quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ninguém me Conhece: 50) Apostando em Pedro Moreno

Quem diria? Um ano e pouco depois e o Ninguém me Conhece chega à 50ª edição! Muitos já passaram por aqui e sabe Deus quantos ainda passarão! Um fulano que recebia minhas divulgações certa vez chegou a pedir que eu excluísse seu e-mail de minha lista, caso contrário ele acabaria conhecendo o mundo inteiro! Mas, maus humores à parte, os números redondos costumam ter uma importância especial em nossa sociedade. E, em se tratando do 50, essa importância é redobrada. Há comemorações de cinquentenários, de bodas de ouro etc. etc. Por essas e outras, gastei um bom tempo pensando em quem seria um bom nome pra "vestir essa camisa" de nº 50. Pensei nos perfis dos que por aqui passaram, reli alguns textos e acabei "apostando" num camarada que, além das múltiplas qualidades artísticas, possui outras tantas como ser humano. Todos sabemos que o talento não tem obrigatoriamente que ver com caráter. Mas é tão bom quando descobrimos uma pessoa de verdade por trás dos dotes artísticos! É revigorante e nos faz renovar a crença, se não na humanidade, ao menos no homem, "que no es lo mismo, pero es igual".

1) Catarse (Pedro Moreno - Lucia Helena Corrêa)

Estou falando de um camarada que nunca tive o privilégio de encontrar pessoalmente e, consequentemente, dar-lhe um abraço, mas que possui uma vibração tão positiva que pode ser percebida através das ondas desta revolucionária rede que é a internet. Não à toa uma parceria nossa que trata do assunto está gravada em seu novo disco. Alguns de vocês, contudo, poderão dizer que estou louco em apostar as fichas numa figura a quem, na real concepção da palavra, não conheço. E eu responderei que se trata de uma aposta mútua. Explico. Mas tratemos de abrir novo parágrafo, pra que a prosa não fique exaustiva.

Há muitas formas de se conhecer uma pessoa e a mais eficaz delas talvez seja ler o que lhe vai no olhar. Se repararmos bem, os olhos, ao contrário da boca, não mentem. Muitos de vocês já devem ter encontrado por aí donos de rostos risonhos que tentavam camuflar olhos vermelhos de pranto (muitas vezes protegidos por óculos escuros). Contudo, na impossibilidade de fitar frente a frente os olhos em questão, há também a leitura das entrelinhas do que andou escrevendo por aí o dono dos olhos. Por meio das palavras escritas as pessoas também se revelam, mesmo quando as usam pra se esconder. Uma leitura mais atenta de um texto nos permite observar se uma pessoa é rancorosa, irônica, depressiva, alegre, romântica, preconceituosa e outros tantos adjetivos.

E é aqui que entra o sr. Pedro Moreno. Conheci-o numa lista de bate-papo virtual sobre música, a já algumas vezes citada aqui M-Música, da qual ambos participamos. Quem participa ou já participou de alguma dessas listas sabe que nelas, como nas relações do mundo do lado de cá da rede, há pessoas com quem antipatizamos e aquelas com quem simpatizamos. E, na M-Música, desde sempre simpatizei com Pedro, mesmo antes de ouvir suas canções. Mas não tenho mérito nenhum nisso. Mesmo porque Pedro é entre os "m-musgueiros" praticamente uma unanimidade. Se há ali alguém que não o tem em consideração, esconde o fato muito bem escondido pra não atrair sobre si desconfianças. E por quê? Porque Pedro é dessas pessoas grandes, que não abrem a boca (no caso, o computador) pra difamar ninguém. Não me lembro de ter lido nenhuma linha escrita por ele que versasse sobre defeitos de fulano ou beltrano, por mais que este merecesse. Não, Pedro é de paz, um verdadeiro cavalheiro. Sereno, ponderado, elegante, mas nem por isso acrítico ou tolo. Suas dores e seus espinhos deixa pra expurgar em suas canções. Veja o que diz uma delas, não coincidentemente parceria com Lucia Helena Corrêa: "sempre me espanto/ quando ao meu verso/ mesmo que fale de alegria/ alguém vem e me sorri./ Quem me ri, se olhasse bem,/ logo saberia/ que o meu verso sangra/e quando nasce, se nasce,/ é porque antes mil vezes/ eu mesmo morri."




