quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 88) Eu apenas queria que vocês soubessem...

Então, eu apenas queria que vocês soubessem que hoje não venho. A parada é a seguinte: tô feliz! E fiquei bobo (mais). Tenho um monte de coisas pra escrever, mas tô sem tesão pra isso. Sacumé? É como um camarada que tá cheio de sacanagem nas ideias, mas tem lá embaixo, naquela zona (sem duplo sentido, plis) um palmo abaixo do umbigo do Equador, um guerreiro cansado hibernando que deixou do lado de fora a plaquinha de "não perturbe". É assim que eu tô. Me lembrei até de uma canção de Sabina em que ele diz a seu terapeuta pra, por gentileza, lhe devolver a depressão, porque depois que ele "se curou" começou perder os amigos, parou de compor etc. A canção, pra variar, é genial, adoro sobretudo esses versos: "¿Acaso no le pago las facturas?/ ¡Déjeme como estaba, por favor!"
É assim que eu tô. Tão feliz que nem na canção do Luiz Tatit, o que me deixa até encafifado, visto não ser um sentimento que me visite com frequência. Mas, ao contrário dessa canção, tenho quase certeza de que sei o motivo: estava muito mal no emprego anterior, me sentindo vazio, cansado, subaproveitado, daí, numa atitude que surpreendeu até mesmo a mim, fiz como dizem: fui à luta. E agora, há praticamente um mês, consegui um trabalho bem acima de minhas expectativas (a gente espera sempre o pior, né?). Dei até pra rezar, pra que, se eu tiver que sair, tome esse hábito de sair de lá pra melhor (não confundir com o eufemismo "dessa pra melhor"). E é por isso, queridos, que, de autoestima em alta, "brochei"...

Mas brochei com classe, com a maior vitalidade. Não sei até quando vai durar esse estado de espírito, mas que seja eterno enquanto mole. E, enquanto não escrevo, ando lendo uns cinco ou seis livros concomitantemente (gostaram?), e um deles é um romance do genial Carlos Heitor Cony, que, coincidentemente, deu um depoimento certa vez dizendo que no tempo em que foi casado não escreveu uma linha por vontade própria, justamente porque estava feliz. Resignava-se aos textos jornalísticos, que eram seu ganha-pão. Agora eu o estou entendendo. Aliás, agora não. Lembrei-me de uma ocasião em que, às vésperas de viajar por várias cidades do Nordeste, pensei que ia compor pra caramba. Chegando lá, em meio a belíssimas praias, um sol de rachar, comida tão barata quanto boa e os demais etc... Não cometi um verso sequer!

Assim que queria que vocês soubessem que hoje não venho. Só vim mandar avisar. Pra alegria de muitos e tristeza de um ou dois. Fazeroquê? A vida é assim. E tô tão de bem comigo, que nem tô preocupado pensando se não vou conseguir nunca mais desenvolver um assunto. E olha que assuntos não faltam. Só pra vocês terem uma ideia, tenho uns cinco ou seis textos que estão todos prontos em minha cachola, mas não vingaram ainda. Enumeremo-los: queria falar sobre ser palmeirense hoje em dia, em meio a um capitalista mundo de "campeões em tudo"; sobre o novo livro de Lobão; sobre essa história da possível vinda de médicos cubanos ao Brasil; queria terminar um conto que faz um mês e meio que não rende; queria começar uma coluna nova, que por enquanto segue invertebrada...

Queria, queria, se eu me chamasse Garcia seria uma rima, mas de rimas o mundo anda raimundo. Por ora conto que tenho visto uma infinidade de filmes no youtube, a maioria argentinos (e a maioria deles boníssimos), estou até pegando o sotaque portenho. Ex.: "Marce, chica, apurate (acento no rá) con lo nuestro, ¿vale?". Que mais? Já falei que estou lendo uma meia dúzia de quatro ou cinco livros ao mesmo tempo... Ah, pra não dizer que não fiz nada, na madrugada do dia 4 pro dia 5, em parceria com um resto de vodca que anciava (de ancião) por aqui, cometi um soneto em homenagem a Alice (filha dos queridos Daniela e Leandro), que, geminianamente, resolveu vir ao mundo no mesmo dia em que meu não menos querido Camalle faz anos. ... falta a música, esperai!

E é só, pessoal. Escrevo este texto a título de exercício, pra não atrofiar o cérebro e pra reafirmar que do nada também se cria (né não, Adolar?). Vou até terminá-lo menor que os de costume, pra alegria de meu bom Paulinho das Frases, que não suporta coisas grandes (ui!), caso contrário seria Paulinho dos Parágrafos. Mas, quando a gente tá feliz, fica feliz por tudo. Tô feliz até pelo Neymar... Cheguei a rir gostosamente da brincadeira que os torcedores do Barcelona fizeram com os do Real Madrid, dizendo que "em Madri não tem mar, nem Neymar" (a gende podia mandar O Mar em Mim pro Real Madrid, né não, Drê?)... Tô feliz porque o Lula vai dar mais um rolê pela América do Sul... e, pra não ser tendencioso, porque o FHC abriu empresa nova. Sem falar que meu camarada Edu Franco, o maior socialista da nova MPB, tá malhando em academia (socialista burguês! Hahaha!). Enfim, tô feliz!

