quarta-feira, 27 de junho de 2012

Crônicas Classificadas: 22) Qual a importância dos CDs na atualidade?

Recebi hoje, via facebook, o depoimento emocionado de um amigo compositor, o grande Edu Franco. Embora não tenha concordado com tudo o que ele escreveu, achei pertinente postar aqui seu depoimento, no intuito de, pelo menos, gerar um debate. Afinal, todos nós que estamos envolvidos com o universo da música nos preocupamos com o futuro da canção e, consequentemente, do CD.

Há menos de um ano postei aqui outra discussão interessante, MPB de Q?, na realidade uma troca de ideias entre a cantora carioca Marianna Leporace e o multicultural Vlado Lima. O retorno foi expressivo (é, até hoje, a postagem mais acessada de meu blog), muitos comentaram, e percebi que, por menos que se faça, o diálogo é, ainda, na pior das hipóteses, saudável pra que arejemos nossas mentes e pensemos em novas estratégias pra canção em geral e, em particular, pra canção que fazemos.

Ah, antes é importante dar algumas informações acerca de Edu Franco. Porém, deixo-as com quem entende do riscado, Mauro Dias:  Quem acompanhou o Festival da TV Cultura, realizado em 2005, não terá esquecido da performática canção Seresteiro a Perigo, que provocou gargalhadas e fez pensar. Mas a música de Edu Franco é muito mais do que isso. Ele é um compositor elaborado, de sofisticada textura harmônica e melodias resolvidas com sabedoria e bom gosto. Além de ser dono de rara voz grave, profunda, envolvente. Vocês verão.

Antes, vocês lerão. Abaixo, o depoimento de Edu:

Alguma coisa muito estranha acontece nessa época dos CDs. Meus amigos reclamam que nunca gravei, eu também tenho vontade de ouvir minhas coisas arranjadas e bem gravadas, mas sei que é tudo mais para o próprio deleite. A questão não é mais não serem comerciais, não distribuir, não tocar em nenhum lugar, isso são problemas antigos. 

Há um tempo atrás ainda se conseguiam distribuir CDs independentes em lojas comerciais e não apenas livrarias, shows e pontos de cultura, hoje nem se pensa nisso. Os CDs são feitos para vender shows, vender em shows, são cartões de visita, e brindes que se dão aos amigos, tô mentindo? 

A questão é que me dei conta de que nem os amigos escutam; eu mesmo já tenho tantos CDs que ganhei de amigos e ainda não escutei, que é isso, né? Vou tirar essa semana para ouvir todos, é um absurdo isso, a vida é tão corrida para lugar nenhum que parece que não há tempo para nada, cada um mergulhado em sua luta particular, como parar e ouvir um CD inteiro, ter esse prazer?, coisas simples que vão perdendo seu lugar na vida.

Nunca fiz CD mesmo, fiz umas gravações caseiras para mandar para produtores e cantoras, mas quem disse que escutam?, a audição hoje em dia também virou um privilégio dos que têm sobrenomes e pedigrees; no mundo dos "não-nobres" os CDs são para os amigos mesmo, bom, que pelo menos os amigos escutem...

Vou fazer uma campanha: ei, amigos, vamos escutar os CDs dos amigos, vamos criar um ambiente de atenção, opinião, participação! Arte é uma coisa social, feita para os outros, até que ponto somos responsáveis por esse isolamento, essa falta de tudo? O que temos feito para mudar isso, ninguém se escuta, se encontra, se junta para nada, que solidão é essa, que tragédia é essa que cai sobre todos nós?

***

São muitas as indagações de Edu. Não tenho respostas pra todas, mas ele sabe que sempre fui favorável a que os parceiros e amigos lançassem seus CDs. E ainda sou. Não sei sinceramente quanto tempo de vida tem o CD, mas eu sei que continuo comprando. A verdade é que o CD hoje é superfaturado, se custasse R$ 10 ou R$ 15 certamente muito mais gente compraria.

Mas, no caso dos independentes, ainda é um material importante de divulgação. O próprio Edu em seu texto afirma que "os CDs são feitos para vender shows". Oras, e se fossem feitos só pra isso já não seriam de grande importância? E tem mais, quer os cantores queiram, quer não, a carreira de um artista independente ainda costuma ser contada a partir de seu primeiro disco.

Edu, da mesma forma que outros amigos, como Mauricio Lyra, acha que enviar gravações caseiras pra cantoras e produtores basta, mas não basta. Sou defensor da teimosia. Afinal, nossa história é contada pelo que fazemos. O próprio Edu fez história com sua Seresteiro a Perigo, como comentou acima Mauro Dias. Mas depois não deu continuidade a essa história. Claro, continuou compondo, mas não levou pro mundo essas canções.

Concordo que as pessoas têm se visto menos e que pra quem cria o convívio com iguais é importantíssimo, mas essa é uma questão que não tem a ver diretamente com a do CD. Concordo também que temos ouvido pouco os CDs que recebemos. Já temos ouvido pouco os CDs que compramos! Mas, não sei vocês, mas eu ainda compro. Às vezes demoro pra ouvir, mas ouço. Só tem uma coisa: se recebo (ou compro) um CD "oficial" e um caseiro, ouço por último o segundo.

Por falar nisso, Edu me presenteou com CDs com suas gravações caseiras. Ouvi, gostei da maioria das canções, mas me dava uma tristeza vê-las tão carecidas de melhor vestimenta... Acho que é por isso que amigos meus (e de Edu) continuam aí, na batalha, gravando belos CDs. E convido a que esses amigos venham aqui deixar suas impressões sobre as palavras de descrença de Edu. AdolarCamalle, Cavallieri e demais amigos e interessados, entrem, que a casa está aberta e a opinião de vocês é importante!

***

Não poderia terminar sem postar o vídeo da referida canção de Edu:


50 comentários:

  1. Estava justamente pensando nisso. No meu caso importância nenhuma. Eu e Josino lutamos tanto pelo nosso sumidouro.. mas como era de se esperar ...não foi compreendido... estão por aí em gavetas... esquecidos.
    Valeu pelos Shows.. pelas experiências gratificantes...Para mim marinheira de primeira viagem que sou. Somente os shows valeram a pena, para colocar Josino novamente em andamento artistico proporcionando trabalhos.

