mas, sim, com o processo produtivo burguês.

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    1. ALemos, caro, a emenda saiu pior que o soneto. E, pior que isso, você me deixou preocupadaço. Fui mesmo correndo reler meu TCC pra ver se eu não tinha escrito nenhuma bobagem. Graças a Deus, não! As citações estão dentro do contexto, enfim, tava tudo certinho. O problema é que tô ficando gagá precocemente, esquecendo as coisas, uma m...

      Enfim, dou a mão à palmatória ante sua argumentação, tão bem embasada. Realmente, dei uma pesquisada por aí e tenho que te dar razão ("a razão dá-se a quem tem"). Contudo, não vejo minha citação a Sérgio Buarque tão equivocada assim. Veja o que escrevi: "no país do homem cordial de que falava Sérgio Buarque, acostumamo-nos ao tapinha nas costas, à puxação de saco[...]". Ora, pelo que entendi, esse aspecto informal que é o levar à rua a estrutura das relações familiares acaba desaguando no que escrevi, pois as relações que deviam ser profissionais se tornam parciais. Sérgio Buarque mesmo fala do uso exagerado dos diminutivos (tempos depois viria a ser isso o "jeitinho brasileiro"?), que força uma relação de amizade onde ali não deveria haver, assim como a mania de chamar todo mundo pelo primeiro nome em detrimento do sobrenome etc. Ora, pois, sob essa ótica eu o citei, e, em se tratando principalmente de relações hierarquicamente distintas, o puxa-saquismo e o tapinha nas costas são evidentes sinais disso, mesmo que sejam um subterfúgio, ou venham do coração.

      Me lembrei de uma história engraçada sobre isso: certa vez peguei o carro do meu pai emprestado e fiz uma conversão proibida, mas acabei dando de cara com uma viatura, que, óbvio, me parou. Com medo mais do meu pai que deles, ofereci-lhes um "agrado", pra que não me multassem. O policial me perguntou: "É de coração?". Era. Então ele aceitou...

      Bem, meu caro, você aproveitou uma brecha pra me dar uma aula, aceito a aula (e agradeço), mas vejo uma brecha muito pequena. Contudo, realmente não queria tirar o foco da temática proposta por Roney. Meu texto se propunha a ser apenas um prefácio, e não lhe quero roubar o protagonismo. Portanto, voltemos a ele e deixemos essa prosa pra momento mais oportuno. Quem sabe eu não escrevo sobre futuramente?

      Abração do
      Léo.

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  7. Léo, talvez eu tenha ido longe demais em questionar suas conclusões, visto que só você sabe como chegou a elas e por quais caminhos. Minha preocupação era apenas determinar a leitura correta do conceito, para que todos nós pudéssemos, em igualdade de condições, seguir o papo. Lamento se o constrangi ou se pareci professoral. Um abraço.

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    1. Hahaha! Não, rapá, você não me constrangeu, só me assustou. E o que escrevi acima é sério, tenho tido altos esquecimentos. Às vezes, mal acabei de ler um livro, já esqueci o final. Daí minha preocupação com o "Raízes do Brasil", que li há alguns anos. No mais, é sempre bom sair da zona de conforto, só assim crescemos e perdemos um pouco a vaidade.

      Abração,
      Léo.

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