E queria finalizar mandando um beijo pra minha mãe, que não me lê, mas reza todos os dias pra que essas porcarias que eu rasuro um dia resultem em alguma grana; minha esposa, que pensa a mesma coisa que minha mãe; meu pai, que quer que os filhos se deem bem pra que parem de torrar seu magro pé de meia; meu irmão; minha cunhada; meu sobrinho; toda a minha família em geral; Veleiro, que me mandou lindo texto ao qual não me dei nem o trabalho de responder; Camalle (& cia.), que fez anos nas Oropas;  pros supracitados novos pais; pra sagitarianamente singular Fernandoca, a vó mais charmosa das pareides; meu mano Antônio Carlos, que casou (tô feliz até por casamentos!); minha querida Liliane, com quem furei; meu caro Gabo, que me mandou (FINALMENTE!) a gravação de uma bela e nova parceria (e com quem terei um "enfrentamento" olho no olho na data tal, se não gear); minha triceira Danny (que vai ganhar o troféu de maior comentadora do "brogue"); minha parceira Clarisse (pra lembrar uma dívida); Pedro Moreno, só pelo detalhe de ser quem é; pros santos olhos de Lúcia; pra López e Ribamar (os tais da Caja Negra. Guardem esses nomes!); pra vocês que me esqueceram (esse parágrafo tá parecendo música do Gil); meus detratores (aliás, os tratores todos); meus parceiros e amigos em geral; e (como não podia faltar) nosso querido Maguila em particular!

Eu apenas queria que vocês soubessem que hoje eu não vim. Em meu lugar mando Gonzaguinha.

***



16 comentários:

  1. Adorei, meu triceiro querido! Nem sabia que eu era a maior comentadora daqui! Hahahaha!
    Só digo uma coisa: se, pra dizer que não vem, você comparece dese jeito, imagino quando tiver algo pra dizer! E é por isso que sou tão sua fã. :)
    Sei que essa "seca" (seca?) vai passar rapidinho como um cometa.
    E eu amo essa canção do Gonzaguinha!!! É a minha preferida dele, aliás.
    Um beijão!

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    1. Valeu, Dannoca!

      Não fiz nenhuma conta, não. Foi só no olhômetro. Mas meu olhômetro é muito bom! Hahaha!

      Beijos,
      Léo.

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    1. A próxima, Cláudio!

      Essa já tá paga (e bebida).

      Abração,
      Léo.

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  3. Eu também vim dizer que eu também não vim.
    Beijos e beijos

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    1. Eu sei, queridona! Você não tem vindo mesmo. rsrs

      Beijos ausentes,
      Léo.

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  4. Grande, Léo!
    Também tô sempre lendo, e curtindo, e comentando...
    Embora nem tenha a audácia de disputar a liderança com a Danny, pois esta é Hors Concours, tendo, inclusive, a insanidade de ouvir TODAS as canções que posto "pelaí"...rs
    Abração

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    1. Ricardim, ficar em segundo lugar atrás da Danny não é tão mau negócio assim, hem? Hahaha!

      Valeuzaço! Ah, tô esperando ainda minhas encomendas!

      Abração,
      Léo.

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    2. Gente, mas eu não sabia que estava com o moral tão elevado assim com vocês!!! Hahahaha!
      Beijos!
      Danny.

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    3. Danny, a produção está confeccionando uma medalha que lhe será entregue em breve. Hahaha!

      Beijos,
      Léo.

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  5. hahah! no tengas (o no "tengás" ) miedo del vacío!! la inspiración tiene ciclos, en eso humildemente creo que las mujeres corremos con alguna ventaja...al ser un poco mas conscientes de los ciclos , como las mareas, van y vienen...no es unidireccional!!!
    deja de producir!! no hagas nada!! que lo disfrutes!! es solo un período de "recarga"..ja ja ja!!
    abrazos!!!

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    1. Seguro, Marce. Eso ya lo sé! Sólo te quise traer acá para preguntarte en público sobre "lo nuestro", te acordás? Jeje!

      Un beso,
      Léo.

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    2. "Golpe a golpe! Verso a verso!" jeje!

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  6. Sabe qual é a coisaque mais tira a vontade a vontade de compor?
    - É quando a depressão vai embora e os problemas - que as gente achava que eram os causadores-ficam

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  7. Hahaha! Efetivamente, Sonk, os problemas não são boa companhia, mas são a companhia mais persistente... rs

    Abraço,
    Léo.

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