    *quem sabe no futuro tão.. tão distante... um arqueólogo o encontre... O Cd... E Josino seja afinal compreendido a la Van Gogh... que não precise perder a orelha.
    :)))

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    1. Anja, o que é ser compreendido? Um CD é apenas o primeiro passo dado em direção a um salto no abismo sem rede de proteção. E, também, não podemos dar uma opinião isenta se pensarmos no que aconteceu com o "nosso trabalho". Eu sou letrista, não gravo CDs, mas Kana, minha parceira/esposa, está finalizando seu quarto CD. Os dois primeiros venderam menos de 2.000 cópias cada um, o segundo, nem isso, mas foi responsável por termos conhecido Zeca Baleiro, que virou parceiro de Kana e lançou em seu novo CD uma parceria com ela, "O Amor Viajou". Parceria essa que está no novo CD de Kana em fase de finalização.

      Ou seja, plantamos muitas sementes por aí, algumas caíram em solo infértil, outras renderam bons frutos. Porém, se não tivéssemos saído mundo afora a semear, só nos teria restado a frustração de não termos dado a cara a tapa.

      Ah, e o fato de Zeca ter gravado a parceria com a Kana também não significará nada se ela não for à luta e continuar seu trabalho, pois ano que vem ele grava outro disco e isso terá virado passado. O que quero dizer é que só o trabalho incansável nos move a crer que algo é possível.

      Beijos,
      Léo.

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    2. Foi justo isso que falei ... o trabalho com Josino valeu pelos shows que fez, as pessoas que consquistou e os trabalhos novos ( e nada a ver com o nosso) que conseguiu... Por esses motivos me sinto um tanto realizada... Mas os cds que gravou,graças à um amigo piedoso que cedeu-lhe o estudio, foi realizado à custa de muito sangue, suor e privações, à mil distancias do lar... Precariamente, sem condições, sem qq incentivo... Estão empilhados em algum canto e não valeram nem como o famoso "cartão de visita", pois não foi possivel conseguir ajuda para torna-lo mais profissional e apresentável. O cd sempre é mais impessoal do que o show, onde o artista imprime sua marca, sua ânima. E apesar dos pesares a aventura do Sumidouro foi uma experiência incrivel e gratificante para mim. Talvez para ele tb.

      ***********

      O publico resiste ao desconhecido... uma voz diferente... um ritmo desconhecido. Fagner assustou na primeira vez que "apareceu" em um festival... "Coração Alaaaaaaaaaaaaaado"... pensei... Esganiçado assim será que vinga? Vingou! Mas deve ter ralado um bocado.

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    3. Anja, é verdade, "o público resiste ao desconhecido". Mas ninguém tem a fórmula. Sempre acho melhor tentar do que não tentar.

      Beijo,
      Léo.

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  2. Aliás curti o Seresteiro a perigo! :) Ele tem a razão... ninguem ouve ninguem :))

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  3. Nossa, como escrevi sem nenhuma pretensão, foi mais um desabafo mesmo, o português foi atropelado no meio da avenida. - Caracas, devia ter revisado, tudo errado, pontuação, concordância, uhu , devia ter metido a caneta Leo. Quando presto atenção eu cometo erros, imagina quando escrevo sem pensar muito rsrsrsrs, fudeu. Agora veja, não é descrença não, não disse que não se devam gravar CDs, eu só acho que os CDs independentes cumprem função diferente hoje, mas também acho fundamental. Não fiz por incompetência mesmo, de produzir a coisa, usar as leis, descolar patrocínio, uma série de coisas, de minha geração quem não nasceu em berço de ouro caiu pra o boteco, mas cada um tem sua hora, acho importante fazer e vou fazer. Só acho que os independentes cumprem uma função diferente dentro do contexto, o dinheiro se reverte mais em shows mesmo, mas o grande mercado também está se convertendo para essa tendência, os compositores têm medo porque nem todos fazem shows, nem todos são artistas performáticos.

    Agora, na verdade, a falta de tempo do dia a dia em que não conseguia ouvir os CDs é que me motivou a escrever isso, sei o quanto é difícil para meus amigos gravarem CDs e muitas vezes eu não escuto. O que é isso? Todo mundo muito isolado e envolvido com a própria vida, com a própria batalha, às vezes acaba não ouvindo nem o que o amigo mais próximo ta fazendo. Depois o isolamento, a vida pós-moderna já é assim separada, corrida, clicada, virtual, as pessoas acabam não se encontrando, não há muita comunicação, eu estranho isso, quando comecei a coisa não era assim. Nessa conjuntura, com um mercado muito escasso e ao mesmo tempo exigente, para quem não é do meio ou da classe média alta, é muito difícil bancar a vida com uma carreira independente, pagar aluguel e outras coisas e ter a estrutura para essas produções cada vez mais refinadas da era tecnológica.

    Por isso, acho que temos que romper o isolamento, arte precisa de ambiente, de motivação, de conflito, enfim, se na periferia eles fazem, a turma do hip hop, a gente, em vez de ficar sonhando com o produtor em sua carruagem de ouro, de ficar sonhando com o grande dia, se a gente, ao invés disso, se mobilizasse mais, se encontrasse mais, se prestigiasse e a partir daí criássemos nossa história, deixaríamos de ser um para ser um contexto, faríamos, a meu ver, um negócio melhor com a história do que o da roda da fortuna. A roda da fortuna gosta de quem tem fortuna, Há grandes zebras, aparecem verdadeiros heróis, exceções, mas a roleta gosta mais dos afortunados. A MPB virou um artigo de luxo para a burguesia do meio artístico, a maioria bem colocada é fruto do próprio meio, virou também um gênero fora de escala comercial de gravadora como foi no passado. Precisamos criar nosso contexto, além do que “É melhor ser alegre que ser triste” e “é impossível ser feliz sozinho”. Abraços, Edu Franco.

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    1. Eduzão, achei mais pertinente ainda seu comentário que o próprio texto. Com relação à falta de grana, há meios. Exemplo: Marcio Policastro está há três anos economizando pra gravar seu primeiro CD, e tá ficando duka!, sem dever nada aos dos grandes. Adolar também; Kléber sabe como ninguém usar a criatividade pra suprir a falta de grana; Élio idem; Cava idem; Camalle, então, nem se fala!; enfim, atualmente, quando a matéria-prima é boa e há bom senso, pode-se chegar a um resultado melhor do que o dos "grandes".

