segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônicas Desclassificadas: 22) Buenos Aires e Caiubi

Pela segunda vez em Buenos Aires, (bem) acompanhado por Kana e Élio Camalle, passei cinco memoráveis dias que me resultaram como uma injeção de ânimo na alma. Com o real valendo cerca de 2,50 pesos, o prazer de desfrutar em boa companhia uma suculenta refeição com um bom vinho era redobrado. Contudo, esteve sempre presente certo constrangimento de, digamos, novos ricos, pois não é sem dor que nos deparamos com gastos excessivos assistindo a um país tão belo passar por tamanha crise.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crônicas Desclassificadas: 21) Música não é futebol

Um brilhante e querido parceiro em certa ocasião, em tom de desabafo, perguntou-me se íamos passar em brancas nuvens, ao que eu, sempre esperançoso e positivo, sem lhe dar tempo pra retrucar, respondi que música não é futebol. Se fôssemos aspirantes a craques da pelota, com nossas razoáveis décadas de semianonimato, poderíamos ser considerados velhos; porém, no ramo da música, estamos na flor da idade. Eu mesmo, às vésperas de me tornar um quarentão, sinto-me melhor que nunca, no auge de minha criação, afiado, crítico, sensível, vaidosamente humilde (ou seria humildemente vaidoso?), sem soberba, sem exageros... No ponto (e ao ponto?). Contudo, no entanto, não obstante, porém, todavia e blablablá, temos a mania de futebolizar a música, o que me parece... Não, não me parece... É, é um crime! A tendência atual é de que cheguemos a viver... sei lá, 90 anos? Assim, um camarada com 40 não viveu nem metade de sua vida. E, em se tratando de criação, então, é um menino! Falo de música porque é minha área, mas o que digo se aplica a todas as profissões.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Crônicas Classificadas: 13) Ser comunista o no ser

Acho que Mercedes Sosa resumiu magnificamente meu conceito de comunismo. Serei sucinto e deixarei este texto (coincidentemente - ou não? - de número 13) por conta dela:

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Trinca de Copas: 2) Dose tripla de Sonekka

Meu parceiro Sonekka é uma espécie de Mr. Hyde de um tal de Osmar Lazarini, bem-sucedido profissional do ramo da informática. Dizem que de dia ele é Osmar e de noite se metamorfoseia em Sonekka. Como raras vezes o vejo sob a luz do sol, posso dizer que Osmar me é praticamente um ilustre desconhecido. Contudo, acho que tampouco conheço (na ampla concepção da palavra) Sonekka. Mesmo porque ambos não são daqueles que se deixam conhecer facilmente. E olha que sou do tipo com quem as pessoas geralmente se abrem. Mas com Sonekka/Osmar falhei vergonhosamente.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Crônicas Desclassificadas: 20) Uma tarde kafkiana no circo da Polícia Federal

O Brasil sonha alto, mas os degraus que faltam pra que ele chegue aonde almeja ainda são muitos. A mão de obra desqualificada é um dos pontos mais delicados em nossa estrutura (não só) de atendimento ao público. A falta de respeito ao tempo alheio chega a ser revoltante. Sem falar em determinadas escolhas geográficas onde se erguer um órgão que devia ser de fácil acesso a todos (um elefante branco funcional?). Mas vou começar pelo começo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Joaquín Sabina en Portugués: 6) Daisy Cordeiro e a versão de "Jugar por jugar"



Seria cômico se não fosse trágico... Pensando bem, acho que o proparoxítono adjetivo que cabe melhor aqui é ridículo. Sim, chega a ser ridículo que em pleno século XXI ainda haja tanta intolerância no mundo. Não sei por que ainda é tão difícil viver e deixar viver... Na realidade, é mesmo um paradoxo, pois quem não vive passa os dias tendo inveja de quem vive, ao passo que muitos dos que vivem o fazem às custas dos que são obrigados a não viver...

Antigamente, quando as minorias (e nem estou me referindo às massas, que são outra qualidade de maioria; refiro-me às minorias étnicas e quetais) a tudo aguentavam sem reagir, tudo estava bem, mas bastou que se mobilizassem pra que a maioria passasse a reivindicar seus direitos de maioria.

sábado, 20 de agosto de 2011

Crônicas Desclassificadas: 19) As pessoas que empurram

Existem pessoas que empurram. Sim, parece brincadeira, mas existem. Pessoas que usam mãos, antebraços, cotovelos, ombros... pra empurrar terceiros (e, se for o caso, quartos). Pessoas que empurram sem saber por quê. Pessoas que empurram sem pensar. Pra passar (e não passar por cima). Pessoas que empurram sem saber a quem empurram. E não querem nem saber! Querem mais é empurrar. Tais pessoas não têm culpa. Coitadas, nasceram apenas pra empurrar. Empurrar é sua sina. E seu destino. Algumas empurram antes que alguém as empurre (algumas, depois). Seguem o décimo primeiro mandamento: “empurrai ao próximo como a si mesmo.”