2) Vendaval (Sonekka - Pedro Moreno/versão: Léo Nogueira)

Só um parêntese: não quero dizer que falar mal de terceiros seja um crime monstruoso. Todos nós em determinadas ocasiões destilamos com riqueza de detalhes nosso fel sobre algum ausente. Mas há os que estão num outro plano, e Pedro é desses. Voltando: contudo, na M-Música não passávamos de ilustres desconhecidos que partilhavam o mesmo espaço virtual. Cheguei a enviar-lhe uma ou outra letra, mas a parceria não vingou. O acaso veio interceder por nós. E aqui o acaso atende pelo nome de Marisa Porto, m-colega niteroiense que me convidou a abrir outra lista, esta com ênfase mais na poesia e na letra de canção. Batizamo-la Di-Versos e pusemos mãos à obra no sentido de convidar afins. E um deles foi justamente Pedro, que, se na M-Música tinha uma participação poética tímida, na Di-Versos revelou-se poeta inspirado e fértil. Foi aí que nossas histórias se cruzaram. Às vezes Pedro postava meias letras; outras; jogava ideias a serem desenvolvidas; algumas vezes mesmo prosas poéticas... De cara percebi que tais escritos vinham ao encontro de minha verve. E foi assim que, de peça em peça, montamos nosso quebra-cabeças. Ainda não temos muitas crias, mas as poucas que temos me enchem de orgulho e alegria.

E por que raios nunca o vi? Simples, porque Pedro mora em Madri! Aliás, sua história vale que façamos um tour por ela. Pedro nasceu na Bahia, veio parar em São Paulo, onde se bacharelou em canto e onde recebeu convite de ninguém menos que Zuza Homem de Mello pra gravar um disco, que acabou não vingando por conta da posse como presidente de outro Mello, o Fernando Collor, que nos presenteou com o famigerado Plano Collor. O primeiro CD de Pedro só veio sair mais tarde, resultado de suas andanças pelo mundo em festivais e eventos por países como Chile, Portugal, França e, finalmente, Espanha, mais especificamente Madri, onde constituiu família e onde mora e trabalha, divulgando as coisas do Brasil por meio de sua bela voz, seu não menos belo violão e igualmente suas canções.

No começo do texto falei em Aposta Mútua. Pois bem, este é o título do novo trabalho de Pedro (o terceiro), cujo enfoque está nas parcerias, as tais apostas mútuas. Como o próprio nome revela, Pedro apostou nos que nele apostaram. A maior parte das canções trata-se de parcerias interoceânicas, nas quais ora ele entra como melodista, ora como letrista. Uma delas em especial, Vendaval (parceria com Sonekka), me chamou tanto a atenção, que, na impossibilidade de entrar na parceria, compus-lhe uma versão em espanhol, que Pedro não apenas aprovou como também gravou.




3) Aposta (Pedro Moreno - Lúcia Santos)

Pedro é dos meus, é daqueles que gostam de agregar, somar. Com a qualidade poética que possui podia bem optar por um CD só de canções exclusivamente suas, mas a generosidade e o desejo de partilhar falaram mais alto. (e não só em relação às parcerias como também no que se refere às participações especiais, entre as quais se destacam o violão e a voz do mestre Filó Machado). Acho o fator distância contou também a favor dessa aposta, pois as tais interoceânicas parcerias não deixam de ser uma forma que Pedro arranjou de se aproximar de seu país natal. Fico feliz em fazer parte dessa seleta turma de eleitos do Aposta Mútua. Pode apostar!

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Ouça algumas das apostas de Pedro aqui.

Pedro também está no Caiubi.