      Agora, que nosso meio é egoísta, isso é uma grande verdade. O fato é que um sempre acha que é melhor que o outro e não quer levar o outro junto pra não se queimar, daí se envolve com os que supostamente estão acima dele, pra ter algum status, e acaba se esquecendo das origens e do trampo visceral que fazia antes. Sem citar nomes, tenho amigos próximos que hoje estão na mídia que passaram por essa "lavagem cerebral", mas prefiro pular essa parte, porque ainda dói...

      Ah, sobre os possíveis erros de seu texto, dei uma revisada geral, mas, se quiser mudar algo, me avise que eu mudo.

      Abraços do
      Léo.

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  4. "...temos que romper o isolamento, arte precisa de ambiente, de motivação, de conflito, enfim, se na periferia eles fazem, a turma do hip hop, a gente, em vez de ficar sonhando com o produtor em sua carruagem de ouro, de ficar sonhando com o grande dia, se a gente, ao invés disso, se mobilizasse mais, se encontrasse mais, se prestigiasse e a partir daí criarmos nossa história, deixar de ser um para ser um contexto, faríamos, ao meu ver, um negócio melhor com a história do que o da roda da fortuna...Precisamos criar nosso contexto, além do que “É melhor ser alegre que ser triste” e “é impossível ser feliz sozinho”.Edu Franco
    É exatamente isto que a gente tenta fazer no Caiubi (e mesmo entre artistas indepententes a coisa é dificil) http://clubecaiubi.ning.com/profile/Anja31

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    1. "Mesmo entre artistas indepententes a coisa é dificil". A festa do Caiubi foi um exemplo disso, Anja...

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    2. Bah! Sobre a festa do caiubi? Tento me abster ...
      Dá um desânimo... um anticlimax... Foi um encontro fantástico e voltei em extase para casa... Só que dali dois dias a "ressaca caiubistica" atacou violentamente... Derrubando máscaras, revelando Egos, intolerâncias, "des-gentilezas" e o "diaboaquático"...
      Até eu que nem sou muito "Maria vai com as outras" compro briga empunho bandeira viajo nas pilhas que me poem mas... Como sempre fui sensata e pouco dada a favoritismos...Como a minha presença no caiubi é uma contribuição livre, expontânea e minha prioridade é o todo e o "meu todo" é a musica independente... Respirei fundo, contei a até mil, reponderei... E fui me enfiar nos meus poemas e divulgações de sempre.
      Enfim... Faz parte! Continuo caiuba e com mais força. Um dia "a coisa" acontece. :))

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    3. É, a coisa ali não é fácil...

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  5. Um belo questionamento do Du.

    Sim, a mídia principal mudou e o CD é agora coadjuvante.
    Mas continua necessário nesse grande xadrex do music business brasileiro e do mundial.

    Necessário pois é com ele que se consegue eventuais notas de imprensa (uma vez que vc consiga pagar ou entrar em acordo com alguma assessoria de imprensa) e é com as notas de imprensa - ao longo dos anos - que você alcança uma notoriedade qualquer.

    É com o CD também que as negociações com as rádios acontecem, pois sem o CD vc nem senta na mesa do diretor da emissora (entenda-se o divulgador de rádio contratado por vc, pois vc nem chega perto deles de qq jeito).

    Muitas rádios adotam o acordo promocional (vc da 10 iPods, 05 iPhones e 500 Cds para eles darem aos ouvintes em promoções e tais em troca da execução da sua música) e outras rádios em São Paulo tocam sem acordo promocional algum, mas pra isso vc tem que ter alcançado a tal da notoriedade acima mencionada. Você não pode ser um fator de risco (fator de risco em rádio é ser desinteressante ou desconhecido a ponto do ouvinte mudar de estação. Existe até uma tabela dos fatores de riscos inclusive).

    Fora isso, tem os shows no SESC e as leis de incentivo. Ambas não brincam sem um CD do artista.

    Mas tudo isso que mencionei é uma estratégia coadjuvante e antiga (porém necessária, como expliquei), pois para ser protagonista, vc precisa acontecer na mídia que é hoje protagonista:
    A internet.

    Se a sua canção ou suas músicas viralizarem, vc tocará no sesc, na rádio, na TV, em todas as outras mídias que hoje såo de apoio a essa vasta mídia online.

    Todos virão lhe procurar caso você acerte um videoclipe, uma canção, um viral na net.

    E se por acaso isso acontecer adivinha o que as pessoas vão querer comprar nos seus shows e nas lojas ?
    O seu CD. Vão baixar e piratear também, é claro, mas ainda sim vão comprar.
    Elas vão recorrer ao seu produto.
    Elas vão procurar no Google matérias sobre seus trabalhos.
    Elas vão entrar no seu site para isso.

    - Então você ta falando que eu tenho que gravar um CD, pra que eu possa talvez "acontecer" sem ele ?

    Sim, é exatamente isso que estou falando.
    Mas por favor, não matem o mensageiro :)

    Bjos gerais

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    1. É isso mesmo! Perfeito.
      Eu tenho cd's lançados somente na net. O Dedo de Moça é assim.

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    2. Roney, achei seu depoimento o mais lúcido até agora! Touché!

      Tatiana, lançar só na net já é uma realidade, e tem dado bons resultados. Wado fez isso com o último CD, me parece que a galera do mangue beat também... Mas enquanto você não perceber que aquela nossa parceria é sensacional e merece um registro melhor, nem que seja pra que alguém ouça, eu continuo de mal... Humpft!

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  6. Edu, coberto de razão. Eu também peno desse mal, não só não consigo nem ouvir os amigos, como na verdade mal escuto musica. A música comercial pra mim é ruim e tudo o mais virou uma cópia de réplica da tentativa alheia.
    Mas daí salta uma idéia, a gente podia criar um dia de "Vamos ouvir" em que pegamos CDs de amigos - e só vale amigos mesmo - e nos reunimos pra audição e bate papo em algum lugar.

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    1. Sonekka:

      Concordo com a segunda parte, discordo da primeira.

      E, ó, o Caiubi já tem uma mídia própria nas mãos!

      Por falar nisso, posta lá esse debate, pô! Tem um bando de gente lá que só vem aqui quando o BBS (Big Brother Sonekka), o Moisés virtual da vez, diz a eles: "meu povo, vai lá!".

      Abraço,
      Léo.

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    2. ahaha Ninguem me chamou. Eu vi por acaso esta mensagem no facebook. :))

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    3. Oi, Anja.

