terça-feira, 3 de setembro de 2013

Joaquín Sabina en Portugués: 16) Sonekka e a versão de "Siete crisantemos"

E eis que chegamos a setembro, este mês tão homenageado em nosso cancioneiro. E no feicebuque! Por ali tá um tal de setembro pra lá, setembro pra cá... um verdadeiro setembramento! Daí que, por falar em sete (sei, sei que o mês é o nono, mas não tenho culpa se se chama setembro), resolvi começar eu também o mês com o pé bom (que varia de pessoa pra pessoa), inaugurando a segunda leva das versões sabineiras com uma canção emblemática no que se refere a esse número. E, como foi Sonekka quem inaugurou a primeira leva, convidei-o pra puxar o bloco também desta (ele indo arrasta muito folião).

Trata-se de Siete crisantemos, canção do disco Esta boca es mía, de 1994, lá se vão quase 20 anos. Esta é uma canção só de Sabina. Na época ele ainda cultivava o hábito de compor só. Tanto que muitos de seus grandes clássicos são 100% de sua autoria. Com o tempo ele foi ficando meio preguiçoso e se acostumou a terceirizar as melodias, passando a dedicar-se então mais às letras. Claro, isso não é demérito, de lá pra cá surgiram outros clássicos, estes em parceria. Pelo que leio, esta crítica vem sendo feita muito mais pelos críticos (por supuesto) que por seus fãs.

Bem, voltando à canção, gosto muito dela, e tanto que jamais havia sequer reparado em certo detalhe a que Sonekka me chamou a atenção. Segundo ele, sentiu certo ar de Morango do Nordeste na melodia. Não pude deixar de rir, pois, de fato, há uma – vá lá – longínqua semelhança, que acaba se perdendo na distância de uma extremidade à outra do oceano, principalmente pelo teor da letra e pelo arranjo. Prestem atenção nessa letra! Já me chamou a atenção de cara pelos versos iniciais, "Si alguna vez he dado más de lo que tengo/ me han dado algunas veces más de lo que doy". Esse reconhecimento de se saber grato pelo que ganhou (às vezes mesmo sem merecimento) me fisgou, principalmente porque vivemos uma época em que todos se julgam no direito de querer, mas poucos sabem dar... Tá bom, troquemos por doar-se. E deixemos que a canção fale por si (doe-se onde doer).

Aparte: na ocasião em que Sonekka generosamente se dedicava a me gravar o registro abaixo, por uma fatalidade acabou perdendo todo o seu HD. A sorte foi que já havia me mandado uma primeira gravação, que não estava ainda mixada a seu gosto e continha um ou outro erro na letra. Acabei desincumbindo-o de começar tudo de novo, o que seria uma maldade, visto que esta gravação já dá conta do recado. A ela, pois:

SETE CRISÂNTEMOS

Se dei algumas vezes mais do que eu tinha
Me deram outras vezes mais do que eu dei
Já nem me lembro mais da casa que era minha
E se haverá lugar aonde vou nem sei

A esses bons costumes não estou acostumado
Do calor que há no lume do meu lar eu fugi
Também lá no inferno chove sobre o molhado
Eu sei porque passei mais de uma noite ali

A procurar as sete chaves do mistério
Sete versos tristes pra uma canção
Sete crisântemos no cemitério
Sete negros pontos de interrogação

Em tempos tão estranhos nascem falsos profetas
E muitas aves raras já começam a migrar
O assassino sabe mais de amor que o poeta
E o céu cada vez mais está distante do mar

Os anos têm de bom saber curar as feridas
Os beijos têm de mal poder causar fixação
Ontem quase me achava uma bala perdida
Da arma de uma boca, rumo ao meu coração

Com sete espinhos dessa flor do adultério
Sete rodovias diante de mim
Sete crisântemos no cemitério
Sete vezes não, sete vezes sim

Me apaixono por tudo, me conformo com nada
Um aroma, um abraço, doces beijos com sal
O que de bom grado me derem na balada
De uma vida privada... de fulano de tal

Com sete crisântemos no cemitério
Sete despedidas e uma estação
Sete mentirinhas e, falando sério,
Sete hematomas no meu coração

A original:

SIETE CRISANTEMOS

Si alguna vez he dado más de lo que tengo
me han dado algunas veces más de lo que doy,
se me ha olvidado ya el lugar de donde vengo
y puede que no exista el sitio adonde voy.

A las buenas costumbres nunca me he acostumbrado, 
del calor de la lumbre del hogar me aburrí,
también en el infierno llueve sobro mojado,
lo sé porque he pasado más de una noche allí.

En busca de las siete llaves del misterio, 
siete versos tristes en una canción,
siete crisantemos en el cementerio,
siete negros signos de interrogación.

En tiempos tan oscuros nacen falsos profetas 
y mucha golondrinas huyen de la ciudad,
el asesino sabe más de amor que el poeta
y el cielo cada vez está más lejos del mar.

Lo bueno de los años es que curan heridas, 
lo malo de los besos es que crean adición;
ayer quiso matarme la mujer de mi vida,
apretaba el gatillo… cuando se despertó.

Con siete espinas de la flor del adulterio, 
siete carreteras delante de mí,
siete crisantemos en el cementerio, 
siete veces no, siete veces si.

Me enamoro de todo, me conformo con nada; 
un aroma, un abrazo, un pedazo de pan
y lo que buenamente me den por la Balada
de la Vida Privada… de Fulano de Tal.

Siete crisantemos en el cementerio, 
siete despedidas en una estación; 
siete crisantemos en el cementerio, 
siete cardenales en el corazón.

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2 comentários:

  1. Viva Sabina! O verdadeiro autor de Morango do Nordeste!

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    1. Hahaha! Se ele descobre, vai cobrar direitos autorais.

      Valeu pelo trampo, Sonk!

      Abração,
      Léo.

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