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Joaquín Sabina en Portugués: 5) Roney Giah e a versão de "Eva tomando el sol"


Minha admiração por Sabina não se deu à primeira audição. Eu já possuía seu CD Enemigos Íntimos (em parceria com Fito Páez), do qual até gostava, mas que não me chamara a atenção de um modo especial. Contudo, como alguns professores recorrentemente falavam dele de forma enfática, como se se tratasse de uma espécie de Chico Buarque espanhol, resolvi lhe dar uma segunda chance.

Aconteceu que eu havia me tornado sócio da biblioteca do Instituto Cervantes, que conta com um belo acervo de livros, DVDs e CDs em espanhol, e, certo dia, procurando não sabia exatamente o quê, deparei-me com uns sete ou oito CDs de Sabina. Resolvi, pois, sorvê-los em doses homeopáticas, e escolhi aleatoriamente um deles pra levar pra casa a título de empréstimo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ninguém me Conhece: 52) Roney Giah, compositor e tudo mais


Quando comecei a frequentar o Clube Caiubi, uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a quase ingênua atmosfera de rebeldia, própria da juventude dos compositores e de suas canções, cheias de frescor e originalidade. Contudo, notava-se certo amadorismo. Por vezes o compositor não passava segurança na hora de interpretar sua própria canção e terminava por estragá-la. Mas isso também pertencia ao pacote "espírito rebelde". Os erros eram aplaudidos e, de tão condescendente que era a plateia, o mesmo compositor, na terceira ou quarta tentativa, já mostrava melhor desenvoltura.

domingo, 7 de agosto de 2011

Ninguém me Conhece: 51) Demoliendo a Charly García*

Me? I'm not a stranger. Eu sou Deus! Eu sou Gardel! Eu sou normal! (locos son los otros) Eu sou o iluminado. Eu não uso drogas. Eu como eletricidade. Num hospital do Texas trocaram todo o meu sangue pelo de uma virgem do Amazonas, assim que estou puríssimo. Chego mesmo a sentir vertigens, como se só o ato de respirar me fizesse ter orgasmos múltiplos. Agora, mirá, loco, vou te contar por que escolhi encarnar na Argentina. Já te explico: aqui posso me fazer de Quixote à vontade, porque sempre haverá uma legião de Sanchos Panças a me proteger, mesmo que eu não precise (e não peça), em minha luta por provar que, na verdade, são moinhos os dragões. Você está me acompanhando? Por isso é que às vezes eu ponho todos à prova, como naquela ocasião em que me atirei do nono andar e caí diretamente numa piscina (qué preciosa estaba el agua!). Eu sabia o que estava fazendo. Queria saber se ELES sabiam o que faziam. Da mesma forma que gosto de me jogar sobre a plateia. Eles são minha rede de proteção. Mas meu salto é mortal. Quem tem que saber o que fazer são eles, meus discípulos. Eu sou Jesus. E os perdoo quando não sabem o que fazem. Chegaram a me internar mais de um par de vezes pra ver se conseguiam me enlouquecer, mas tudo o que conseguiram foi que EU os tornasse um pouco lúcidos. Eu não preciso de médicos, EU sou o enfermeiro!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ninguém me Conhece: 50) Apostando em Pedro Moreno

Quem diria? Um ano e pouco depois e o Ninguém me Conhece chega à 50ª edição! Muitos já passaram por aqui e sabe Deus quantos ainda passarão! Um fulano que recebia minhas divulgações certa vez chegou a pedir que eu excluísse seu e-mail de minha lista, caso contrário ele acabaria conhecendo o mundo inteiro! Mas, maus humores à parte, os números redondos costumam ter uma importância especial em nossa sociedade. E, em se tratando do 50, essa importância é redobrada. Há comemorações de cinquentenários, de bodas de ouro etc. etc. Por essas e outras, gastei um bom tempo pensando em quem seria um bom nome pra "vestir essa camisa" de nº 50. Pensei nos perfis dos que por aqui passaram, reli alguns textos e acabei "apostando" num camarada que, além das múltiplas qualidades artísticas, possui outras tantas como ser humano. Todos sabemos que o talento não tem obrigatoriamente que ver com caráter. Mas é tão bom quando descobrimos uma pessoa de verdade por trás dos dotes artísticos! É revigorante e nos faz renovar a crença, se não na humanidade, ao menos no homem, "que no es lo mismo, pero es igual".