      No meio desse turbilhão de depoimentos, só hoje reparei nesse seu. Tá em tempo ainda? rsrs

      Queria só acrescentar que o espaço é livre e aberto a todos que queiram comentar. Assim, sua visita e seus comentários são sempre bem-vindos. Não é necessário convite.

      Beijos,
      Léo.

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  7. Perfeito Roney, concordo com tudo que falaste, mas veja como implica em investimentos paralelos além do CD, quer dizer, só o CD não adianta. O CD é parte de uma estratégia. Adorei a sua idéia também Soneca, falta isso, encontrar , ouvir, discutir.Como a anja falou aqui em cima, o Caiubi foi o único evento a quebrar esse isolamento, por isso até, algumas pessoas se apegaram à ele a unhas e dentes ou viram nele o receptáculo de uma carreira inexistente ou que não aconteceu.Não estou falando mal, pelo contrário, acho lindo esse palco aberto do Caiubi que abriga desde compositores profissionais, alguns premiados e reconhecidos até o cara que virou dentista para viver e fez apenas duas músicas, no Caiubi, de certa maneira, ele retoma um pouco seu sonho.

    O problema do Caiubi talvez tenha sido, até por conta disso, a dificuldade de dar retorno para quem é ou quer ser mais profissional, como sempre comentávamos na época do Vila e depois do Bagaça, as segundas são cheias e os shows individuais vazios.O mesmo problema do CD em outra instância, não ouvimos o CD e não vamos ao show do amigo também, quem não tem público não tem capital humano para marcar shows por aí.Os jovens filhos de artistas em idade universitária ainda devido ao rol de amizades da família mais a faculdade, mais o boca a boca lotam um espaço como o "Ao Vivo", o Tom Jazz, que se você marcar show e não lotar, não voltará nunca mais.O público é a alma da coisa, nunca conseguimos capitalizar o Caiubi como público, nunca entendi porque, algumas posturas e detalhes talvez tivessem alçado o Caiubi a outros patamares além do que já dispõe, talvez a mesma coisa que o soneca falou, faltou compromisso de prestigiar os shows para tornar os nomes, que tem consistência para fazer um show inteiro, artistas viáveis para shows, faltou mais divulgação por parte dos artistas mais conhecidos e com maior visibilidade que frequentam o Caiubi, pois os mesmos quando estão na mídia quase não divulgam o Caiubi.

    Ninguém vê esse caráter único e milagroso do Caiubi, o único reduto em que os "não afortunados" podem se expressar e quebrar o isolamento, isso é ótimo, mas o passo seguinte ficou esperando tanto que acabou sendo deixado de lado, não se converteu em público e nem algo que facilitasse o profissionalismo, coisa que os "filhos do meio" esbajam:shows bem feitos, bem iluminados, bem sonorizados, bem ensaiados e arranjados.
    Arte precisa de contexto e vivemos a época do cada um por si, as andorinhas se acostumaram a sonhar com a grande jogada que lhe trará o verão sonhado e não a voar em bandos, independente de quem goste ou não, a Maria Gadu esta consagrada na mídia e preocupada em formar o seu bando, coisa inteligente, a meu ver, muito mais inteligente do que essa postura solitária do cada um por si e foda-se o resto, ou do “ O que você tem para trocar ?”
    Grandes coisas aconteceram na MPB em ambientes propícios, tudo bem eram outras épocas, mas de qualquer maneira certas coisas não mudam. Alguns garotos em salas de apartamento ganharam o mundo com a bossa, outros em outro apartamento fizeram o tropicalismo, outros no clube da esquina viraram referências mumdiais, outros na rádio Fluminense ressuscitaram o rock and roll, outros na comunidade de Eliópolis deram voz a perfieria e aos que nada podiam frente a esse mercado luxuoso, os tempos mudaram, mas um contexto a favor ajuda e muito, não é mesmo, quem se lembra das "tais casas abertas" do Vinícius, dali chegou-se ao Carnegie Hall, ao Oscar, a Hollywood, a música é uma festa que não se faz sozinho a não ser que você já nasça com a festa feita, mas nem todo mundo é filho deles ou de Elis.Edu Franco

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    1. Edu, você tocou num ponto visceral em relação ao Caiubi. Este é, hoje, o maior movimento coletivo que conheço, mas virou uma marca que não está diretamente ligada a nenhum artista em particular. O Caiubi leva público pra seu show, mas nenhum dos caiubistas, separadamente, leva. Acho que o grande defeito do Caiubi, como movimento artístico, é o de não valorizar o individual. Senão vira um comunismo artístico, e todo artista é, digamos, capitalista. A Tropicália e a bossa nova, como você frisou, valorizava os indivíduos, o Caiubi só valoriza o todo. E o todo, sem as partes, não é NADA!

      Não acho que seja culpa dos caiubistas; acho que nós, caiubistas, não soubemos armar estratégias pra que essa realidade se invertesse... Ainda está em tempo.

      Abraço,
      Léo.

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    2. Leo, a verdade é antevi que depositando fichas em alguns a gente nao ia chegar nada e ainda espantariamos muitos, vc nao imagina como é dificil lidar com aquilo. Se o Caiubi consegue se realizar pelo encontro e parceria de alguns que seja, ja ta bem bom. Acredite.
      A discussao esta bem boa... A meu ver, se fosse mais facil, fariamos mais cds, mesmo panfletos, mas gastar, por menos q seja, 10 ou 15 paus e nao ver chance de retorno é muito desanimador.
      Umas 15 ou 20 pessoas ja gravaram coisas minhas e chegaram o mesmo lugar que eu: no Premio Zé Ninguem de Musica brasileira.
      Nós temos nas nossas mesas varios exemplos de gente que beliscou a midia e nada.

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    3. Sonk, com relação ao Caiubi, também não tenho o caminho das flores. Mas me chateia ver como é ignorado pela grande mídia. Por falar nela, acho que hoje devemos esperar bem pouco dela. Ela anda arisca até com os conhecidos. Pra você ter uma ideia, Zeca Baleiro não ganhou, com seu disco novo, nenhuma crítica na Folha de São Paulo. E olha que eles dão página inteira pra muito artista meia-boca...

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  8. Pois é Edu...