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14 comentários:

  1. O jeito delel cantar, a visceralidade em tocar. Sei lá, posso estar muito enganado...mas esse cara tem algo que os outros não tem.
    Aqui no Brasil sumiram osgrandes interpretes masculinos , lembro João pinheiro, celso viafora, Cavalliere, Zé Alexandre, marinho san...na midia de massa mesmo hummmm nada se compara. Tudo que ele faz é preciso. Pedro Moreno sou seu fã

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  2. Oi Léo,
    Sempre muito bom ler seus textos, e quando fala de alguém como Pedro Moreno,você o faz com uma carga tão grande de positividade e carinho, que ,imediatamente passamos a amo-lo também,como se o conhecemos há anos.
    Obrigada por nos fazer conhecer o mundo através das suas 50ª edição!
    Ahhh o Pedro Moreno além de um músico maravilhoso é um homem muito bonito!
    Beijos
    Lucinda Prado

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  3. Grande Sonekka! O nº 1 do blog vindo deixar suas merecidas palavras sobre o 50º (não em escala de competição, claro). É verdade, Sonk, o mercado de vozes masculinas tem deixado a desejar. Espero que um sonho do Pedro se realize e que eu esteja presente pra ver: um dueto entre ele e Camalle. Já pensou? Afe!

    Abração do
    Léo.

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  4. Oi, Lucinda!

    O carinho de suas palavras dá forças ao carinho das minhas. Muito obrigado!
    Já sobre a beleza do Pedro, deixo pra quem entende do assunto. Hehe!

    Beijão do
    Léo.

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  5. Uma das coisas de que mais me orgulho é de ser amiga a parceira de Pedro Moreno, um coração que, na poesia e na canção, bate no mesmo ritmo do meu... Uma pessoa que, quando chega, traz a beleza e a alegria. Quando se vai, deixa em nós uma tremenda, mas doce saudade. Que sorte têm os espanhóis... Lucia Helena Corrêa

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  6. O Pedro realmente é uma unanimidade. E o melhor: é uma unanimidade inteligente! :)
    Assino embaixo de tudo que você escreveu: ele é realmente o que se pode chamar de um gentleman!
    Além de tudo, canta, toca violão e compõe que é uma beleza! Fico cada dia mais admirada do talento desse cara pra escrever!
    Parabéns pelo cinquentenário, Léo!
    Beijão!
    Danny.
    PS: Sim, Pedro é gatinho! :)

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  7. Olá, Léo, realmente esse cara canta e encanta! Que voz! Parabéns pela perfeição do texto.
    Jotaesse

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  8. Lucia, sua amizade e sua parceria (cumplicidade?) com Pedro é mavilhosa, pois vocês são ao mesmo tempo tão diferentes e tão complementares! De dar gosto!

    Beijos do
    Léo.

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  9. Oi, Danny! Muchas gracias! Podemos dizer que o "Ninguém me Conhece" é um cinquentão enxuto, né? Hehe!

    Agora... bonito, gatinho... Vocês estão me saindo umas adolescentes em auditório, hem? Hehe!

    Beijão do
    Léo.

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  10. Valeu, Jura... digo, Jota! Grato pela visita e pela audição!

    Grande abraço do
    Léo.

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  11. muito bom conhecer um pouquinho mais do Pedro...
    Um amigo virtual muito real!
    Parabéns pela divulgação do povo musical e poético!!

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  12. Obrigado, Irinéa! E também pela visita.

    Beijos do
    Léo.

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  13. Permita-me juntar-me ao coro dos que o felicitam, Léo, ainda que tarde e mesmo sem connhecê-lo, parabenizando-o pelo texto maravilhoso, assim como maravilhoso é seu motivo, nosso querido Pedro Moreno. Parabéns também pela versão e pelos versos... Abraços no peito e no pensamento.
    Gerson Ney França

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  14. Salve, Gerson!

    Agradeço pelas gentis palavras.

    Outro abraço no peito e no pensamento,
    Léo.

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