Arte: Aimée e Louise Cerpa |
É, não é fácil! Imagine então no caso dos poetas! Imaginaram? Pois é, nesse caso o afago é mais raro (e por isso mais importante) ainda, visto que grande parte destes não tem necessariamente costume de pisar num palco e expor sua arte em público. Recitar é arte das mais complexas, é muito mais difícil conseguir a atenção recitando que cantando. São muitos os detalhes que atrapalham a vida do poeta. Às vezes o camarada é até bom de palco, tem carisma, ganha o público antes do poema, mas aí, na hora do vamo' ver, a arte não está à altura da embalagem. Já em outros casos pode acontecer exatamente o oposto: aquela moça tímida, que não sabe usar o microfone (eu disse microfone!), não se faz ouvir, gagueja, mãos transpiram, de repente se tratava de um poema genial, mas a química não rolou, era como se ela estivesse falando grego.
Vlado por Carlos Savasini |
Realmente são outros tempos. Não à toa duas amigas minhas, não à toa poetas e lúcias, a maranhense Santos e a carioca Helena Corrêa, de vez em quando sobem nos tamancos e chamam a patuleia à razão. Afinal, ouvidos mal-educados merecem que lhes entrem tímpanos adentro poesia do baixo clero. No mais, nem só de psicodelismo vivem os saraus. Aproveito pra esclarecer um ponto importante: gente, sarau se escreve com "u" no final, portanto, seu plural é saraus. Facinho, só acrescentar o "s". Seria sarais se seu singular fosse saral, como sal/sais, capital/capitais, pardal/pardais. Se bem que há exceções, como mal/males, mas há males que vêm pra atrapalhar os maus. Momento didático patrocinado pel'O X do Poema.
A plateia - por Carlos Savasini (à direita, o ilustre Paulinho das Frases) |
Frequento o Sopa desde os primórdios lá na saudosa casinha da rua Caiubi, primeira sede do homônimo Caiubi. Da primeira vez que fui tomei um baita dum susto, pois parecia baladinha teen; quem tirasse um pé do chão sofria pra achar outro espacinho pra pô-lo de volta. A casa fervilhava, parecia um Carnaval fora de época. E ainda parece. E ainda fervilha. Falando nisso, acho que Vlado devia receber alguma homenagem por trazer a poesia à categoria de arte pop. É meio como se no programa do Chacrinha... Peraí, melhoremos a comparação, pois os mais novos não entenderão: é como se o Faustão, ou mais, o Ratinho, isso, se um dos dois apresentassem em seus programas... poesia! Eu diria que o Sopa de Letrinhas é uma espécie de babilônia poética. O endereço muda, mas a atmosfera permanece.
Léo dando sopa - momento de autopropaganda |
Por último preciso dizer que Vlado, apesar de não parecer, é um cara superprofissa, não o fosse seu sarau não estaria completando agora 11 anos! Um rapazinho em plena puberdade (o sarau, não Vlado), com a energia, os excessos e contradições próprios da idade, mas vigoroso e prometedor de muitos anos ainda de serviços a prestar a ela, a musa poesia, que, por sua vez, existe pra tratar de outras musas. Então, se você nunca foi ao Sopa, escolha seu melhor poema e vá lá colocar seu nome na lista e dar a cara a tapa. Talvez essa experiência de estar do outro lado dos holofotes o faça valorizar mais o que acontece ali naquele chão sagrado/profano. Pra terminar, só sinto saudade da pistolinha de água que Vlado aposentou. Na rua Caiubi, quem falava durante a apresentação de um poeta levava um tiro da tal pistola. Como frisei acima, "os tempos mudam e, com ele, o público". Hoje, se Vlado fosse utilizá-la, ia faltar água...
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Recado do Vlado:
Marquem aí na agenda: dia 27 de JULHO vai rolar a festa pelos 11 anos do Sopa De Letrinhas Sarau lá no Espaço Gam Yoga. Vai ter música, poesia, arraial, festa julina, barracas de comidas e bebidas, dança de quadrilha com poetada e um um forrozão pra gente soltar os bichos.
Data: 27/7/2013
Hora: das 19h30 às 2h
Local: Gam Yoga
End.: Rua Fradique Coutinho, 1.004 - Vila Madalena - São Paulo-SP
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Nossa, Léo, que bonita homenagem. Adorei.
ResponderExcluirValeu, Lia!
ExcluirAbraço,
Léo.
Legal, Léo; o Sopa é mesmo o máximo.
ResponderExcluirAbraços
Paulinho das frases
Valeu, Paulinho!
ExcluirAbração,
Léo.