    O CD faz parte de um contexto enorme:
    - Assessoria de imprensa, divulgador de rádio, videoclipe, fotos, site, mídias socias, distribuição, shows, etc.
    Esse é o jogo e infelizmente pra jogar ele, a gente tem que estudar e entender suas regras. Precisamos nos tornar mestres samurais desse assunto.

    Quanto ao tópico do Caiubí, vc está correto:
    Não soubemos fazer isso virar uma turma de novos compositores tomando de assalto o mercado fonográfico brasileiro.

    E a razão disso é simples (o que sempre falei esses anos todos):
    A Tropicália ou a Bossa Nova ou os Novos Baianos eram grupos de fortes indivíduos.
    Gil, Caetano, Chico etc e antes deles Tom, Vinícios, Baden etc existiam sozinhos antes de pensar em existir em grupo.
    Eles lançavam long plays, estavam nos festivais, faziam shows e organizavam suas carreiras sozinhos. Caetano não precisava ligar pro Gil pra saber como é que se organizava um show ou pra saber se era importante gravar um disco.

    Se ninguém no Caiubí lança um CD e conduz sua carreira pensando em todos os items que citei acima, não haverá grupo que o faça.

    Sim, a Gadú está corretíssima em tentar criar sua turma (porém há de se esperar pra ver se a turma tem indivíduos talentosos e fortes o suficiente que saibam sustentar o jogo duro que é o music business).

    E no fim é isso...a física e matemática ganham:
    Indivíduos pouco ativos e conscientes não formam um grupo ativo e consciente.

    Bjos gerais

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    1. Roney:

      Estamos em sintonia. Escrevi em resposta ao Edu, acima, sem ler esse seu depoimento, mais ou menos ou menos o mesmo que você. Se os indivíduos que formam o todo não forem fosrtes, o todo também não será.

      Abraço,
      Léo.

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  9. Bem, meu pitaco terá um quê de 'pomo da discórdia'. Vamos lá: ninguém ouve os Cds de ninguém, né? Acho que todos aqui fomos ouvir ou já ouvimos a Gadú, all right? E também já demos uma sacadinha no Felipe Cato, na Luiza Possi, no Pedro Mariano, Jairzinho, Maria Rita e seu novo Cd de sambas. Esses últimos citados nem são artistas novíssimos, como o é a Gadú e mais ainda o Felipe, mas enfim, todos sabemos, ao menos ' an passant' o som de cada um, a música de trabalho. A fórmula é simples: eles 'aconteceram' na acepção a que nós mesmos aderimos e desejamos sempre: tocam nas rádios, Tvs, novelas, fazem shows, Sesc's (antes não faziam, mas os Sesc's os adotaram ultimamente, em detrimento de alguns de nós), aparecem nas revistas de bancas, tem sites cuidados por terceiros, tem empresário, produtor, assessor, etc.,etc., (porque é foda cuidar de tudo seu na Net, aderindo e ao mesmo tempo contestando meu querido Roney). É gente, eles aconteceram! E nós fomos ouvi-los! E nós, acontecemos? sim ou não? Depende do ponto de vista de cada um. Depende do que se quer pensar que é o sucesso na vida. Como bem o disse o Zé Rodrix uma vez na M-Música: - Sucesso é estar feliz cantando pra 10, 100, 1.000 ou um milhão! E ainda completou: - e eu já cantei pra esses todos, separadamente! O resto é dinheiro no bolso. Concordo totalmente com ele. Se o barato é se locupletar (rsrs) como disse FHC, o caminho é o de buscar a grana na música e não o som essencial. E não a satisfação do trabalho bem cumprido, o tesão de subir no palco e se emocionar mesmo.
    Ok, ok, estou sendo romântico, todos queremos grana, como disse o Zeca Baleiro, e fazer um bom som (ele que conseguiu a raridade de fazer um trabalho com conteúdo e levantar o seu tutu!).
    Mas, espere aí! E se eu, ou o Edu, ou o Roney, o Vlado, etc. 'acontecermos' e tocarmos em rádios, tvs, aparecermos na revista, etc., tivermos produtores, agendas cheias, etc., enfim... ninguém 'saberá' qual é o nosso som? Ninguém ouvirá os nossos Cds? Ou nós correremos para ouvir e 'descobrir' rapidamente o que não sabíamos e que estava, óbvio ululante, ao nosso lado a vida toda, o tempo todo, no Caiubi, nos shows vazios, na casa de cada um tomando umas e mostrando sons novos (olha aí, Leozito), em todo canto, debaixo de nossos narizes?? E até quem sabe, uns pensarão: porque não fui eu? O que ele tem que eu não tenho? Meu som é tão bom!!
    Bem, amigos, a classe é desunida, esse é um clichê-verdade dos mais antigos e o homem é egoísta, o mundo tá mudando, o tempo é sempre escasso, estamos sempre atrasados, endividados, etc.,etc., ou seja:
    A crise é outra. E é de ordem mundial.
    Eu só acredito num mundo, num planeta, que abrigue de novo a contemplação, que abandonamos há tempos em nome da objetividade de ' ganhar grana' , 'acontecer', ou coisa que o valha.
    Há uns 3 dias faleceu Dércio Rocha Marques, um mineiro que tem um trabalho musical maravilhoso, e ninguém conhece, não toca, não dá no jornal, ninguém comentou, nem o Léo em sua bela coluna Ninguém me Conhece etc.,... entenderam????
    Vou terminar, me desculpem a imensidão de palavras, com uma frase do Lennon, a qual postei em resposta ao artigo do Edu Franco, esse mesmo que o Léo copiou e sobre o qual estamos comentando agora:
    " A vida é aquilo que acontece enquanto você faz planos"
    Coincidência ou não, a frase tem o verbo 'acontece', palavrinha perseguida por muitos de nós!
    E eu acho, sinceramente, que muitos já aconteceram, pelo menos no meu conceito. Isso é de cada um!
    Esse aqui é um pitaco meu pra outro lado, mas é o que acho!
    Um beijo à todos
    Adolar

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    1. Dodô, touché!

      O ouvinte pensa o seguinte: se ouvi um cara "famoso", tipo, sei lá, Criolo, e não gostei... Hmmm... Talvez o defeito esteja EM MIM! Daí que ouço de novo... E de novo... E de novo... E não é que gostei? Agora, se ouço um Adolar Marin e não gosto, já era, não vou ouvir de novo, porque não é famoso, não ganhou prêmio, então, não é bom!

      Algo parecido acontece conosco, compositores, mas mais por querer entender o processo do "sucesso". Vou ouvir fulano porque ele chegou onde não cheguei, então posso aprender algo com ele que me seja proveitoso. Agora ouvir um cara que curto, mas que "não chegou lá", não vai me levar a lugar algum...

      Não é meio isso, Dodô? O ouvir deixou de se DESEJO pra se tornar também NEGÓCIO, no que se refere a artistas; e, no que se refere a público, STATUS.

      Abração,
      Léo.

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    2. 'Matou a pau', Léo! E nesse sentido você complementa meu raciocínio e damos, juntos, razão à postagem original do Dudu Franco (gostei disso, Edu!): seria bom ouvir o CD alheio, mas a fim de entender o trabalho, mais do que contestar, coisa comum no meio musical, principalmente aqui em Sampa. Acho que temos que procurar as coisas em comum, o que gostar no alheio, e não o contrário. É um caminho!

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  10. Dando o meu pitado por aqui. Acho que tudo continua como sempre foi. Lembro perfeitamente desse papo entre os amigos , que não tinham tempo pra ouvir um trabalho de um amigo ou um trabalho novo de alguém que não conhecia.
    Pois bem, acho importante até demais, uma pessoa que compõe ou que escreve, ou mesmo que possa pensar que pensa, rs, ter o seu trabalho impresso numa bolachinha,ou num livro , ou num muro de um lugar qualquer: ele é o seu cartão de visita.
    Acho que, mesmo que não tenhamos tempo, como costumeiramente falamos, devemos fazer um esforço e ouvir o que o outro tem a nos dizer, porque temos tempo pra tantas coisas banais e por que não transforma-los em momentos para a arte?
    Posso até demorar um pouco a ouvir, mas escuto atenciosamente a todos aqueles que me entregam um trabalho em mãos, as vezes nem opino, pois nem sempre vou ser entendida, mas digo, ouvi... Parabéns pela coragem...! Arquivos enviados pela internet ficam mais difíceis de ouvir, a não ser que estejamos trabalhando juntos, mas de um jeito ou de outro, a gente tenta ser solidário...
    Tenhamos então essa coragem dentro da gente, dessa forma a arte estará sempre viva. O dinheiro pode ser bem vindo de uma outra, forma. Sei que muitos sobrevivem dessa arte, mas não sejamos nós, compositores , os que levantem a bandeira contra nós mesmos, abandonando um bem tão precioso, um CD, pois estaríamos jogando fora toda a história que uma composição nos leva a faze-la e consequentemente estaríamos matando um pouquinho de nós mesmos. Abs a todos.

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    1. Você falou algo importante, Marta: se nós mesmos, compositores, cantoes etc., cairmos no defeito dos ouvintes de não ouvirmos, como podemos querer ser ouvidos?

      Abraço do
      Léo.

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  11. Ué Adolar,

    Nåo vi contestação da minha tese.
    Como havia dito no primiero post; se acertarmos a mão em um "hit" qq, todo o povo vai atrás pra ouvir o que se trata, comprar seu (s) CD(s) e descobrir seu trabalho, sua história.

    Quanto aos produtores, assessores etc que vc citou que ajudam o Felipe Cato (Universal) ou a Gadú (Som livre)...é verdade: a vida é mais fácil com eles.

    Mas não fazer o trampo (ou aprender o trampo) de cuidar (do nosso site, fotos, distribuição etc) porque seria bem melhor ter gente ajudando também não é o caminho.

    Hoje estou contratado - pela terceira vez na carreira - e sei que se eu não soubesse o que sei (sobre essas estratégias todas) eu não estaria assinado.

    O artista "resolvido" em todas as disciplinas que envolvem o mercado tende a ter mais chances dos que esperam uma ajuda externa.

    Bjão

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    1. Roney, falou tudo: "não fazer o trampo (ou aprender o trampo) de cuidar (do nosso site, fotos, distribuição etc) porque seria bem melhor ter gente ajudando também não é o caminho". Resumindo: tudo pode não dar em nada, mas só reclamar é a opção mais fácil (e que menos dá resultado).

      Beijos gerais,
      Léo.

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    2. Roney, não contestei não! Eu só citei que é 'foda' atualizar dia após dia o site, o Myspace, as redes virtuais, as postagens, os links novos e etc. Não no que diz respeito à importância disso. Sem dúvida, eu também, apesar de toda uma preguiça que bate cada vez que, solitariamente, nos sentamos em frente ao micro para atualizar a vida artística. Conheço um bluesman, artista aqui de Sampa, que pagou (ou ainda paga) mensalmente para uma garota, uma secretária, cuidar de sua vida virtual. Eu não tenho dúvidas em dizer: assim que puder, farei o mesmo, pois esse tempo todo me é muito mais útil para compor, tocar, gravar novos sons e etc., atividades mais voltadas, na real, para a música mesmo! Nesse sentido que disse que lhe contestei, na verdade nem é contestação! No todo, você tem razão da importância de estar conectado, porque assim, sem nenhuma dúvida, a possibilidade de contratação é maior, como aconteceu com você mesmo. Hoje em dia é muito mais difícil aquele artista do tipo 'estreloso', que não faz nada a não ser subir no palco, se dar bem. Até os norte-americanos vêm baixando ma bola. Que se cuidem os maõs-curtas! rsrs

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  12. Leozinho, meu querido, o Dudu, cuja qualidade é mesmo irretocável, tem total razão (e como escreve bem, o meu amigo Dudu!). Quando Milton Nascimento recomendou, na cantoria, que "todo artista tem de ir aonde o povo está", na verdade, fazia uma previsão: essa coisa de prensar CD já não atende mais à missão, desejo ou sei lá o que que nos move na direção que escolhemos... e que não vai dar (não necessariamente) na fama. Mas, afinal, o que queremos? Simplesmente ser ouvidos... Ora, para ser ouvido, não precisa prensar CD. Canta-se nos shows, próprios ou nas canjas servidas nos shows dos amigos, nas festinhas, na janela, no banheiro... Pode ser que, ao excluir a hipótese da fama, eu abastarde o sonho dos outros e o meu próprio. Mas economizo um puta sofrimento... Alias, Dudu tem razão. O sofrimento pode diminuir se houver menos vaidade e mais cumplicidade de nossa parte. Gostei muito da ideia de "criar um ambiente de atenção" uns com os outros. Jamais deixo de ouvir o CD de um amigo que me presenteia. Quando gosto, elogio; quando não gosto, me calo. Mas isso já é outra coisa... Abreijos gerais. Lucia Helena Corrêa, LHC

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  13. A respeito da demora na produção do meu CD, "Febril", já lá se vão dois anos, Leo! Mas há razões ainda maiores do que a falta de grana, querido. O CD vem sendo produzido graças à abnegação dos músicos, que gravam quando podem; do Estúdio Soulshine, que grava quando pode; e à minha disponibilidade, que gravo quando posso, lutando para ficar viva. Aliás, ficar viva é a minha grande prioridade... No começo, fiquei ansiosa, perdi o sono, chorei e briguei, sobretudo com o Bráu Mendonça, diretor musical do projeto; e o Othon Ribeiro, engenheiro de som do estúdio. Agora, relaxei... Quando ficar pronto, ficará. Mas já sei que, coforme diz o Dudu, o CD vai ser apenas um cartão de visitas. Há muito tempo, entendi que a minha canção vai ter de sair do CD e da toca e correr o mundo... "Todo artista tem de ir aonde o povo está". E ponto!Lucia Helena Corrêa, LHC

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    1. Lucia, até que se invente algo com o mesmo poder, o CD ainda vai continuar sendo o ponto de partida das carreiras, o exato momento em que o amadorismo dá lugar ao profissionalismo. E isso não sou eu quem diz, eu apenas constato.

      Beijão do
      Léo.

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  14. Há décadas,(sou do tempo do vinil) que a coisa funicona (ou não) dessa maneira, é muita ponta de faca pra pouco murro!!Já falaram tudo, só me resta dizer O EDU É BOM DEMAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  15. A falta de tempo pra ouvir tantos CDs vem menos do isolamento e mais da proliferação descontrolada de artistas, cantores, compositores. Se no mainstream a crítica foi substituída pelo release, no mercado independente não há uma coisa nem outra. Assim, movidas por vários tipos de "aiquelindismos", milhares de pessoas queridas, mas de talento duvidoso, entopem nossas gavetas com infindáveis edições de mais do mesmo, numa prova que a chatice não é um privilégio do hit parade oficial. Por outro lado, a fixação da obra num meio físico é imprescindível, nem que seja para a posteridade. Shows são experiências de vida, o CD e/ou o DVD são a consolidação do processo criativo. Completando: não gosto da ideia de que o artista tem que ir aonde o povo está, acho que todo relacionamento depende de condições equânimes, por isso a frase só estaria completa se tivesse o adendo "tanto quanto o povo tem que ir aonde o artista está". E pra terminar com uma citação, cito Zé Rodrix: querer não é poder!!!

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    1. ALemos, concordo que um bando de gente que devia estar fazendo outra coisa acaba inflacionando o mercado e tirando espaço nas prateleiras daqueles que realmente deviam estar lá. Mas no outro quesito, o artista tem que se movimentar também pra ser ouvido.

      Abraço do
      Léo.

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  16. O povo ... povão mesmo... público... só vai aonde a midia mandar! :))
    Sendo apenas uma poeta amadora e platéia, posso afirmar com este tempo de convivência no caiubi, que artista "desconhecido" não aplaude artista "desmidiático", a não ser por muita amizade... e olhe lá. Já vi acontecer show em que não compareceram nem os amigos do peito.

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    1. Anja, o público anda meio gado mesmo, pagando pra saber do que deve gostar. Agora com relação ao Caiubi, discordo um pouco. Lá a música boa ganha aplauso, sim. Com relação aos shows, a questão é mais complexa. Não é sempre que podemos ir aos shows dos amigos. Eu mesmo, que tenho muitos parceiros que vivem fazendo shows por aqui, acabo não tendo tempo (nem grana) pra ir a muitos deles... Artista não pode depender de amigo, tem que ter público.

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  17. Ainda não consegui discordar de nenhum dos comentários aqui expostos e isso me preocupa! Roney, sua visão clara do que ocorre no mercado ajuda muito a entendê-lo, nem que seja para rejeitá-lo (o mercado!). Adolar, sou seu fã confesso! É por isso que somos sapateiros, porque sabemos fazer sapatos! Alemos, irretocável! Não ouço tudo porque tá cheio de coisa ruim e meus ouvidos não são penicos! Escolho o que ouço como escolho parceiros, na intuição treinada! Léo, o Caiubí é só um momento (duradouro e bom!) de nossas vidas. O que quero lá, é desfrutar, não preparar meu futuro, embora isso sempre aconteça, a cada esquina que viramos. Meus parceiros, todos vocês, porque os encontrei fazendo o que sabiam, por acaso, no Caiubí. Edu, vai logo gravar seu álbum, porque você é bom! E isso é motivo o bastante! Sigamos fazendo nossa arte, nosso ofício, nossa vocação. Gozado, no Teatro, a 'Comédia Dell'arte' também era chamada de 'Comédia Dell'Ofício' e é considerada a primeira experiência de teatro profissional, precursora do que hoje são nossas novelas e Teatrões, coisa muito parecida com nosso meio musical profissional, em suas características mercadológicas, em suas crises etc. E se fazia com aplicação profissional, estudo e por amor. Também haveremos de achar nosso 'Renascimento'. Abs;

    Álvaro

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    1. É, Álvaro, vou ao Caiubi mais pelos amigos e parceiros, porque há uma preferência em valorizar os que vão sempre em detrimento dos que não podem estar lá toda semana. Isso é um fato que já percebi há tempos. A Kana, por exemplo, não foi convidada a participar de nenhuma festa de aniversário do Clube. Essas coisas acabam desgastando um pouco...

      Abração do
      Léo.

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  18. Sempre vivi de música, a música me sustenta em todos os sentidos: monetariamente e emocionalmente (e olha que eu tenho uns bons 30 anos de carreira).
    Considero o CD fundamental, para qualquer Artista.
    Conhecemos e reconhecemos todos esses percalços, mas fazer o que se com milhares de nós, a música nos escolheu? Portanto, não paro de cantar, de compor, de me envolver com o trabalho de compositores e Cantores. O dinheiro do meu sustento vem da minha voz na publicidade: jingles, locuções e criações. Artisticamente, o sustento é mais complicado. Acho o movimento do Caiubi, necessário, sempre há algum bom resultado. As redes sociais, a divulgação na web, tudo isso é fundamental. Quando lancei meu CD com Felipe Radicetti, o "Super Lisa", produção independente, trouxe para nossa Assessoria de Imprensa uma baita jornalista (Mônica Sinelli) que, conhecendo muito bem o meu trabalho e gostando dele, realizou uma divulgação que obteve sucesso. Ficamos muito satisfeitos, Eu e Felipe. Combinamos um preço possível e o resultado foi extremamente positivo. Claro que alguns jornalistas já me conheciam do CD gravado com a obra de Cristóvão Bastos e Aldir, isso abriu portas.(De novo a importância do CD)
    No momento, acabo de lançar um novo CD, esse, com o Bandolinista e Compositor Carioca: Afonso Machado. Dessa vez, tivemos o privilégio de ter a gravadora Rob Digital. Conseguimos isso, porque o dono da gravadora conhece nosso trabalho através de shows e CDs gravados por nós, anteriormente. A distribuição é importantíssima, contar com esse esquema é tudo de bom. Os jornalistas, em vários jornais importantes, receberam o CD e publicaram suas críticas. Através dessas críticas, conquistamos a possibilidade de casas maiores para shows. Ou seja, é preciso se envolver em projetos e parcerias o tempo inteiro. Não devemos estar sós, não dá nem pra começar. A solidão na música é necessária, claro, mas pro Palco? Pra Arte ser cultivada... precisamos uns dos outros, sem dúvida.
    Enfim, "se correr o bicho pega e, se ficar..." já sabemos. De modo que fico com as palavras sábias do Mestre Zé Rodrix, lembradas por meu querido Parceiro Adolar: "Sucesso é estar feliz cantando pra 10, 100, 1.000 ou um milhão!". Pode parecer romântico, mas... é assim que sinto a nossa Arte. Sou Cantadora, sem chance de parar. A prática intensa nos traz prazer, a gente desenvolve nosso estilo. E é essa dedicação que nos torna íntimos em poucos instantes. Pra mim, isso é sucesso. Dinheiro? Gosto e preciso! Com o tempo, desenvolvi um leque de possibilidades entre os profissionais que me reconhecem. Sempre tenho trabalho. Tudo isso é conquistado em breves encontros, porém intensos. Agora, fama... é outra coisa.
    Um beijo em meu Parceiro maravilhoso, grande Presente que essa vida de encontros me deu: Léo Nogueira. Através dele, ganhei outros Parceiros mais: Adolar Marin, Álvaro Cueva, Zé Edu, Elio Camalle, Lis Rodrigues e Lucia Santos. É por aí vou. Valeu!Bjs

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    1. Sempre lúcida, Clarisse, queridona! Saudade de parceirar contigo...

      Beijos do
      Léo.

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    2. Clarisse querida, um beijo, saudades de você. Outro dia estava mostrando o vídeo de seu show (tem no Vimeo) no Caiubi, a gente cantando Lagrimar, nossa "triceria" (Clarisse/Adolar/Léo), música da qual gosto muito!! Acho que vou te mandar uma letra!
      Sobre o assunto aqui, um pitaco a mais: ouvi de um velho amigo, muitíssimo bem sucedido, (é pianista na banda do Prince), quando falávamos que a música sempre tem ou teve crises, aqui no Brasil, nos EUA, Europa, ainda mais atualmente, com a Espanha, Irlanda, Portugal, Grécia, todos quebrados, além do Tio Sam em crise:- Adolar, o que somos? Advogados, engenheiros, padeiros, médicos, copeiros? Não, somos músicos, somos da música, não há dúvidas, não há outras vias, nem segunda nem terceira. Só se lamenta sem achar saída o que cara que NÃO é da música, pois a vê como um espaço unicamente de oportunidade, e só. Quando não vê mais nada, cai fora e vai 'tentar outra profissão'. Ouvi isso do cara que toca com o Prince!!!!!! Talvez alguém vá dizer: - É por isso mesmo, o cara 'tá com o burro na sombra'! Eu acho exatamente o contrário! O contrário! Portanto, continuemos a falar de nossa profissão, a discutí-la, a melhorá-la, pois aqui no Brasil, desde que comecei a tocar, me falavam que o mercado já havia sido melhor, primeiro nos anos 60, depois 70 (comecei nos 80). Porra, pensei eu, nasci pra música em tempo de crise! E fiz minha pequena história e a sigo fazendo (lanço meu novo CD, com o AM3 logo mais) dentro desse Brasil, o eterno país da crise, do futuro.
      E assim segue, e assim sigo!
      Portanto, fechando o pitaco, quem é da música continuará sendo e fazendo música, os outros todos passarão (eu, passarinho!! rs não aguentei!)Fechei com isso, meus amigos.
      P.S.: Um abraço especial pro meu querido parceiro Alvaro Cueva, um artista que admiro demais pela sensibilidade e talento! Quando o vi/ouvi, há uns bons anos atrás, dizendo o Soneto das Horas Sós no palco do Caiubi, fui em sua direção e soltei:- Esse é meu!! E assim foi! Uma hora a gente registra definitivamente, Alvinho!

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    3. Assino embaixo, Dodô!

      Abração do
      Léo.

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  19. Mercadologicamente o CD, como lastro, como bem disse o Roney, é essencial!
    Mas tem um outro aspecto que pouco se fala. O fato de você OUVIR...simplesmente ouvir por 1hora ou menos o trabalho artístico, assim como uma obra de arte, que é. Quando é.
    Pois se o pintor pinta quadros hoje em dia pra virar fotos de internet o músico não pode se contentar com o MP3 ou mesmo sua canção no parco som do youtube. Todo mundo acaba ouvindo desse jeito hoje mas quantos colocam um CD (wav!) para tocar num som descente e ouvem...

    Então, nesse sentido, nunca irá mudar...o SOM é sempre SOM e a música é sempre OUVIR e tem um conceito...e tem um TEMPO... a fonte? Só importa a qualidade sonora e artística. Pra isso mais do 60 min?
    Precisamos voltar a ouvir...estamos ficando surdos... e estudar música...claro!

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    1. Gente, o depoimento acima foi do Léo Costa, mas poderia ter sido meu, pois concordo plenamente. Kana está finalizando seu quarto CD e vemos o capricho dos envolvidos, desde músicos até técnicos de som, daí que é uma pena verdadeiramente que esse e outros discos sejam ouvidos tão precariamente...

      Abração do
      Léo (Nogueira).

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